O mundo poderia ser diferente (2022)

Bem-vindas ao nosso estudo anual! Essa página é constantemente atualizada. As gravações dos encontros principais ficarão disponíveis sempre no dia seguinte, a partir das 14h, e as gravações das manhãs de silêncio subimos quase sempre no mesmo dia. Sugerimos que a deixe como favorita e também memorize o endereço para voltar facilmente: olugar.org/diferente2022
Índice clicável
Semana 1 – Imaginação
Semana 2 – Imaginação e o caminho do bodisatva
Semana 3 – Generosidade
Semana 4 – Lama Emersom Karma Kontchog
Semana 5 – Generosidade (com Stela Santin)
Semana 6 – Conduta ética
Semana 7 – Conduta ética (com Stela Santin)
Semana 8 – Recuperando a Alegria, com Tenzin Chogkyi
Semana 9 – Paciência
Semana 10 – Paciência
Semana 11 – Alegre empenho
Semana 12 – Alegre empenho 2
Semana 13 – Roshi Norman Fischer
Semana 14 – Meditação
Semana 15 – Roshi Joan Halifax
Semana 16 – Meditação 2
Semana 17 – Compreensão (com Stela Santin)
Semana 18 – Compreensão 2
Próxima semana: Encerramento do estudo + Celebração de fim de ano da comunidade!
Carta de Roshi Norman Fischer para nós
Agenda dos próximos encontros ao vivo
Manhãs de silêncio
Pensamento Profundo, Ação Eficaz
Conversa contínua sobre o estudo
Ainda não tem o livro?
Semana 1 – Imaginação
Leitura: páginas 12 a 21. Principais focos: visão materialista; em tempos de sofrimentos absurdos, precisamos de uma atitude ainda mais absurda; apreciação da interdependência do livro e motivação para o estudo; o poder da imaginação. Se preferir apenas ouvir, aqui está o áudio para download ↓
Referências mencionadas no encontro
- Quem é Norman Fischer? Já leu esse texto da Lia Beltrão?
- Filme Feliz Natal (indicação da Stela, da Kamilla e da Marise) e música “Pipes of Peace”, do Paul McCartney, sobre a trégua de 1914. A Aline mencionou também que essa história é contada no livro Humanidade, de Rutger Bregman.
- Livro Além da religião, de Sua Santidade o Dalai Lama (indicação da Flori)
- Livro O inimigo (indicação da Camila no chat)
- Livro A invenção dos direitos humanos: Uma história, de Lynn Hunt (indicação da Bárbara no chat)
- “Um Modelo Heurístico de Compaixão Enativa”, de Joan Halifax (indicação da Alessandra)
- Livro A mente incorporada, de Francisco Varela, Evan Thompson e Eleanor Rosch
- A Laura criou uma playlist com músicas imaginativas e sobre imaginação (você pode adicionar outras músicas também): Ouvir playlist / Adicionar músicas
- Palestra do Roshi Norman Fischer no Google
- Sobre Robert Desnos
- Pesquisa sobre o poder da imaginação: “Reaching out with the imagination”
“O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê. É preciso transver o mundo.”
Manoel de Barros
Duas artes da Silvia Guimarães na semana 1




Práticas e contemplações para sua vida cotidiana
Escolha apenas uma ou duas e experimente misturar essas contemplações com o desenrolar de sua vida:
1) Como o poder da imaginação está sendo usado em nossa sociedade? O que estamos sonhando? O que achamos ser possível para nós e para o mundo? Quais histórias e referenciais definem, para cada um de nós e para as pessoas ao nosso redor, o que é ser humano e o que é viver? Admiramos histórias de grandes bodisatvas ou as biografias de pessoas como Bill Gates e Jeff Bezos? Faça qualquer pergunta nessa direção que ressoe em você e contemple como estamos usando o poder da imaginação.
Você pode também perceber como o nosso mundo é imaginado. Tanto a nossa vida mais imediata (nossa autoimagem, nossa casa, nossas relações…) quanto instituições inteiras (empresas, prisões, leis…). Tente ver algum exemplo próximo no qual fique evidente para você como vivemos em mundos imaginados. Quanto mais isso ficar claro, mais sentiremos que é possível mudar o mundo!
2) Reveja esse vídeo curtinho do Roshi Norman Fischer e fique com essa pergunta provocativa. E se for verdade que temos uma vida espiritual? E se for verdade que somos bodisatvas? E se formos mais do que pensamos ser? E se formos budas? E se a visão materialista nos capturou e nos achatou sem percebermos? E se o caminho do bodisatva for uma aventura muito maior do que imaginamos ser possível para nós nessa vida? E se todo o nosso sofrimento for autoimposto e desnecessário — e se estivermos sofrendo de bobeira? Se isso for verdade, o que estamos fazendo para revelar, desfrutar, praticar e agir a partir de nossa natureza maravilhosa?
3) Para refletir sobre como a atitude do bodisatva é como um clarão em meio a um mundo de ignorância, releia a história que abre o livro, do Robert Desnos — com atenção especial para as palavras escolhidas pelo Roshi Norman Fischer — e compare a atitude de Desnos com os versos 5 e 25 de Shantideva no capítulo 1 de O Caminho do Bodisatva:
Do mesmo modo que, em meio às nuvens escuras da noite,
Shantideva, O Caminho do Bodisatva, capítulo 1. O verso 5 está na tradução do Lama Emersom Karma Kontchog e o verso 25 na tradução da Makara com base na tradução do grupo Padmakara.
um relâmpago por um instante torna tudo claramente visível,
pelo poder dos budas, em circunstâncias raras,
intenções meritórias às vezes surgem no mundo.
Esse propósito de beneficiar os seres,
Um benefício que outros não desejam nem mesmo para si próprios,
Esse estado de mente, tão precioso e nobre,
Surge como um verdadeiro assombro, nunca antes visto.
Experimente perceber como a compaixão e a sabedoria podem surgir do nada — repentinamente, absurdamente, como uma extravagância ultrajante — a partir da liberdade imaginativa de nossa mente e de nosso coração, interrompendo padrões encadeados de reatividade e sofrimento. Reflita sobre como essa atitude é rara e deveríamos fazer de tudo para não perdê-la e expandi-la ainda mais. Você pode também ficar com esse olho e apreciar sempre que encontrar pequenos clarões na ação de qualquer ser ao seu redor ou em qualquer notícia.
Manhãs de silêncio da semana 1
Repouso, motivação e contemplação — Começamos com uma prática de repouso, geramos intenção e depois fizemos uma contemplação a partir da leitura de O mundo poderia ser diferente e O caminho do bodisatva, de Shantideva. Sugerimos duas edições dessa obra clássica: O Caminho do Bodisatva (edição da Makara, a tradução mais conhecida) e Engajamento na Ação Bodisatva (tradução do Lama Emersom Karma Kontchog, que é a primeira feita diretamente do tibetano para o português, com versão digital gratuita).
Semana 2 – Imaginação e o caminho do bodisatva
Leitura: páginas 21 a 38. Principais focos: bodhicitta relativa de aspiração (as quatro incomensuráveis: amor, compaixão, alegria e equanimidade) e bodhicitta relativa de engajamento, ação ou aplicação (as seis perfeições: generosidade, conduta ética, paciência, alegre empenho, meditação e sabedoria); instruções para praticarmos e incorporarmos o que estamos estudando em nossa vida. Se preferir apenas ouvir, aqui está o áudio para download ↓
Referências mencionadas no encontro
- Prática do altar e aspirações das seis perfeições, de Sua Eminência Mindrolling Jetsün Khandro Rinpoche (cujo perfil, aliás, está no livro O poder das dakinis) — arquivo para uso pessoal, por favor não repasse e muito menos publique na internet pois essa tradução da Jeanne não é oficial. Aqui está o ensinamento completo para quem tem interesse em montar um altar budista.
- Citações de Lama Alan Wallace sobre amor e compaixão
- Graham Greene, em The Power and the Glory: “O ódio é apenas uma falha da imaginação.”
- Sobre as quatro incomensuráveis, que constituem a fundação da bodhicitta, a Jeanne Pilli deu uma palestra linda recentemente para a Tibet House Brasil (obrigado pela indicação no chat, Larissa!)
- Sobre a frase “Como dizemos no Zen, a compaixão é como pegar o travesseiro no meio da noite” e sobre toda a seção “O entendimento do bodisatva, de si mesmo e dos outros: compaixão”, recomendamos muito a leitura do ensinamento de Roshi Joan Halifax que estudamos no ciclo “Mãos e olhos”, em 2020, comentando um koan Zen exatamente sobre isso — aqui há um vídeo e a transcrição em um livreto em PDF.
- Sobre os quatro voto dos bodisatvas citados na página 29, no estudo do ano passado, Fábio Rodrigues conduziu algumas manhãs de silêncio sobre o seu profundo significado (busque por “quatro grandes votos” aqui).
- Ensinamentos de Geshe Phende sobre paciência, traduzidos pela Jeanne
- Livro The Heart is Noble, de Sua Santidade o 17º Karmapa
- Se quiser ouvir um pouco do Erik Pema Kunsang com tradução da Jeanne Pilli, foi publicada a abertura do Bodhi Training
Arte de Silvia Guimarães na semana 2
“Pra mim uma das práticas mais bonitas e fortes do Budismo é a aspiração, o desejo auspicioso. Foi a primeira prática que me encantou, provavelmente por seu aspecto sem limites, pela possibilidade da inclusão de todos os seres sem exceção nos sonhos mais ousados que a gente conseguir ter. Essa imagem é um desejo (ou dois) inspirado em aspirações que a Jeanne sussurrou no nosso ouvido como uma prática possível pra gente como a gente, que ainda tem que botar o pé no rasinho pra ver se água tá muito fria, mas que pode olhar pra cima e ver nossos ideais pulsando brilhantes e claros, nos lembrando das nossas escolhas o tempo inteiro.” —Silvia Guimarães
Quer usar essa imagem no fundo de tela do seu celular? Baixe aqui!

