SIM – Intensivo online de práticas para abrir 2021
“Dizer não às más ideias e aos maus atores simplesmente não basta. O mais firme dos nãos tem de ser acompanhado por um sim ousado e visionário — um plano para o futuro que seja crível e atraente o suficiente para que um grande número de pessoas se movimente para vê-lo realizado.”
—Naomi Klein (no livro “Não basta dizer não”)
Observe a quantidade de tempo que perdemos repercutindo falas absurdas de políticos, memes e hashtags, distraídos por uma enxurrada de desinformação. Sem querer, ficamos impotentes. Deixamos que a notícia do dia sequestre nossas conversas e defina nossos movimentos. Quando os problemas se intensificam, nossa reação habitual é negar, reclamar, nos juntar pela oposição, apontar culpados e inimigos. Isso quando não “ligamos o foda-se” e tentamos só buscar algum sucesso pessoal.
E se a gente começar a afirmar outra coisa? Em vez de apenas combater monstros e problemas, e se olharmos para a nossa própria bondade e criatividade? E se fortalecermos ainda mais nossas qualidades positivas, sonhos, visões amplas e relações? E se trocarmos desespero por compaixão, medo por alegria, autointeresse por comunidade?
É hora de retomar nossa dignidade. É hora de desbloquear nossa imaginação para expandir os limites do que hoje parece possível. É hora de dizer sim para um outro mundo. Se não deixamos nossa visão ser aprisionada, a vida ser rebaixada e as conversas serem pautadas externamente, somos muito mais poderosos do que parecemos. Como diz Alan Wallace, esse mundo precisa ser chacoalhado. E calhou de ser por nós! Quem mais poderia chacoalhar o mundo?
Em 2019 organizamos a primeira edição do intensivo SIM. A reação das pessoas foi tão forte que entendemos a necessidade de organizar esse intensivo anualmente. No começo de 2020, convidamos Ailton Krenak, Roshi Joan Halifax, Reinaldo Nascimento e Elizabeth Mattis-Namgyel para nos orientar. Foi maravilhoso e acabou se desdobrando em muitos processos ao longo do ano.
Agora, de 1º de fevereiro a 9 de março de 2021, faremos uma nova edição do SIM, dessa vez com Lama Padma Samten, Ailton Krenak, Kazuaki Tanahashi Sensei, Camila Nunes Dias, Geni Núñez e Thiago Ávila para nos orientar por seis semanas de estudo e prática. Em seus trabalhos, todos manifestam a atitude visionária e propositiva que o Brasil e o mundo tanto precisam.
Será online, com mais de mil participantes de todos os estados do Brasil e de mais de 20 países. Veja abaixo como será e comece o ano praticando em comunidade.
Convidamos grandes seres para sonhar conosco e sugerir práticas
A mente da primavera – Lama Padma Samten
Físico, com mestrado em física quântica, foi professor de 1969 a 1994 na UFRGS. Em 1986 fundou o Centro de Estudos Budistas Bodisatva (CEBB), com sede em Viamão (RS) e centros de prática e retiros em todo o país. Em 1993, foi aceito como discípulo por Chagdud Tulku Rinpoche e em 1996 foi ordenado lama. Desde então, Lama Padma Samten viaja pelo Brasil para oferecer palestras, retiros, estudos e práticas que integram os ensinamentos budistas e o treinamento da mente à vida cotidiana e às diversas áreas do saber, como educação, psicologia, economia, administração, ecologia e saúde.
Crie canções de paz – Kazuaki Tanahashi Sensei
Nascido no Japão em 1933, é artista, tradutor, ativista e erudito Zen Budista. Mudou-se para os Estados Unidos em 1977 para atuar como tradutor e professor residente no San Francisco Zen Center (fundado por Shunryu Suzuki Roshi). Mestre calígrafo e artista treinado no Japão, tem ensinado e feito exposições ao redor do mundo há 50 anos, é criador do gênero de pintura em um único traço e dos círculos Zen multicoloridos. Escritor, editor e tradutor prolífico, produziu mais de quarenta livros em inglês e japonês, incluindo o conjunto amplo dos ensinamentos do Mestre Zen Dogen. Como ativista ambiental, foi o secretário fundador do Plutonium Free Future. Ativista da paz, trabalhou contra a corrida armamentista nuclear e nas duas Guerras do Golfo, é diretor fundador do Ten Millenium Project e da iniciativa A World Without Armies para a desmilitarização das nações. Também é membro da Academia Mundial de Arte e Ciência, fundada por Albert Einstein.
