Áudio: se preferir apenas ouvir, aqui está o áudio para download ↓

Leitura: páginas 193 a 201. Principais focos: como apoiar alguém na hora da morte, luto, tonglen, soltar os apegos.

Referências

• Prática “Encontrar com o luto”, meditação guiada por Roshi Joan Halifax na voz de Jeanne Pilli. Foi uma das manhãs de silêncio mais tocantes que já tivemos, no dia 22 de maio de 2020, pois alguns dos participantes estavam, de fato, vivendo um luto.
• Livro Viver é morrer, de Dzongsar Khyentse Rinpoche (online e em português aqui).
• Apresentação que a Stela usou (para estudo pessoal, por favor não compartilhe!)
• A Stela nos disse também que recomenda esse podcast maravilhoso do Coemerência com a Gabriela Casellato sobre como lidar com o luto.

11 a 15 de novembro de 2024

Meditações guiadas da semana 23

Dissolver o sofrimento na consciência aberta

Na terça, com Gustavo, exploramos um jeito de meditar na consciência aberta compartilhando essa liberação com alguém que está em sofrimento, no processo do morrer ou alguém que já morreu. Inspirados primeiro pelas instruções de Lama Padma Samten e depois pelas instruções de Cortland Dahl, fizemos uma sessão de consciência aberta e outra mais breve de tonglen.

Tonglen para alguém querido falecido

Entre as várias práticas que Pema Chödrön oferece neste capítulo para ajudarmos os outros com a morte e o morrer, há uma que ela diz fazer para os seus pais, embora eles tenham partido há muito tempo: tonglen. Ela a descreve assim: “Primeiramente pense nela [a pessoa falecida] com muito amor. Depois, pense em qualquer desconforto, medo ou confusão que ela possa estar sentindo – qualquer coisa que a deixaria infeliz – e inspire isso com o desejo de que ela possa se libertar de tudo. Ao expirar, envie-lhe todo seu amor e carinho, além de tudo que possa deixá-la feliz ou lhe trazer alívio.”

Você pode ouvir a prática guiada por Lia ou escutar o encontro inteiro, que inclui a meditação da respiração gentil, a leitura de aspirações da Roshi Joan Halifax sobre abrir-se para o luto e o amor, a introdução à prática de tonglen e a prática em si, além das partilhas da comunidade

Soltar todos os apegos a esta vida

Na quinta, com Fábio, praticamos com a profunda aspiração composta por Dzigar Kongtrul Rinpoche, mencionada duas vezes pela Pema Chödrön no livro:

“Que eu possa, com tranquilidade e grande felicidade,
Soltar todos os apegos a esta vida
Como um filho ou uma filha voltando para casa.”

Ao final da sessão, lemos um pequeno trecho do Avadhuta Gita, escrito atribuído a Dattatreya, datado do século 9. O vídeo com leitura feito por Mooji está aqui. A tradução do inglês do texto completo feita por Swami Abhayananda está aqui.

Yin Yoga

Nesta prática, com Geovana, alongamos o corpo com atenção ao relaxamento. Uma boa preparação para a meditação. Para praticar é só ter um espaço onde você pode deitar confortavelmente, de preferencia no chão, e dar o play.

Práticas sugeridas para a vida cotidiana

Nos próximos dias, a qualquer momento, explore pelo menos uma das sugestões de Pema Chödrön nesse capítulo.

Caso alguém esteja morrendo ou tenha acabado de morrer, ou caso queira praticar com alguém querido que morreu há algum tempo, você pode imediatemente fazer um pouco de prática, do jeito que conseguir. Não tente ser perfeita. Apenas faça.

Veja esse relato lindo que a Stela recebeu da Patrícia Leme no dia seguinte ao encontro. Pedimos sua autorização para divulgar e ela alegremente topou.

Boa tarde querida Stela!

Como vc está? Ontem meu marido e eu assistimos sua aula “grudados na tela”, prestando muita atenção, baixamos o livro “Viver é morrer”. A aula foi maravilhosa!

Veio compartilhar como foi importante e a interconexão entre todos os seres.

Terminamos a aula e recebi a notícia de que meu tio tinha acabado de falecer.

Imediatamente fomos pro livro, direto nas partes “do que fazer/falar” quando a pessoa ja fez a passagem. Passamos horas recitando os mantras, meditando e “conversando” com o morto. Foi muito bom. Parece que até a família recebeu.

Acabei de chegar do velório e lá tbm mantivemos as instruções em mente.

Agradecemos muito por compartilhar seus conhecimentos com a gente, pelos demais queridos do O Lugar, pelos professores. Tem sido incrível ! 😊

—Patrícia Leme

Você pode também trabalhar desde já com seus apegos. Neste capítulo, Pema Chödrön recomenda que quando alguém morre, devemos tratar com respeito seus pertences. Para você diminuir a chance de se perturbar no bardo, ela também recomenda trabalhar seus apegos em vida: “Já comecei a trabalhar nos meus apegos às coisas para diminuir a chance de me perturbarem no bardo. Tenho uma lista das coisas que irão para pessoas determinadas, mas também estou tentando dá-las antes de morrer. Quando penso no quanto já fiquei irritada ao perder coisas triviais, como garrafas de água, percebo que quanto mais conseguir abrir mão antecipadamente, melhores serão minhas chances de ter sucesso ao atravessar os bardos.”

Arte de Fábio Rodrigues

Que eu possa, com tranquilidade e grande felicidade,

Soltar todos os apegos a esta vida

Como um filho ou uma filha voltando para casa.

“Sempre achei esses versos de Dzigar Kongtrul Rinpoche muito poderosos, especialmente a imagem do filho ou da filha voltando para casa num estado de tranquilidade e grande felicidade. Referem-se ao processo de morrer, ao período entre o momento em que sabemos que estamos indo e o último suspiro. Ensinei essa prece a muitas pessoas no final de suas vidas, inclusive a uma monja em Gampo Abbey, que a repetiu várias vezes enquanto morria. Eu posso muito bem fazer o mesmo.”

—Pema Chödrön em Como vivemos é Como Morremos

Essa tranquilidade, alívio, contentamento, liberdade, lucidez e grande felicidade é o que podemos aspirar para o momento de nossa inescapável morte, mas também para a nossa inescapável vida — a cura da fixação e das neuroses em nossa relação com os outros seres, a cultura e o mundo ao redor. Como explica Sensei Kaz Tanahashi: todos nós, jovens e velhos, estamos igualmente próximos tanto da vida como da morte. O momento de praticar é sempre agora.

Quer estimular os outros a praticar mais?

Seu relato é muito rico e pode estimular a prática das outras pessoas. As pessoas se beneficiam muito de nossas dúvidas, relatos, exemplos, situações, descobertas, angústias, confusões… Quando conseguimos praticar um pouco e principalmente quando não conseguimos! 😂

Você pode escrever algo curtinho ou mais longo, além de ler outros relatos a qualquer momento, aqui. Vamos seguir por semanas e meses em uma conversa contínua. Leva 5 minutos para escrever…