Práticas e contemplações para sua vida cotidiana
1) Aproveite cada interação para cultivar uma sensação de proximidade, parentesco, amizade, conexão e bem-querer com os outros seres. Seguindo o exemplo de Sua Santidade o Dalai Lama, ao encontrar alguém pela primeira vez, pense que essa é uma amiga das vidas passadas ou, se preferir, é uma futura amiga. Ao ver um inseto, ao passar pelo caixa do mercado, ao contemplar pessoas na rua ou em alguma notícia, ao conviver com todo mundo, observe como aquele ser, assim como você, deseja ser feliz, não quer sofrer, tem um corpo, tem sonhos e frustrações, tem hábitos de todos os tipos… Você não precisa realmente se aproximar, apenas superar o engano de achar que o ser não é da sua família. Gere compaixão diante do sofrimento, amor diante do potencial, alegria empática com as riquezas e equanimidade ao fazer isso mais e mais, sem distinções ou exceções. Do mesmo modo, ao olhar para você mesmo sentindo qualquer emoção ou passando por qualquer situação, use sua experiência como ponte para se conectar com todos os seres: “É assim também que os outros sentem raiva, é assim também que os outros sofrem…” Em resumo, troque “eu” e “você” o máximo que puder: veja os outros em você e veja você nos outros. As práticas para cultivar as seis perfeições serão muito difíceis se não tivermos uma sensação de proximidade com mais e mais seres. Para se inspirar, releia as seções “Imaginação é sentir pelo outro” e “O entendimento do bodisatva, de si mesmo e dos outros: compaixão”.
2) Ao encontrar qualquer forma de negatividade em você ou nos outros, gere uma aspiração de compaixão (o desejo de que aquilo cesse) e amor (o desejo de que qualidades positivas floresçam). A Jeanne nos sugeriu essa prática simples que é ensinada detalhadamente por Erik Pema Kunsang no Bodhi Training. Há muita negatividade no mundo, então esse é um método para gerar um coração constantemente tocado, imaginativo e cheio de intenções altruístas. Todas essas micro aspirações vão te levar para mais e mais perto do voto do bodisatva, que é a maior aspiração que podemos fazer. Por exemplo, ao perceber que você ou outra pessoa agiu de modo mesquinho ou fechado, você pode desejar: “Que surjam mais momentos de abertura e generosidade em mim e nos outros!”. O mesmo pode ser feito quando você encontrar ignorância, ódio, irritação, desânimo, preguiça, má vontade, egoísmo, apego, ganância, competição, inveja, ciúme, desigualdade, injustiça… Não é necessário sentar em meditação, bastam alguns poucos segundos com essa aspiração em mente. Pode ser o tempo de uma respiração. Com essa atitude, todas as dificuldades vão alimentar, apoiar e aprofundar a sua prática.
3) Fique curiosa em relação a como você poderia começar a ritualizar, repetir, lembrar a si mesmo de alguma prática que você considera essencial para o seu florescimento e para o bem-estar dos outros. Talvez você queira experimentar recitar em voz alta algum verso de Shantideva todos os dias ou montar um altar ou até mesmo colocar um lembrete na parede. Ao fazer isso, talvez você gere interesse em aprender como grandes bodisatvas estruturaram suas sabedorias de modo que fosse possível repetir e relembrar – e quais são suas sugestões de cultivo diário para pessoas ocupadas e confusas como nós. Desse modo, você terá a confiança de usar lembretes criativos junto com a humildade de se abrir para as instruções tradicionais. Esse processo qualquer um pode fazer e ele não tem fim! Gere a intenção de praticar cada vez mais e descubra, momento a momento, como fazer isso pra valer. Praticar é o maior ato de bondade que você pode fazer por si mesmo.
Se quiser compartilhar um pouco de sua experiência com qualquer dessas explorações, vamos adorar. É só escrever aqui e não precisa ser nada longo!
Manhãs de silêncio da semana 2
Somos maiores do que parecemos — Começamos com uma prática de repouso aberto e depois conversamos sobre como expandir a nossa sensação de “minha vida” e partir de uma frase essencial do Roshi Norman na página 32. Depois lemos alguns versos do primeiro capítulo de O Caminho do Bodisatva, de Shantideva, fizemos uma breve contemplação e no fim terminamos com as aspirações de Jetsun Khandro Rinpoche sobre as seis perfeições que estão na prática do altar que a Jeanne faz e mencionou ontem. No finzinho, rolou um relato lindo da Juliana Kurokawa!
“Cada um de nós deve se levar menos a sério como a pessoa que pensamos ser e se levar mais a sério como o bodisatva que certamente também somos.”
“We each have to take ourselves less seriously as the person we think we are and more seriously as the bodhisattva we also surely are.”
Norman Fischer (página 32, com tradução revisada a partir do original em inglês)
As quatro perguntas (com Daniel Cunha) — Embalados pelos encontros do capítulo sobre imaginação e informados pelas seis perfeições, fizemos uma prática de bondade amorosa para si mesmo, na abordagem do professor Alan Wallace, também conhecida como a “prática das quatro perguntas”, que nos impele a refletir sobre nossa visão mais profunda de felicidade. Para nos inspirar, voltamos à citação acima, de Roshi Norman Fischer, sobre como podemos nos imaginar como bodisatvas.
Semana 3 – Generosidade
Leitura: páginas 40 a 54 (até o fim de “Destemor”). Principais focos: resumo do estudo até aqui; a essência da generosidade; citações clássicas, histórias e exemplos de generosidade (Seu Antônio, Shunryu Suzuki…); três tipos de generosidade; relato maravilhoso da querida Antonella no último minuto do encontro! Se preferir apenas ouvir, aqui está o áudio para download ↓
Referências mencionadas no encontro
- História do senhor Antônio (passamos o vídeo que está no fim da página) — observe como ele foi embora antes de poder presenciar sua oferenda virar 12 mil reais e depois dedica seu feito, em vez de se orgulhar e tomar para si, dizendo simplesmente: “Foi por Deus!”
- Citações e notas sobre generosidade (apenas para seu estudo pessoal, por favor não publique e não repasse esse link pois algumas traduções não são oficiais)
- Livro To shine one corner of the world: moments with Shunryu Suzuki (inteiro aqui)
- Vídeo de Mingyur Rinpoche sobre a essência da generosidade (ative a legenda)
- Ven. Robina Courtin sobre sua relação com o dinheiro
- Jetsunma Tenzin Palmo sobre generosidade
- Roshi Joan Halifax sobre generosidade (em inglês)
- “Cafezinho não se paga”, texto de Gustavo Gitti sobre a lógica da generosidade
Manhãs de silêncio da semana 3
Como se abrir? Meditação como prática de generosidade e riqueza — Nessa manhã de silêncio exploramos linha a linha as instruções de Roshi Norman Fischer na seção “Como se abrir” (e também as duas primeiras práticas na almofada que ele descreve no fim do capítulo). Fizemos brevemente também a prática da dedicação e vimos suas instruções para o cotidiano. Se estiver sem tempo, dê play no primeiro áudio, que é apenas a prática guiada, bem curtinha.
“Na verdade, a prática da meditação é a melhor maneira que conheço de cultivar a atitude expansiva da generosidade. […] Quando pratica a perfeição da generosidade na meditação, você se abre, seu medo e ansiedade se suavizam e se dissolvem, e você se senta no meio da grande dádiva da vida ilimitada e imaginativa. […] Deixe-se relaxar e foque sua atenção não tanto em seus pensamentos, sentimentos ou sensações, mas no espaço ao redor deles. A mente ou a própria consciência é ampla, sem fronteiras. […] Normalmente você está focado nos sentimentos e pensamentos. Agora, mude seu foco um pouco. Deixe pensamentos e sentimentos deslizarem para o pano de fundo e permita que a espacialidade apareça. Aquietar-se e prestar atenção ao corpo e à respiração vai absorver a ansiedade flutuante que geralmente está na sua mente sem que você perceba. Isso permite que você relaxe e se solte nessa generosa espacialidade. Sente-se no meio dela. Você pode dizer a si mesmo: “Isso é a vida: corpo, respiração, consciência. Eu a compartilho com todos e tudo. Ela me sustenta e me protege.”
Roshi Norman Fischer (páginas 45 e 46 com a tradução levemente revisada)
Arte da Silvia Guimarães

