O poder de uma pergunta aberta: grupo de estudos online (2018)

O que está acontecendo? Se olhamos para fora, encontramos um sofrimento incomensurável produzido por nós mesmos: pobreza e desigualdade social, degradação ambiental, radicalismo político, supremacia das corporações, consumismo e crescimentismo, violência e preconceito, conversas polarizadas, aumento dos casos de suicídio em vários lugares. Se olhamos para dentro, oscilamos entre extremos que não oferecem uma possibilidade de saída: depressão ou ansiedade, insegurança ou fé cega, entorpecimento ou hiperexcitação, isenção ou ataque, desistência ou expectativa, indiferença ou desespero.

Da perspectiva emocional, a origem mais sutil de todos os nossos problemas é o autointeresse — de pessoas, de empresas, de partidos políticos, de países. Da perspectiva cognitiva, sofremos de falta de sabedoria. Nós já lemos muita coisa, mas não temos uma experiência direta de como surgem pensamentos e emoções, não temos clareza do que causa alegria genuína e do que causa insatisfação, não sabemos o potencial de nossa mente e não entendemos direito a interdependência dos fenômenos. Acabamos fixados a visões restritas que não dão conta da realidade, identidades rígidas que nos frustram, bolhas que nos fazem colidir uns com os outros.

Por exemplo, para transformar o mundo e a nós mesmos, com qual visão estamos lidando com tantas crises? A visão do romantismo hedônico, que aposta na carreira, nos relacionamentos, nas viagens, no entretenimento, em experiências incríveis como fonte de felicidade? A visão niilista, que desistiu de qualquer transcendência e só quer saber de uma cervejinha ao fim do dia? A visão materialista, que reduz toda a experiência humana a instintos animais e química cerebral? A visão do fundamentalismo religioso, da espiritualidade nova era ou do empreendedorismo pessoal vendendo todo tipo de fantasia milagrosa? A visão desempoderadora das corporações, que nos reduz a produtores e consumidores? Uma mistura de todas? Não me refiro a qual visão dizemos ter, mas com qual visão realmente nos movemos, tomamos decisões, definimos prioridades, encaramos as situações.

Sem saber como digerir tanta complexidade, vamos nos encolhendo, perdendo a capacidade de se surpreender, até ficarmos cansados demais para considerar possibilidades inconcebíveis. Observe como até as mentes mais brilhantes estão parando de sonhar, comprando a solidez do mundo como ele se apresenta, restringindo a vida a um punhado de coisas — uma questão na terapia, uma pessoa interessante, uma tarefa no trabalho, uma mudança de carreira, mais um email para responder… e é isso.

Se estamos sofrendo de um fechamento de visão que nos deixa encurralados por um mundo sólido ao redor, precisamos encontrar jeitos de ver mais longe, ver mais perto e ver mais através.

Um livro perfeito para nos ajudar a ampliar a visão

No ano passado, fizemos um grupo de estudo e prática do livro Um coração sem medo, de Thupten Jinpa. Foram 12 encontros semanais com cerca de 300 pessoas de vários estados do Brasil e também de outros países. Agora vamos passar três meses explorando a outra face da compaixão: a visão de sabedoria além de extremos, bolhas e fixações. E experimentar práticas de investigação direta da mente, das relações e dos fenômenos em geral. Nosso livro de apoio será O poder de uma pergunta aberta, de Elizabeth Mattis-Namgyel.

Ele começa assim:

Como vivemos uma vida que não podemos segurar? Como lidamos com o fato de que no momento em que nascemos já estamos mais perto da morte; e que quando nos apaixonamos a tristeza já está garantida? Como ficamos em paz com o fato de que o ganho sempre termina em perda; e o encontro em separação?”

E segue cheio de perguntas que nos fazem abrir uma curiosidade radical para muito além das nossas teorias e reações habituais nos vários âmbitos da vida, de nossa relação com as emoções até nossa postura diante de professores espirituais. O livro inteiro é sobre a liberdade, a abertura e a espacialidade que surgem quando nos dispomos a olhar para aquilo que parece já definido.

Elizabeth Mattis-Namgyel está há 30 anos imersa em práticas de estabilidade, sabedoria e compaixão, sete deles em retiro fechado, sob orientação de Dzigar Kongtrul Rinpoche. Ela é um ótimo exemplo para nós: ocidental, mulher, escritora socialmente engajada, mãe… e uma ioguine das melhores, integrando prática contemplativa e ação desimpedida no mundo. Sua abordagem é apaixonante! Elizabeth parece ter seguido o conselho que recebeu de Mayum Tsewang Palden, mãe de Dzigar Kongtrul Rinpoche: “Você não precisa ser tibetana e você não precisa ser ocidental, apenas conheça a sua própria mente.”

A tradução é da querida Lia Beltrão, editora da revista Bodisatva. E agradeçam Vítor Barreto, editor da Lúcida Letra, pela publicação no Brasil.


Se for participar, adquira já o livro. Sugerimos que você compre dois, não só porque o frete é grátis nesse caso (em vez de pagar quase outro livro só pelo transporte), mas para dar de presente.

Aqui está a página de venda no site da Lúcida Letra →

Se preferir, aqui está o livro digital para Kindle →

Quer participar?

Como o estudo é online (em vídeo), pessoas de todos os lugares poderão participar! No ano passado tivemos cerca de 300 pessoas de várias regiões do Brasil e de outros países. Não é necessário participar ao vivo, pois tudo será gravado e segue disponível depois, mas se quiser: serão 12 encontros semanais, às quartas, das 19h30 às 21h30, de 4 de julho a 19 de setembro de 2018. Já começou, mas ainda dá tempo de assistir ao primeiro vídeo e seguir conosco!

Esse estudo será integrado às práticas e à comunidade do lugar. Apostamos em continuidade, não em ações isoladas e pontuais. No lugar já estudamos os livros Um coração sem medo, Sobre a arte de viver, Meditação em ação para crianças, Escassez — e depois desse seguiremos com outros estudos. Todos os vídeos dos estudos seguem disponíveis. Isso sem contar as práticas semanais, intensivos e também meditações guiadas.

Se você já participa do lugar, não há custo adicional, é só comprar o livro, colocar na agenda e fazer sua inscrição (o link está logo na página inicial dos participantes). Se participava, é só voltar.

Se deseja entrar no lugar para participar do grupo de estudos, veja como funciona: olugar.org

Para deixar o processo mais poderoso

Se quiser potencializar seu aprofundamento, sugerimos que você convide alguma pessoa próxima para o estudo. É só indicar essa página: olugar.org/aberta Além de ser mais fácil e natural ter alguém próximo imerso nas mesmas práticas e contemplações, imagine o impacto social de mais e mais pessoas manifestando a abertura sugerida por Elizabeth Mattis-Namgyel…

É realmente uma alegria ver esse livro sendo publicado e poder estudá-lo em grupo por 3 meses. Estão todos convidados!

Um abraço e até breve!