Reflorestar o pensamento: pistas decoloniais – Geni Núñez
Psicóloga, mestre em Psicologia Social e doutoranda no Programa Interdisciplinar em Ciências Humanas na UFSC, com foco em estudos raciais e de gênero. Guarani e ativista no movimento indígena. Mora em Florianópolis e faz parte da ABIPSI, articulação brasileira de indígenas psicólogos. Durante a pandemia, escreveu e publicou o livro infantil Djatchy Djatere: o saci guarani.
Além das prisões – Camila Nunes Dias
Socióloga com mestrado e doutorado pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professora adjunta da UFABC e também atua como pesquisadora colaboradora do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo. Seus três livros são A Guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil (2018, Prêmio Jabuti de Biografia, Documentário e Reportagem), PCC: hegemonia nas prisões e monopólio da violência (2013) e A igreja como refúgio e a Bíblia como esconderijo: religião e violência na prisão (2008).
Uma sociedade do Bem Viver – Thiago Ávila
Socioambientalista que há mais de 15 anos dedica sua vida a projetos de transformação percorrendo o Brasil, a América Latina e o mundo semeando a importância de acabar com a destruição do planeta e promover mudanças sociais que também acabem com a exploração e com todas as opressões para construir uma sociedade do Bem Viver. Organiza comunidades agroecológicas para a regeneração dos biomas a partir de agroflorestas, mutirões do Bem Viver para ações de solidariedade, bioconstrução e combate à fome. Colabora com a resistência indígena nas florestas e constrói iniciativas inspiradoras de luta e resistência na cidade principalmente a partir das periferias e de movimentos populares.
Cuide de um lugar – Ailton Krenak
Ailton Krenak é escritor, líder indígena e um dos maiores pensadores brasileiros. Seu inesquecível discurso na Assembleia Constituinte, em 1987, quando pintou o rosto com a tinta preta do jenipapo para protestar contra o retrocesso na luta pelos direitos indígenas, foi decisivo para o reconhecimento dos direitos indígenas na Constituição Federal. É Professor Doutor Honoris Causa pela UFJF e autor dos livros O lugar onde a Terra descansa (2000), Ideias para adiar o fim do mundo (2019), O amanhã não está à venda e A vida não é útil (2020) pela Companhia das Letras.
A mediação das perguntas dos participantes será de Gustavo Gitti, de Fábio Rodrigues e de Polliana Zocche. No encontro com Kaz Sensei, haverá tradução consecutiva da querida Jeanne Pilli, não se preocupem.
Sobre a flor do SIM
“Eu queria que as pessoas olhassem para as plantas nascendo de novo.”
—Emicida“Quando a lucidez se apresenta, ela não se apresenta pela força, ela se apresenta como flor.”
—Lama Padma Samten“A hora de florescer é agora.”
—Patti Smith
A arte é de Fábio Rodrigues, artista e também um dos coordenadores do lugar, com base em ensinamentos de Lama Padma Samten e Kazuaki Tanahashi, que remontam ao mestre Dogen: a flor como símbolo da transformação da visão, inseparável da transformação do mundo.
Fábio criou a partir da contemplação do guarapuvu (Schizolobium parahyba), árvore brasileira da família das Fabáceas, notável pela sua velocidade de crescimento que pode atingir 3 metros por ano e por suas flores amarelas muito atrativas para as abelhas. São plantas pioneiras, boas para recuperação de áreas degradadas. Bem o que precisamos, não?
Quer receber uma pintura caligráfica do SIM feita apenas para você?
Não basta dizer apenas um SIM. Precisamos de incontáveis afirmações, com muitas formas, criativas e diversas como nós já somos. Todas e todos temos responsabilidade pelo mundo do qual fazemos parte, e é por isso que o SIM de cada uma e cada um é necessário e bem-vindo.
Para celebrar essa confiança, Fábio Rodrigues já começou a criar pinturas caligráficas que serão oferecidas de presente para cada pessoa que participar do Intensivo SIM. Enviaremos para a casa de cada uma e cada um, como um voto e um lembrete de que a vida e nossas aspirações elevadas podem sempre ser afirmadas.
Cada pessoa receberá uma pintura caligráfica original, única e assinada com o selo da flor de guarapuvú estampado em tinta vermelha de cinábrio. Serão criadas com pincéis chineses ou artesanais de cerdas naturais e recicladas, usando base acrílica e pigmento de carvão sobre papel reciclado, no tamanho de 33 x 32 cm. Suaves, abruptas, intensas, claras, sugestivas, serão centenas de pinturas gestuais com diferentes energias, aspectos, ritmos para afirmar a vida através de todas as formas.
“Uma visão do futuro é desenhada com nossa imaginação, que pode ser vista como um pincel que pinta sonhos, esperanças e previsões para dias vindouros e distantes. Você tem um pincel e eu tenho outro. Cada um de nós tem um pincel informe de capacidade ilimitada. O que você desenha pode ser diferente do que eu desenho em cores e formas, ou em temas e tons. E ainda assim deve haver semelhanças. Me torno humilde ao compreender que o pincel que conduz meus pensamentos e ações para a transformação social é um dos milhões e bilhões de pincéis trabalhando no mundo.”