Como bônus de sua contemplação sobre generosidade, Silvia desenhou também a prenda do Seu Antônio que virou muito mais do que R$ 12.000,00:

Práticas e contemplações para sua vida cotidiana
1) Você pode experimentar a prática “Presentear uma pessoa desconhecida” — para se animar, há um vídeo lindo sobre ela da Julia Tolezano (Jout Jout) no fim da página dessa prática.
2) A qualquer momento, você pode se perguntar “O que posso oferecer agora?” ou “O que posso compartilhar nesse momento?” Ou, se preferir, se perguntar “O que estou agarrando?” Para se inspirar, releia o começo do trecho “Como se abrir?”, sobre perceber os efeitos de sua atitude — seja de fechamento ou de abertura — no corpo.
3) Releia as seções sobre os três tipos de generosidade (de “Agindo generosamente” até “Destemor”, pois dois deles nós não tivemos tempo de ler durante o encontro) e faça ainda mais perguntas a partir das perguntas do Roshi Norman Fischer. Contemple, mastigue, fique com essas perguntas e contradições ao fazer o seu melhor para explorar a prática de se abrir e parar de agarrar. Seja curiosa e criativa, pois a generosidade pode se manifestar de infinitas maneiras em você, nos outros e na vida. Para estimular suas perguntas, essa palestra do Peter Singer no TED é muito boa: como oferecer de modo mais efetivo, inteligente e benéfico?
4) A Lia Beltrão deixou um convite para mapearmos ações generosas, como parte de nossa preparação para agirmos mais coletivamente. Veja aqui como fazer!
Vamos explorar mais práticas sobre generosidade nas próximas duas semanas, mas você já pode experimentar algumas que Roshi Norman Fischer sugere no fim do capítulo, como se presentear, oferecer um sorriso, dedicar suas práticas mais intensamente, secar bancadas de banheiros públicos, doar dinheiro para algum projeto contra a fome ou o que mais surgir como possibilidade para você!
Semana 4 – Lama Emersom Karma Kontchog
Principais focos: o que é bodhicitta, o que é o voto do bodisatva, quem foi Shantideva e a relação do caminho do bodisatva com movimentos de ativismo social e ambiental. Se preferir apenas ouvir, aqui está o áudio para download ↓
Referências mencionadas no encontro
- Aos sábados, das 10h às 11h30, o Lama Kontchog conduz uma prática de meditação no Buda da Compaixão pelo Zoom. Para saber mais →
- Newsletter Circular, do Lama Konchog — sobre emergência ambiental, valores humanos, espiritualidade, budismo etc. Você pode se inscrever aqui
- Posfácio do livro Engajamento na Ação Bodisatva
- Livro “Engajamento na Ação Bodisatva” traduzido pelo Lama Kontchog, na versão digital gratuita ou impressa
- Texto ‘Espectro de aliança’: A estratégia de mobilização a ser usada nas eleições
- Centro Budista Palpung Lekpun Nang, coordenado pelo Lama Konchog e com orientação de Tai Situ Rinpoche, com atividades online
- Projeto Ativar — Compaixão e equilíbrio como ferramentas de mudança
- XR Regenerar (Extinction Rebellion) — movimento internacional descentralizado e sem afiliação político-partidária que usa ação direta não-violenta, para pressionar os governos a responder de forma justa à emergência climática e ecológica
- Conto “A Aproximação a Al-Mu’ tasim“, de Jorge Luis Borges
- Série Sandman, da Netflix
Manhãs de silêncio da semana 4
Tonglen (meditação guiada pelo Lama Emersom Karma Kontchog) — Exploramos a prática pela qual cultivamos a atitude básica dos bodisatvas: tonglen (que, em tibetano, significa dar e receber, às vezes traduzido também como enviar e tomar). Depois o Lama Emersom respondeu algumas perguntas da comunidade sobre pontos importantes da prática.
O mundo como um presente — Na manhã de silêncio de terça, com Gustavo Gitti, praticamos bastante com o livro. Primeiro, geramos a motivação a partir de palavras do Roshi Norman Fischer, depois exploramos a meditação como prática da generosidade e depois fizemos uma contemplação sobre como é impossível possuir algo e como, sem tanto apego, o mundo inteiro surge como um presente.
Trocar de lugar com o outro e dar-e-receber (tonglen) — Fizemos uma prática compaixão a partir da instrução de Roshi Joan Halifax: “Embora, para a maioria de nós, geralmente nós mesmos sejamos o foco da nossa atenção, agora concentramos nossa atenção e nosso amor no outro. Para essa parte da prática de trocar nosso autocentramento pelos outros, traga à sua mente alguém que está sofrendo. Imagine que você é essa pessoa, que vive sua vida e precisa enfrentar suas dificuldades. Imagine o sofrimento dela como fumaça escura e inspire essa fumaça. Ao expirar, envie todas as suas boas qualidades para essa pessoa. Depois de algum tempo fazendo essa prática, retorne ao seu vasto coração e permita-se repousar em uma presença sem condicionamentos. Encerre a prática dedicando o mérito ao bem-estar dos outros. Essa prática é uma maneira poderosa de cultivar amor e respeito pelos outros.” O texto “Equalizing and Exchanging Self and Others” de S.S o Dalai Lama e Ven. Thubten Chodron está aqui.
Arte de Silvia Guimarães


Semana 5 – Generosidade
Leitura: páginas 54 a 70. Principais focos: como praticar a generosidade, o mundo como oferenda, exemplos de não-fixação, outro relato lindo da querida Antonella no final do encontro. Se preferir apenas ouvir, aqui está o áudio para download ↓
Referências mencionadas no encontro
- Curso CEB com Stela Santin
- Texto “Qual a raiz mais profunda da crise mundial?“, de Matthieu Ricard
- Livro A essência do budismo, de Traleg Kyabgon
- Livro O poder de uma pergunta aberta, de Elizabeth Mattis Namgyel
- Livro As Quatro Nobres Verdades e o Caminho para a Liberação, de Chögyan Trungpa Rinpoche
- Autobiografia de Dilgo Khyentse, Brilliant Moon
- Filme Merry Christmas (2005)
- Cartas dos soldados que participaram da trégua de 1914. E também um livro com as cartas.
Manhãs de silêncio da semana 5
Trocando a si mesmo pelo outro — Em uma só sentada, fizemos as três primeiras práticas na almofada sugeridas por Roshi Norman Fischer no fim do capítulo sobre generosidade. São 4 minutos de contexto, 24 minutos de prática e 10 minutos de relatos maravilhosos!
A alegria do voto do bodisatva — Lemos a segunda parte do capítulo 3 de Engajamento na Ação Bodisatva (O Caminho do Bodisatva), de Shantideva, contemplando o que acontece quando geramos boditchita, como viramos amigos de todos os seres e por que nossa vida inteira ganha sentido.
Meditação como ponte para conexão com todos os seres — Geramos motivação a partir da leitura de um trecho maravilhoso no qual Roshi Norman explica como a intimidade com a nossa mente nos abre para nos conectarmos com todos os seres. E depois fizemos uma exploração da primeira parte do capítulo 3 de Engajamento na Ação Bodisatva (Caminho do Bodisatva), de Shantideva, sobre o voto do bodisatva.
Dogen sobre a perfeição da generosidade — Com condução de Fábio Rodrigues, iniciamos nesta semana a leitura comentada do texto Os quatro métodos de orientação do bodisatva (菩提薩埵四攝法 Bodaisatta shishōhō), de Eihei Dogen, explorando o trecho sobre o primeiro método, dar. O documento de estudo, com tradução para o português e outras traduções em inglês, está aqui.
Arte de Silvia Guimarães


