Amor romântico e amor genuíno: qual a diferença?
“O problema é que nós confundimos a ideia de amor com apego. Nós imaginamos que o apego (e o agarramento que temos em nossas relações) demonstram que amamos, quando na verdade, isso é só apego e nos causa dor. Porque quanto mais nos agarramos, mais temos medo de perder. E então se nós, de fato, perdermos, vamos sofrer. O apego diz: “Eu te amo, por isso eu quero que você me faça feliz”. E o amor genuíno diz: “Eu te amo, por isso quero que você seja feliz. Se isso me incluir, ótimo! Se não me incluir… Eu só quero a sua felicidade’. Portanto, é um sentimento bem diferente. O apego é como segurar com bastante força. Mas o amor genuíno é como segurar com muita gentileza, nutrindo, deixando que as coisas fluam. Não é prender com força. Quanto mais agarramos o outro com força, mais nós sofremos. É muito difícil para as pessoas entenderem isso, porque elas pensam que quanto mais elas se agarram a alguém, mais isso demonstra que elas se importam com o outro. Mas não é isso. Elas estão apenas tentando prender algo porque têm medo de que, se não for assim, elas vão acabar se ferindo. Qualquer tipo de relacionamento no qual imaginamos que poderemos ser preenchidos pelo outro será, certamente, muito complicado. Idealmente, as pessoas deveriam se unir já se sentindo preenchidas por si mesmas e ficarem juntas apenas para apreciar isso — em vez de esperar que o outro supra essa sensação de bem-estar que elas não têm sozinhas. Isso gera muitos problemas. E isso junto com toda a projeção que vem do romance, em que projetamos nossas ideias, ideais, desejos e fantasias românticas sobre o outro… Algo que ele nunca será capaz de corresponder. Assim que começamos a conhecê-lo, reconhecemos que o outro não é o príncipe encantado ou a Cinderela. É apenas uma pessoa comum, também lutando. E a menos que sejamos capazes de enxergá-la, de gostar dela, e de sentir desejo por ela ( e também ter bondade amorosa e compaixão), será um relacionamento muito difícil.”
Jetsunma Tenzin Palmo
Livros publicados no Brasil
O livro Reflexos em um lago na montanha: ensinamentos práticos de budismo foi publicado recentemente pela Lúcida Letra, nele Jetsunma Tenzin Palmo transcorre uma visão geral e diretamente experiencial do caminho budista em seus vários níveis e abordagens.
Também foram publicados os livros No coração da vida: sabedoria e compaixão para o cotidiano e A caverna na neve: a jornada de Tenzin Palmo rumo à iluminação, sua biografia.
Tão dura, tão doce…
Jetsunma Tenzin Palmo é uma mulher poderosa! Nasceu na Inglaterra e foi para a Índia com 20 anos, virou aluna de Khamtrul Rinpoche, viveu 12 anos em retiro numa caverna no Himalaia, tornou-se a segunda mulher ocidental ordenada no budismo tibetano (escola Drukpa Kagyu) e fundou um monastério de monjas, onde é a responsável hoje em dia, além de oferecer palestras e retiros pelo mundo todo. Com uma linguagem simples e um foco na vida cotidiana, sem discursos eruditos, ela é uma grande professora, recomendada por Sua Santidade o Dalai Lama e Alan Wallace.
Conseguimos entrevistá-la durante sua primeira visita ao Brasil, em um hotel próximo ao aeroporto de Guarulhos, em meio a uma agenda bem apertada de ensinamentos: Nova Deli, Londres, Recife e depois Cidade do México. Seus 71 anos não são suficientes para reduzir sua energia. Nunca vi uma mulher tão doce e tão dura, tão cortante e tão acolhedora ao mesmo tempo — antes de conhecê-la, eu achava que eram qualidades opostas.
Mais vídeos com Jetsunma Tenzin Palmo
Veja também as outras partes dessa entrevista: “O que aprendi no coração da vida” e “Sexismo, preconceito e desumanização”.
Para transformar nossas relações
Toda semana nos encontramos em uma comunidade online (com pessoas de todo canto do Brasil e do mundo) para quem deseja transformar as relações. Os participantes se juntam para experimentar uma prática por semana, conversar em vídeo, relatar no fórum, estudar em grupo… Se quiser participar: olugar.org