—Kazuaki Tanahashi
Quando e como será
Quando: de 1º de fevereiro a 8 de março de 2021. Os encontros acontecem às segundas, das 19h30 às 21h30 (horário de Brasília). Não há problema algum se você não conseguir acompanhar ao vivo. É tudo gravado e os vídeos ficam disponíveis em uma página especial com materiais de apoio, práticas sugeridas, meditações guiadas e espaço de relatos.
Como: a cada semana, teremos uma palestra online de cerca de duas horas (gravada e disponível na íntegra a qualquer momento), um texto de apoio e uma prática para experimentarmos coletivamente. Depois dessas cinco semanas, vamos seguir assim por todo o ano, com outras práticas coletivas, meditações guiadas e ciclos de estudos, toda semana.
Quer participar do intensivo SIM?
A participação no intensivo é inseparável da participação na comunidade do lugar. A cada semana, além do encontro principal, temos meditação ao vivo nas manhãs de silêncio (gravadas para você praticar a qualquer momento) e o “Sentar em roda”, no qual fortalecemos a inteligência da autoorganização em rede. Apostamos em continuidade e em comunidade, não em ações isoladas e pontuais.
Além de 3 edições do intensivo SIM, ao longo dos últimos anos também oferecemos diversos ciclos de aprofundamento (como os mais recentes “Radicalmente vivos” e “Mãos e olhos da compaixão”) e estudos anuais por pelo menos 12 semanas — já estudamos os livros Um coração sem medo, Quando tudo se desfaz, O poder de uma pergunta aberta e A lógica da fé. Todos os vídeos, áudios e materiais desses ciclos, intensivos e estudos seguem disponíveis para quem entrar agora.
Se você já participa do lugar, é só colocar na agenda e relaxar. Se participava e deu um tempo, é só voltar.
Se deseja entrar no lugar para participar do SIM, veja abaixo como funciona. O intensivo é mais um dos movimentos que fazemos de modo contínuo para apoiar o florescimento das pessoas.
Convide duas pessoas
Temos percebido que muitas pessoas que participam da comunidade estão convidando amigas e parentes, pois facilita ter alguém próximo imerso nas mesmas práticas e contemplações. Portanto, se quiser potencializar seu aprofundamento, sugerimos que você convide duas pessoas próximas para o intensivo. Nossa transformação só vai se tornar natural e contínua se a rede ao nosso redor mudar também.
É só ligar para a pessoa ou enviar o link para essa página: olugar.org/sim
Se preferir, você pode dar de presente: olugar.org/presente
O que é o lugar?
O lugar é um espaço online para pessoas dispostas a fazer o trabalho (diário, paciente e às vezes sujo) da transformação. Cada pessoa é desafiada a se familiarizar com seu mundo interno e investigar diretamente, colocando à prova da experiência: Como a gente se transforma, pra valer, sem oba-oba ou fogos de artifício, com o pé no chão do cotidiano? O que é felicidade genuína? Como aproveitar os problemas nos relacionamentos, no trabalho, nas finanças, na vida em geral, em um caminho de florescimento humano?
Uma prática por semana, todos juntos
Cada vez mais desconfiamos de ações isoladas e pontuais, de epifanias de fim de semana. Apostamos em continuidade, em praticar e tornar vivo o que já estamos cansados de entender. A cada semana, todos os participantes do lugar se juntam para experimentar uma prática e conversar sobre suas experiências, afinal estamos sofrendo do mesmo adoecimento coletivo: ansiedade, depressão e falta de sentido, ciúme e carência, raiva e competição…
Para você entrar e participar do lugar
Para entrar e participar, o valor é R$ 96* por mês, via cartão de crédito. Se quiser fazer por depósito bancário, clique aqui. Se você fala português, mas não é brasileiro (não tem CPF), escreva para nós: coordenacao@olugar.org
O lugar é uma empresa bem pequena (somos seis: Gustavo, Polliana, Eduardo, Isabella, Fábio e Geovana). Somos sustentados pela generosidade direta dos participantes, que se alegram em apoiar esse trabalho.
A liberação de acesso é imediata e você pode cancelar a qualquer momento. Para entrar via cartão de crédito, clique abaixo.
*Se você você sentir que esse valor não se adequa à sua realidade (especialmente se estiver em situação de vulnerabilidade social), não deixe que dinheiro seja um obstáculo. Isso só é possível pela generosidade de todos os participantes atuais. Preparamos uma página especial para você pedir o apoio da comunidade.
Nos vemos no lugar. Será um prazer seguir mais junto de você!