Semana 6 – Conduta ética
Leitura: páginas 72 a 86. Principais focos: a relação entre conduta ética e a prática da meditação, os fundamentos da conduta ética, 3 reações básicas quando nos voltamos para a ética, os 16 preceitos do bodisatva descritos no budismo Zen para a prática da perfeição da conduta ética. Se preferir apenas ouvir, aqui está o áudio para download ↓
Referências mencionadas no encontro
- 3 reações básicas quando nos aprofundamos na ética, tradução livre de um trecho do livro “The Road Home” de Ethan Nichtern
- Conduta sexual responsável, tradução livre de um trecho do livro “The Road Home” de Ethan Nichtern
- Fala de Renato Freitas sobre “proceder” (Mesmo uma noção de justiça mais ampla ainda tem limitações. O certo e o errado precisam sempre ser relativizados e incutidos de sabedoria)
- Dzongsar Khyentse Rinpoche sobre conduta ética, na Revista Bodisatva
“Se a sabedoria, a compaixão e a moralidade saíssem juntas para dar uma volta de carro, a sabedoria seria a motorista, a compaixão sentaria ao seu lado no banco da frente, e a moralidade iria no banco de trás, ou até mesmo no bagageiro.”
Dzongsar Khyentse Rinpoche
Manhã de silêncio da semana 6
Você se sente bem ao fazer ações negativas? Seguimos as instruções de Roshi Norman Fischer em uma contemplação bem curtinha para explorar a relação entre meditação e conduta ética.
Mente Grande — Começamos a semana aprofundando a qualidade de espaço, sugerida por Roshi Norman Fischer, com uma instrução de Roshi Shunryu Suzuki no clássico Mente zen, mente de principiante. Aqui está o texto que usamos para a prática.
Arte de Sophia Buaiz

Semana 7 – Conduta ética
Leitura: páginas 87 a 100. Principais focos: arrependimento, culpa e perdão; fusão cognitiva, julgamento e discernimento; carma, vidas passadas e o voto do bodisatva; vacuidade da conduta ética. Se preferir apenas ouvir, aqui está o áudio para download ↓
Referências mencionadas no encontro
- Apresentação criada pela Stela (para estudo pessoal, por favor não repasse ou publique)
- Entrevista com Fleet Maul
- “Nossa história de estupro e reconciliação” (Thordis Eva e Tom Stranger)
- Encontro entre Eric Lomax e Nagase Takashi (documentário sobre o caso)
- Sobre Agnes Furey e Leonard Scovens, livro Flores Selvagens – uma Jornada Restaurativa Em Busca da Cura (aqui em inglês) e o breve relato de Leonard no documentário Human
- Sobre o Nobre Caminho de Oito Passos, no livro A Roda da Vida como Caminho para Lucidez, do Lama Padma Samten, o capítulo 3 é sobre o Nobre Caminho de Oito Passos. Esse livro e autor são referências importantes no tema.
- Pedido de desculpas do Papa Francisco
- Phakchok Rinpoche sobre como perdoar é esquecer
Manhãs de silêncio da semana 7
Meditação do perdão — Praticamos com as instruções de Roshi Norman Fischer no fim do capítulo sobre a perfeição da conduta ética.
Meditação dos cincos elementos (com Lia Beltrão) — Nessa prática restauradora, reconhecemos em nós as qualidades de terra, água, fogo, ar e espaço.
Dogen sobre a perfeição da conduta ética — Com condução de Fábio Rodrigues, seguimos a leitura comentada do texto Os quatro métodos de orientação do bodisatva (菩提薩埵四攝法 Bodaisatta shishōhō), de Eihei Dogen, explorando o trecho sobre o segundo método: a fala bondosa. O documento de estudo, com tradução para o português e outras traduções em inglês, está aqui.
Práticas e contemplações para sua vida cotidiana
1) Ao contemplar as ações negativas que são causadas por aflições mentais e ignorância, em você e nos outros, permita-se relaxar a culpa e o julgamento e perdoar a si mesmo, os outros e o mundo inteiro por ser como é. Observe o alívio que vem de soltar o rancor, o ressentimento e a amargura, e a energia que surge quando refazemos o voto de trabalhar com as aflições mentais e com a ignorância em nós mesmos.
2) Assim que tiver a oportunidade e fizer uma ação negativa, explore o processo de se arrepender, pedir desculpas e agir para reparar o dano de algum modo, incluindo o comprometimento de não mais fazer aquela ação. Veja como é possível se arrepender sem precisar cair em culpa, autodepreciação, julgamento e todo tipo de conclusão paralisante sobre si mesmo.
3) Contemple o carma, a interdependência de causas e condições, sempre gerando efeitos e resultados. Isso significa que tudo o que você faz importa e que seu futuro está completamente aberto. Se quiser, contemple também a hipótese de vidas futuras e a relação com o voto do bodisatva. Essa palestra do Robert Thurman sobre ética pode ser uma boa provocação…
Leia as práticas sugeridas por Roshi Norman Fischer no fim do capítulo sobre conduta ética e veja qual deseja explorar nos próximos dias…
Arte de Sophia Buaiz

Semana 8 – Recuperando a Alegria, com Tenzin Chogkyi
Principais focos: leveza, aceitação e alegria em vez de autodepreciação no caminho; o descanso como uma prática de recuperar a energia e se tornar inútil para o capitalismo; “Para recuperar a nossa alegria, precisamos soltar a perfeição e abraçar a nossa humanidade”; como a alegria evita que a compaixão derrape para o desespero; como praticar entusiasmo, maravilhamento, gratidão e alegria empática; a revolução será pela alegria e podemos ser um exemplo para os outros. Se preferir apenas ouvir, aqui está o áudio para download ↓
“Nós podemos ser um exemplo revolucionário de alegria. Ter a coragem de trazer a alegria empática para equilibrar a nossa compaixão e não deixá-la cair em desespero e burnout.”
Tenzin Chogkyi
Referências mencionadas no encontro
- The Nap Ministry (O Ministério da Soneca)
- Estrofes 31, 63 e 66 do capítulo 7 de O Caminho do Bodisatva, de Shantideva
“Como você será inútil para o capitalismo hoje?”
Bronte Velez
Manhãs de silêncio da semana 8
Descansar no estado natural e se tornar inútil para o capitalismo — A partir das falas de Tricia Hersey (fundadora do The Nap Ministry) e de Bronte Velez, fizemos uma prática de apenas repousar, sem tentar ser outra pessoa, sem tentar gerenciar ou controlar nossa experiência. No fim, conversamos sobre como fazer amizade conosco mesmo em vez de tomar as emoções, os pensamentos, as situações e os outros como chefes (seguindo) ou inimigas (lutando contra).
Apreciação, gratidão e alegria empática — Fizemos uma breve prática e depois conversamos sobre essa prática tão fácil e tão transformadora.
Abertura (com Lia Beltrão) – Nas palavras da Lama Willa Baker “a abertura é alegre”. Nesta prática, adentramos com suavidade a experiência da abertura no corpo e na mente, explorando a partir do olhar elevado, o exercício dessa postura de receptividade radical, e as qualidades de coragem e alegria que a acompanham.
Apreciando aqueles que não conhecemos (com Daniel Cunha) – Inspirados por um conselho de Tenzin Chogkyi sobre como lidar com a crítica excessiva, fizemos a prática guiada por Cortland Dahl no programa Healthy Minds para expandir nossa capacidade de apreciação.
Arte de Sophia Buaiz

Semana 9 – Paciência
Principais focos: saha, citações clássicas sobre a essência da paciência, ficar com nossas dificuldades, com os problemas nos ajudam a praticar mais, como transformar sofrimento pessoal em conexão com os outros, raiva como combustível de transformação social. Se preferir apenas ouvir, aqui está o áudio para download ↓
“Os bodisatvas reconhecem o sentimento do sofrimento e o expandem. Eles sabem que a dor do desrespeito não é só deles, é uma dor humana básica. Eles refletem da seguinte forma: “A dor que estou sentindo agora é a mesma dor que outros sentem quando são desrespeitados. Não há dúvida que agora, assim como eu estou sentindo essa dor, milhares ou mesmo milhões de outros também estão sentindo. Essa dor não é minha. Ela pertence a todos nós. Ser uma pessoa acarreta essa dor. Enquanto eu a sinto e sofro, eu sinto e sofro em solidariedade e em simpatia com os outros”. Quando coloco essas reflexões em prática, transformo meu sofrimento pessoal em conexão e amor.”
Roshi Norman Fischer
Referências
- Imperdível: ensinamentos de Geshe Phende sobre o capítulo de paciência de O Caminho do Bodisatva, de Shantideva, com tradução da Jeanne Pilli e organização da Tibet House Brasil – inscreva-se!
- Citações e referências sobre paciência (somente para estudo pessoal, por favor não repasse ou publique)
- Sobre o nosso mundo Sahā: Wikipedia, Wiktionary e Rangjung Yeshe Wiki
- “Lutando com não-violência”, palestra de Scilla Elworthy (no fim ela recomenda esse livro de Gene Sharp, que descreve muitos métodos de ação não-violenta)
- “The answer to anger and agression is patience”, da Pema Chödrön (esse texto é maravilhoso e não foi traduzido, então se quiser traduzir é só depois enviar por favor para coordenacao@olugar.org)
- Livro Patience: A Guide to Shantideva’s Sixth Chapter, de Lama Zopa Rinpoche
Manhãs de silêncio da semana 9
Ficar com o desconforto e transformá-lo em conexão com os outros — Fizemos as duas primeiras práticas na almofada que Roshi Norman Fischer recomenda no fim do capítulo sobre a perfeição da paciência.
Não temos problemas com as pessoas (Praticando com Shantideva) — Depois fizemos uma breve contemplação a partir da leitura da página 110 e também dos versos de Shantideva mencionados por Roshi Norman Fischer.
Acolher as emoções e tonglen para si mesmo com instruções de Roshi Norman Fischer — Com Daniel Cunha, fizemos uma prática de acolher nossas emoções (Tsoknyi Rinpoche a chama de “handshake”) e depois fizemos tonglen conosco mesmos, usando as instruções clássicas que Roshi Norman Fischer deixa no livro.
Contemplação para a vida cotidiana
1) Leia a seção “O que é a raiva?” e experimente investigar a raiva em primeira pessoa, no seu corpo e na sua mente, assim que ela surgir em suas variadas formas: frustração, decepção, desconforto, aborrecimento, raiva, irritação, rancor, mágoa, resistência…
2) Depois de apenas olhar para a raiva por algumas vezes, experimente seguir os cinco passos sugeridos por Roshi Norman Fischer na seção “Praticando com a raiva”:
- Pense [estude, reflite] sobre a raiva
- Apenas perceba [quando ela surgir]
- Diga a você mesmo: “Isto é raiva. É assim que ela me faz sentir. É assim mesmo.”
- Depois que o momento de raiva tiver passado, tire um tempo para investigá-lo.
- Pratique o nono preceito do bodisatva: Faço o voto de praticar amor e não guardar rancor, amargor, má vontade.
Arte de Sophia Buaiz

Semana 10 – Paciência
Principais focos: como lidar com conflito, exemplos de pacificação, paciência com a realidade das coisas e nossa condição humana. Se preferir apenas ouvir, aqui está o áudio para download ↓
“A mágica do conflito é reconhecer que há um ponto de conexão e mesmo amor no coração do que é mais doloroso. Porque nos importamos tão profundamente uns com os outros – mesmo que não estejamos muito em contato com esse cuidado –, somos capazes de magoar uns aos outros. Uma vez que sabemos disso, podemos procurar dentro de nós pela dor e vulnerabilidade. Está lá em algum lugar – embaixo da raiva, do ser defensivo ou da agressão. Se nós pudermos nos permitir sentir a mágoa, a tristeza, o medo e o desapontamento, eventualmente vamos encontrar o amor – aquele lugar dentro de nós que contém os sentimentos humanos básicos que todos sentimos uns pelos outros.”
Roshi Norman Fischer
Referências
- Scilla Elworthy e suas práticas de transformação de conflito que estão no livro The Mighty Heart – How to transform conflict (“O coração poderoso – como transformar conflito”). Lia traduziu uma dessas práticas e deixou na página do Pensamento Profundo, Ação Eficaz. Para quem lê inglês é possível comprar o livro com contribuição livre. Scilla também oferece um curso online.
- Liana Netto é psicóloga e pesquisadora com ênfase na área de estresse pós-traumático e impulsividade. Ela é professora do método Experiência Somática e nesse vídeo fala sobre violência vs. agressividade e o limite como sendo o lugar do encontro.
- Souliman Khatib é um ativista da não-violência palestino e co-fundador da organização Combatents for Peace (Combatentes da Paz), um movimento bi-nacional de ex-combatentes da luta armada palestina e do exército israelense voltado para o fim do conflito e da ocupação israelense. O documentário Disturbing the Peace (Perturbando a paz) conta a história da organização. Em uma palestra no Mind&Life Institute, Souli falou sobre práticas tribais palestinas de reconciliação e como o encontro de “corações” pode acontecer (veja aqui).
Manhãs de silêncio da semana 10
Nossa consciência já é paciência! — Nessa prática de repouso sem esforço, apreciamos como nossa consciência mais simples incrivelmente já é generosidade, conduta ética e paciência, kshanti paramita.
Paciência com a natureza das coisas — Como base em instruções de Mingyur Rinpoche e depois contemplando versos de Shantideva no capítulo sobre paciência, fizemos duas práticas para nos abrirmos para a natureza impermanente e interdependente da realidade.
Experimentar a microssensação da história (com Lia Beltrão) – Uma das sugestões de prática do Roshi Norman para nós neste capítulo é lembrar de um evento em que alguém tenha lhe magoado com uma palavra ou olhar e “sentar-se calmamente enquanto as sensações vão e vem, sem ser reativo”. Foi isso que praticamos nesta sessão: convocamos uma história e, pacientemente, sentamos com as microssensações que ela ativou em nós.
Dogen sobre a perfeição da paciência — Com condução de Fábio Rodrigues, seguimos a leitura comentada do texto Os quatro métodos de orientação do bodisatva (菩提薩埵四攝法 Bodaisatta shishōhō), de Eihei Dogen, explorando o trecho sobre o terceiro método: a ação benéfica. O documento de estudo, com tradução para o português e outras traduções em inglês, está aqui. Para quem deseja aprofuncar um pouquinho mais sobre as quatro formas de ação benéfica, sugerimos este ensinamento maravilhoso do Lama Padma Samten.
Prática para a vida cotidiana
Em meio a qualquer tipo de perturbação ou conflito, escolha uma das práticas que estão no fim do capítulo e experimente.
Você pode abrir suas descobertas e obstáculos aqui no fórum — e podemos seguir conversando.
Arte de Sophia Buaiz

Semana 11 – Alegre empenho
Principais focos: a essência do alegre empenho, de onde vem nossa energia, visão binocular, autodepreciação, vida humana preciosa, alegre empenho é a vida fluindo, 3 tipos de preguiça, alimentação e jeitos de modular a energia. Se preferir apenas ouvir, aqui está o áudio para download ↓
Referências
- Algumas citações (apenas para estudo pessoal, por favor, não publique e nem repasse)
- Vídeo da Erundina sobre a conexão entre energia e sonho altruísta (dependendo de como você interpreta, ela num certo sentido está também falando de bodhicitta, do voto do bodisatva)
- Palestra de Angela Lee Duckworth no TED (dica dos instrutores do Tergar): “Determinação – O poder da paixão e da perseverança”
Manhãs de silêncio da semana 11
Aspiração das seis paramitas — Com condução de Fábio Rodrigues, relembramos um pequeno trecho do livro À beira do abismo, da Roshi Joan Halifax e então praticamos as aspirações das seis paramitas sugeridas por ela. Essas práticas podem ser feitas formalmente, sentadas em silêncio, mas também podem ser feitas pelo meio do nosso cotidiano habitual. Se você desejar ver o encontro completo, além da meditação conduzida, no início e no final do encontro tem explicações mais detalhadas. Abaixo as aspirações com as quais praticamos:
1 – Que eu possa ser generosa.
2 – Que eu possa cultivar a integridade e o respeito.
3 – Que eu possa ser paciente e ver claramente o sofrimento dos outros.
4 – Que eu possa ser enérgica, firme e dedicada, de todo o coração.
5 – Que eu possa cultivar uma mente e um coração calmos e inclusivos para poder servir com compaixão a todos os seres.
6 – Que eu possa nutrir a sabedoria e compartilhar com os outros o benefício de qualquer insight que eu possa obter.
Arte de Julia Bernardes
práticas públicas é como Julia Bernardes está chamando as ações em processo de criação com base no estudo do livro O mundo poderia ser diferente. A primeira delas aconteceu no fim da tarde do dia 27 de outubro. Ela caminhou com a frase práticas públicas como um gesto de nascimento da série e, logo em seguida, com a frase “Não é tempo, é vida”, que está na página 143 do livro. As fotos deste dia foram feitas por seu amigo José.
Práticas sugeridas para a vida cotidiana
Nessa e na próxima semana, sugerimos que você leia e experimente algumas das práticas sugeridas por Roshi Norman Fischer no fim do capítulo — são diferentes formas de cultivarmos entusiasmo, energia constante, diligência, alegre empenho, virya paramita.
Semana 12 – Alegre empenho
Principais focos: alegre empenho é desejo e paixão, voto, integridade, coragem e esperança; conto lindo de Ítalo Calvino sobre a origem do mundo; citaç˜ões de Joanna Macy e Elizabeth Mattis Namgyel. Se preferir apenas ouvir, aqui está o áudio para download ↓
Referências
- World as Lover, World as Self: Courage for Global Justice and Ecological Renewal, de Joann Macy
- As Cosmicômicas, de Italo Calvino
- Semanas 12 e 13 de nosso estudo anual em 2020, sobre interdependência
- Frase Mingyur Rinpoche sobre coragem, do livro Alegre Sabedoria (complementado o que Roshi Norman Fischer descreve): “A natureza de buda pode ser resumida em uma única palavra: coragem – especificamente a coragem de ser exatamente como somos, aqui e agora, com todas as nossas dúvidas e incertezas.”
- Frase de Dzongsar Khyentse Rinpoche sobre como o bodisatva é sempre esperançoso, mas como isso não é uma expectativa condicionada e está ligada à sabedoria que reconhece a impermanência e a interdependência, do livro O que não faz de você budista: “O destemor nasce quando você consegue apreciar a incerteza, quando você tem fé na impossibilidade de componentes interligados permanecerem estáticos e constantes. Você chegará ao ponto em que, de um modo muito verdadeiro, estará preparado para o pior ao mesmo tempo em que abre espaço para o melhor. […] Você passa a ter dignidade e majestade.”
- Mais referências, com as citações que Lia usou, daqui a pouco…
Manhãs de silêncio da semana 12
A energia que vem do voto do bodisatva — Com Gustavo, nessa manhã de silêncio exploramos a grandiosidade do voto do bodisatva e como ele é a fonte da maior inspiração, motivação, força, energia e sentido da vida.
Sentir o desejo — Com Lia, a partir do que estudamos nesse capítulo, fizemos uma exploração do desejo.
Dogen sobre a perfeição do alegre empenho — Com condução de Fábio Rodrigues, finalizamos a leitura comentada do texto Os quatro métodos de orientação do bodisatva (菩提薩埵四攝法 Bodaisatta shishōhō), de Eihei Dogen, explorando o trecho sobre o quarto método: a ação de identidade. O documento de estudo, com tradução para o português e outras traduções em inglês, está aqui. Transcrição do ensinamento do Lama Padma Samten mencionada no encontro: Compaixão além das bolhas e identidades.
Práticas sugeridas para a semana 12
Nessa semana, escolha e contemple uma das faces do alegre empenho: desejo/paixão, voto, integridade, coragem, esperança. Veja como essa abordagem influi para desbloquear sua energia.
Se quiser, leia os trechos finais sobre vacuidade do alegre empenho e experimente perceber como seu cansaço está ligado mais a um conceito do que à sua experiência mais imediata, dinâmica, viva e aberta.
Além disso, sugerimos que você leia e experimente algumas das práticas sugeridas por Roshi Norman Fischer no fim do capítulo — são diferentes formas de cultivarmos entusiasmo, energia constante, diligência, alegre empenho, virya paramita.
Arte de Julia Bernardes
A Julia generosamente preparou um PDF para quem quiser imprimir o lambe-lambe (e colar em qualquer lugar por aí) e também o calendário, que ela também chamou de “bodhisattva planner”. Você pode levar em qualquer gráfica e pedir por uma impressão a laser em PB num papel simples A4 de 75g ou 90g. Desfrutem! E se alguém imprimir e tirar foto, por favor marque a @julia_beernardes e @olugar no Instagram.
Para impressão:

Semana 13 – Roshi Norman Fischer
Se preferir apenas ouvir, aqui está o áudio para download ↓
“Nós somos budas e bodisatvas. Somos todos mulheres-maravilha, super-homens e todos os outros gêneros maravilhosos no meio. Isso é realmente verdadeiro para cada uma de vocês.”
Roshi Norman Fischer (para nós)
Transcrição e tradução coletiva
Aqui está o documento. Tome cuidado pois o documento é editável.
Manhãs de silêncio da semana 13
Sentar e respirar com Roshi Norman Fischer — Vimos alguns breves trechos do encontro com Roshi Norman Fischer e meditação em seguida. No fim, respondemos à aspiração que Roshi Norman fez ao fim do encontro e ressoamos um pouco o encontro entre nós.
Investigar o cansaço — Lemos um trecho do fim do capítulo sobre virya paramita e investigamos como podemos nos liberar da fixação aos conceitos de fadiga e cansaço.
Descobrir quem verdadeiramente somos — Nesta meditação com Lia Beltrão, contemplamos linha a linha um dos trechos da fala do Roshi Norman, sendo expostos, como radiação, às palavras que ele nos ofereceu.
No silêncio, quem sou eu?
Roshi Norman Fischer no encontro conosco
Quem é esta vida breve?
Existe muito mais do que isso no silêncio.
O coração passa à frente,
A força que me atravessa, que me faz nascer e morrer, eu respiro com essa força
E essa é a força do bodisatva.
O poder imaginativo do bodisatva.
Que está no coração de todas as vidas.
Não só da vida humana, mas de todas as vidas. Dos animais, das plantas, de todas as vidas.
Dogen e os quatro métodos de orientação do bodisatva — Escutamos novamente as instruções que Roshi Norman nos deu ao vivo sobre como abordar os textos de Dogen, e então contemplamos em silêncio o texto Os quatro métodos de orientação do bodisatva (菩提薩埵四攝法 Bodaisatta shishōhō). Tivemos também uma breve conversa com explicações ao final. O documento de estudo, com tradução para o português e outras traduções em inglês, está aqui.
Arte de Julia Bernardes
Levamos as ações “práticas públicas” para o centro de Belo Horizonte no último domingo. As ações foram feitas na Feira Hippie, no Viaduto Santa Tereza e no Parque Municipal. Os registros são da artista e fotógrafa Carina Castro e o apoio de produção da artista Maria Clara.



Referências
- Tabela com intervenções contemporâneas e classificação de práticas contemplativas separadas por tradição filosófico e/ou espiritual presente como anexo no artigo The plasticity of well-being: A training-based framework for the cultivation of human flourishing
- Vídeo de Alan Wallace: “Os Efeitos Físicos de Shamata” (ative as legendas em português)
- Slides sobre “As 3 delusões inatas” (ou “3 marcas da existência”), com trechos de livros de Alan Wallace
Manhãs de silêncio da semana 14
Consciência da respiração com instruções de Roshi Norman Fischer — Meditação guiada com a instrução que Roshi Norman diz ser sua preferida entre os métodos de shamatha que usam a respiração como suporte para descansar a consciência e sentir nossa conexão com todos os seres vivos. É um áudio curto, basta encontrar uma posição confortável e dar play.
Praticando o insight por meio do corpo (com Lia Beltrão) – Nesta sessão, trouxemos à mente um exemplo de “vedana” (sentimento-sensação) e geramos perguntas para investigar sua natureza, usando o corpo como base da prática, como sugere Roshi Norman Fischer: “A prática da meditação é somática. Seu lugar é o corpo, a respiração, a barriga, os nervos e os tendões. Esse aspecto da meditação se torna crucial quando tratamos da prática do insight.”
Fukan Zazengi: Dogen e a perfeição da meditação — Com condução de Fábio Rodrigues, começamos a estudar o comentário de Roshi Norman (na página 186 do livro) sobre o fascículo Recomendando meditação sentada para todas as pessoas (普勸坐禪儀, Fukan Zazengi) de Eihei Dogen. Nos encontros seguintes, começaremos a contemplar o fascículo. O filme sobre a vida do mestre Dogen está aqui. O documento para estudo, com tradução ao português e diferentes traduções ao inglês está aqui.
Arte de Julia Bernardes
Levamos as ações “práticas públicas” para o centro de Belo Horizonte no último domingo. As ações foram feitas na Feira Hippie, no Viaduto Santa Tereza e no Parque Municipal. Os registros são da artista e fotógrafa Carina Castro e o apoio de produção da artista Maria Clara.


Relato sobre a faixa “Sente-se aqui”:
Pedi alguns banquinhos emprestados de uma feirante e espalhei no meio da rua. Sentei e levantei a faixa “sente-se aqui para descansar de si mesmo”. Para minha surpresa, poucos segundos depois, várias pessoas pararam em volta curiosas. Muitas delas começaram a tirar fotos e logo as convidei para sentarem ali comigo. Durante essa interação ouvi comentários como ” Nossa menina, sabe que tem dias que eu não me aguento mesmo?”, “Que ideia boa! Posso sentar um pouquinho?”…
Achei uma experiência muito instigante e fiquei com muita vontade de repetir. Imagina isso sendo feito em vários cantos por várias pessoas? Que possamos mais e mais cultivar espaços de conversa e de descanso pela cidade.

Semana 15 – Roshi Joan Halifax
Se preferir apenas ouvir, aqui está o áudio para download ↓
“Então eu pergunto a vocês: por que esperar? Vamos ser budas e bodisatvas, continuamente falhando mas continuamente nos apresentando, agora!”
Roshi Joan Halifax
(no fim de seu ensinamento para nós)
Transcrição e tradução
Aqui está o documento colaborativo. Transcrever e traduzir é uma prática maravilhosa para cultivar uma relação mais íntima com o ensinamento e com a mente de bodisatvas como a Roshi Joan Halifax.
Referências
Em breve as inúmeras e riquíssimas referências citadas pela Roshi Joan Halifax.
Manhãs de silêncio da semana 15
Prática de bodhicitta guiada por Roshi Joan Halifax — Dedicamos essa manhã inteira para praticar com a instrução de Roshi Joan Halifax. O ensinamento de Sua Santidade o Dalai Lama que menciono durante o contexto da prática é esse, não deixem de ler antes ou depois da prática: “Desenvolvendo a mente da grande capacidade” (“Developing the Mind of Great Capacity”)
Transparência (com Lia Beltrão) – Em sua fala, a Roshi Joan Halifax falou sobre cultivarmos três tipos de transparência: transparência diante de nosso próprio contínuo mental; ver a transparência do mundo – a realidade como ela é; e ser transparente aos olhos do mundo, deixar que os outros nos vejam como somos. Nessa sessão, trouxemos essas palavras da Roshi para nossa prática, incluindo o corpo em nossa investigação. “Como podemos dar e aceitar cuidados com costas fortes, frente suave, compaixão, passando do medo para um lugar de ternura genuína? Acredito que é quando podemos ser verdadeiramente transparentes, vendo o mundo com clareza e deixando o mundo ver dentro de nós.” —Joan Halifax
Fukan Zazengi: Dogen e a perfeição da meditação (Parte 2) — Com condução de Fábio Rodrigues, fizemos uma leitura comentada do fascículo Recomendando meditação sentada para todas as pessoas (普勸坐禪儀, Fukan Zazengi) de Eihei Dogen. O filme sobre a vida do mestre Dogen está aqui. O documento para estudo, com tradução ao português e diferentes traduções ao inglês está aqui.
Arte da Silvia Strass

Em sua primeira semana criando a partir do estudo, a querida Silvia Strass fez uma imagem do que seria o “amor próprio” de um bodisatva, um vídeo-poema e uma ilustração brincando com a imagem do porco-espinho, usada por Schopenhauer, Freud e muitos outros para criticar os limites da intimidade, e subvertida por Roshi Joan Halifax a partir de um artigo de Huston Smith.

Referências
Em breve.
Manhãs de silêncio da semana 16
Superar o autocentramento — A partir de instruções de Roshi Norman Fischer e também de Shantideva, fizemos duas práticas que nos apoiam para dissolver a fixação ao eu, o que Roshi Joan Halifax chamou de “self trip”.
Fukan Zazengi: Dogen e a perfeição da meditação (Parte 3) — Contemplamos em silêncio e de forma completa o fascículo Recomendando meditação sentada para todas as pessoas (普勸坐禪儀, Fukan Zazengi) de Eihei Dogen. O filme sobre a vida do mestre Dogen está aqui. O documento para estudo, com tradução ao português e diferentes traduções ao inglês está aqui.
Arte de Silvia Strass
Na segunda semana conosco, Silvia continuou sua série que mostra como o eu do bodisatva não é bem “eu”, e nos ofereceu também três criações.

Sabedoria e compaixão:


Presença:
Poema:
Referências
- Vídeo curtinho com um resumo dos temas tratados no Sutra do Coração em 3 perguntas formuladas pela Lama Elizabeth no retiro “Opening the Heart Sutra”, oferecido online em dezembro de 2021
- Lama Samten respondendo à pergunta sobre a relação de Wittgenstein com o budismo (em 47m50s)
- Exemplo de como o amor sempre anda junto com a compreensão/sabedoria: caso de Leonard Scovens e Agnes Furey
- Exemplo de como olhar com compreensão/sabedoria para grandes tragédias: Lama Elizabeth comentando o assassinato de George Floyd
- Retiro sobre o Prajnaparamita conduzido por Dzongsar Khyentse Rinpoche em 2017 no Nepal
- Recitação do Sutra do Coração pela sanga de Dzongsar Khyentse Rinpoche por ocasião do Saga Dawa em 2020: vídeo + apenas áudio
- Ensinamento de Dzongsar Khyentse Rinpoche na última sessão de recitação do Sutra do Coração no Saga Dawa de 2020
- Explicação recente de Dzongsar Khyentse Rinpoche sobre o Sutra do Coração (Em 19:20 começa uma linda recitação do Sutra do Coração traduzido pelo projeto 84.000)
- Sobre o bolo de arroz pintado, aqui está o encontro com Jay Garfield durante o Simpósio Varela de 2020, a transcrição e a tradução ainda não revisada feita por participantes do lugar: Áudio + Transcrição + Tradução.
Manhãs de silêncio da semana 17
A prática de olhar e não encontrar – A partir da instrução de Roshi Norman Fischer, investigamos se existe um núcleo essencial para chamarmos de “eu”.
O Sutra do Coração da Realização da Sabedoria Além da Sabedoria — Como preparação para vermos o texto A manifestacão da grande Prajna (摩訶般若波羅蜜, Maka hannya haramitsu), de Eihei Dogen, neste encontro nós contemplamos em silêncio as versões tibetana e chinesa do Sutra do Coração (Sânscrito: Prajñāpāramitā hṛdaya; Chinês: 心經; Tibetano: བཅོམ་ལྡན་འདས་མ་ཤེས་རབ་ཀྱི་ཕ་རོལ་ཏུ་ཕྱིན་པའི་སྙིང་པོ, Sherab kyi parol tu chinpe nyingpo). A versão chinesa do Sutra está aqui. A versão tibetana está aqui. O livro do Sensei Kaz sobre o Sutra é este. O filme sobre Xuan Zang está aqui.
Arte de Silvia Strass
Referências
- Capítulo “Ter senso de humor” do livro It’s up to you, de Dzigar Kongtrül Rinpoche
- Ensinamento de Chogyam Trungpa Rinpoche no capítulo sobre senso de humor de Além do materialismo espiritual
- Livro Contemplating reality, de Andy Karr
- Sobre ironia, senso de humor e a atitude do bodisatva, vale ver esse vídeo curtinho sobre Bill Murray (a legenda em português não está boa, mas é melhor do que nada)
- Sobre como a história inteira é aberta e como podemos combinar abertura com precisão, vale ler O despertar de tudo, de David Graeber e David Wengrow
- Indicação do Daniel Cunha: “O que aconteceu comigo no Qatar?”
- Curta “Merci!”, de Christine Rabette (indicação da Madá Pedroza no chat)
Manhãs de silêncio da semana 18
Investigando o eu – Surfando no capítulo sobre prajna, fizemos uma prática com uma instrução clássica para afrouxar a fixação ao eu.
Eu sou feito dos outros – Nessa prática, exploramos a vacuidade do eu por meio da contemplação da interdependência de causas e condições que constituem o nosso corpo.
O Sutra do Coração Dogen sobre a perfeição da compreensão — Com condução de Fábio Rodrigues, fizemos uma leitura comentada de partes do fascículo A manifestacão da grande Prajna (摩訶般若波羅蜜, Maka hannya haramitsu), de Eihei Dogen — em especial vimos o simples e profundo poema de Rujing, citado por Dogen. O documento com tradução (incompleta) ao português está aqui, a tradução de Kazuaki Tanahashi ao inglês está aqui, a tradução de Carl Bielefeldt ao inglês (ainda nem publicada) está aqui, a explicação de Roshi Shohaku Okumura sobre o poema de Rujing, em inglês, está aqui (na página 11). O poema de Roshi Kosho Uchiyama, lido ao final do encontro, está abaixo:
O Expansivo Céu
Dor, tristeza, raiva
Eu as deixo como são
Quando meu olhar penetra o céu
O vasto e elevado céu
Sob o espaçoso céu, alguns trabalham
Alguns se escondem do cobrador
Outros suspiram pela última vez
Em torno dessas humanas lidas
Estão as arvoradas, verdejantes montanhas e rios
Ou áridos desertos ou vastos oceanos
E em seus vários lugares vivem
A infinidade de plantas e animais que prosseguem
Suas diversas e respectivas atividades
De cima, apouca tudo o espaçoso céu
O vasto e elevado céu —
Tornando-me nada mais que um grão de poeira, uma partícula,
Levanto-me e adentro esse vazio.
—Kosho Uchiyama em Deepest Practice, Deepest Wisdom
Áudio do encontro em breve…
Daqui a pouco vamos deixar aqui a gravação da manhã de silêncio com Stela Santin, que fez uma prática de shamatha na respiração e depois uma investigação para explorar a natureza vazia do que consideramos amigos e inimigos.
Próxima semana e Agenda 2022-2023
Na próxima segunda, dia 19 de dezembro, também às 19h30, teremos um encontro especial de encerramento do estudo e celebração de fim de ano da comunidade. Em 2020 e em 2021 foram encontros muito maravilhosos, então coloque em sua agenda! Será um momento para apreciar a riqueza da comunidade e dedicar tudo o que fizemos nesse ano. Teremos apresentações artísticas, relatos das participantes… Um desbunde!
Na última semana de 2022 e na primeira de 2023, seguiremos com as manhãs de silêncio diariamente para quem quiser praticar meditação junto. E ficaremos duas segundas (26/dez e 2/jan) sem nosso tradicional encontro.
Voltaremos com nossos encontros principais às segundas no dia 9 de janeiro de 2023. Em janeiro, vamos focar em um processo por semana – é similar ao que fazemos nos grandes ciclos, mas sem necessariamente costurar algo de uma semana para a outra. É um período que usamos para rever práticas essenciais que ficaram sem tanta exploração, como certamente acontecerá com as práticas de vipassana do livro O mundo poderia ser diferente.
De 6 de fevereiro a 20 de março de 2023, teremos a quinta edição do Intensivo SIM! Em breve vamos começar a divulgar os professores e as professoras convidadas. Será um ano que muita regeneração no Brasil, então acho que vai ser uma boa ter o apoio dos encontros do SIM 2023 nesse período.
Em maio e junho, teremos mais uma edição do ciclo COMUNIDADE.
De agosto a novembro, teremos nosso estudo anual! O novo livro ainda está em processo de definição.
Durante o ano inteiro, seguimos com o encontro principal às segundas, as rodas do PPAE às quartas e as manhãs de silêncio todo dia.
Próximos encontros ao vivo
Semana 19 – 19/dez — Encerramento do estudo e celebração de fim de ano da comunidade
Artistas convidadas para criar a partir do estudo: Sophia Buaiz, Olívia Niculitcheff, Silvia Strass, Silvia Guimarães, Julia Bernardes e Suely Mesquita.
Os encontros de estudo serão conduzidos por: Jeanne Pilli, Lia Beltrão, Daniel Cunha, Stela Santin, Fábio Rodrigues e Gustavo Gitti.
Manhãs de silêncio com meditação todo dia
Durante todas as semanas do estudo, faremos práticas de meditação relacionadas ao que estivermos explorando — todos os dias, das 8h às 9h, em nossa sala online.
Para quem não consegue nesse horário e deseja praticar em outros momentos, deixamos as gravações aqui mesmo na página especial do estudo (olhe a seção “Manhãs de silêncio” abaixo da gravação e das referências de cada encontro semanal). Muitas pessoas praticam com o áudio de apenas uma meditação guiada por semana e seguem bem assim. Você pode, então, relaxar e aproveitar de acordo com o seu tempo.
Pensamento Profundo, Ação Eficaz (PPAE)
“O remédio contra a tristeza causada pelo sofrimento do mundo é fazer algo a respeito dele.” —Arne Naess
Durante todo o estudo, com a condução de Lia Beltrão, vamos seguir nesse processo experimental para treinarmos conversa em roda, sonho coletivo e movimento em comunidade, como desdobramento natural de tudo o que estamos estudando sobre compaixão e ação social. Os encontros acontecem em nossa sala online toda quarta, às 19h30. Saiba mais sobre o PPAE!
Quer conversar sobre o livro e sobre as práticas?
As pessoas se beneficiam muito de nossos relatos, exemplos, situações, dúvidas, aflições, descobertas… Além dos momentos ao vivo, seguimos conversando sobre o estudo nesse tópico →
Ainda não tem o livro?
Se você não tem o livro, recomendamos que você peça seu livro diretamente na loja da Lúcida Letra para apoiar esse trabalho maravilhoso. O Vítor Barreto é muito cuidadoso e a entrega é rápida. Na verdade, a nova tiragem chegou no dia em que o estudo começou, não é uma bela sincronização?
Quando a gente estuda, dá muita vontade de sair distribuindo o livro por aí, então, se você pedir mais um para dar de presente, o frete é grátis!
Enquanto espera o livro, você pode ler o primeiro capítulo no seguinte PDF. A senha é “naovourepassar”. Por favor, não repasse e lembre de apagar o arquivo após a leitura. Esse cuidado é essencial em nossa relação com a Lúcida Letra, que generosamente ofereceu o primeiro capítulo para estudo pessoal.
- Prefiro comprar a versão digital para Kindle →
- Já encomendei e, enquanto chega, quero ler agora o PDF do capítulo 1 (e não vou repassar!) ↓
Bibliografia recomendada sobre as seis perfeições
Introdutórios:
- Para abrir o coração: treinamento para a paz | Chagdud Tulku Rinpoche
- No coração da vida: sabedoria e compaixão para o cotidiano | Jetsunma Tenzin Palmo (há 3 capítulos sobre as seis perfeições e bodhicitta)
- Felicidade incomum: o caminho do guerreiro compassivo | Dzigar Kongtrul Rinpoche (comentando Shantideva)
- Sem tempo a perder (a tradução é ok, mas tem problemas, será refeita, se possível leia o original: Becoming Bodhisattvas) | Pema Chodron (comentando todos os versos de Shantideva, exceto as do capítulo de sabedoria)
- O mito da liberdade e o caminho da meditação, Além do materialismo espiritual e Cynicism and Magic (que está sendo traduzido ao português por Fábio Rodrigues) | Chogyam Trungpa (há capítulos sobre as seis perfeições)
- For the benefit of all beings | Sua Santidade o Dalai Lama (comentando Shantideva)
- Infinite life | Robert Thurman (inteiro sobre as seis perfeições)
- Entering the Mind of Buddha: Zen and the Six Heroic Practices of Bodhisattvas | Tenshin Reb Anderson (inteiro sobre as seis perfeições)
Mais avançados:
- O caminho do bodisatva (Bodhicharyavatara), de Shantideva. Sugerimos duas edições dessa obra clássica: O Caminho do Bodisatva (edição da Makara, a tradução mais conhecida) e Engajamento na Ação Bodisatva (tradução do Lama Emersom Karma Kontchog, que é a primeira feita diretamente do tibetano para o português, com versão digital gratuita).
- A essência da compaixão, de Dilgo Khyentse Rinpoche
- Treasury of Precious Qualities, de Jigme Lingpa
Recomendamos também biografias de grandes seres. Pema Chödrön, por exemplo, disse que está agora lendo uma biografia de Madre Terese da Calcutá. Há diversas possibilidades… Uma delas é Caverna na neve, contando o retiro de Jetsunma Tenzin Palmo.
Se você entende inglês, esse curso sobre as seis perfeições e essa imersão de um ano sobre o Caminho do Bodisatva no Vajrayana Online (plataforma do Tergar) são de uma riqueza sem fim.

Carta do Roshi Norman Fischer para nós
Olá a todas,
Estou muito feliz em saber que vocês irão estudar meu livro O mundo poderia ser diferente e entusiasmado para conversar sobre ele com vocês no outono [primavera no Brasil]. Quanto mais velho fico, mais claro fica para mim que nós, seres humanos, temos uma imaginação selvagem, e que isso é uma coisa boa e também uma coisa ruim. Boa porque podemos imaginar um mundo de amor e pertencimento e tentar criá-lo, e ruim porque também podemos imaginar ódio e inimizade e armas de destruição para servir a esse ódio e inimizade. E às vezes, nossas armas de destruição são palavras, conceitos e instituições opressoras.
A prática espiritual sempre foi a maneira como os humanos treinaram seus corações e mentes para o bem. A prática espiritual é um ato de imaginação, e é por isso que todas as artes – do teatro à música e às artes visuais – têm suas origens na prática espiritual.
Com nossos muitos séculos de religião institucional alinhada com o poder político em todo o mundo, perdemos o rastro da raiz imaginativa da espiritualidade. A religião muitas vezes esqueceu o que deveria ser: um caminho de imaginação alegre e de amor.
No budismo, o caminho das seis paramitas (sobre o qual meu livro trata principalmente) é um caminho de imaginação e amor. Imaginamos amor e pertencimento inesgotáveis e então aprendemos a vivê-los, passo a passo – mesmo agora, em um mundo conturbado, isso é possível. Não só possível, mas absolutamente necessário!
Eu tento fazer com que meus livros sejam fáceis e divertidos de ler. Eu sou um escritor, então escrever bem é importante para mim. Espero que vocês gostem do livro e que ele os ajude a encontrar maneiras de continuar sua prática: para sempre (uma escala temporal imaginária, mas a mais real de todas as escalas temporais).
Seu, Norman.