Linha do tempo do projeto Reflorestar

• Março de 2021 — O início: Pensamento Profundo, Ação Eficaz

Em um encontro que parecia casual na comunidade do lugar, uma pergunta mudou tudo: “Diante dos problemas do mundo, como podemos agir de maneira eficaz?” A resposta veio de Kazuaki Tanahashi como um método para transformar nossa aflição em ação. Assim nasceu o Laboratório de Auto-organização Pensamento Profundo, Ação Eficaz (PPAE), onde um grupo da comunidade do lugar começou a explorar, semana após semana, como conectar mundo interno com ação no mundo externo.

• Julho de 2021 — A Amazônia como local de prática

Nos primeiros meses do PPAE, muitos problemas foram levantados. Em certo ponto, colocando em ação o método que ele mesmo havia proposto, Kaz Sensei nos disse que ele mesmo gostaria de focar na proteção da Amazônia e perguntou se nos juntaríamos a ele. Fábio Rodrigues, Geovana Colzani, Guilherme Valadares e Lia Beltrão formaram um grupo de ação, decidido a tornar isso possível. A ideia era simples: encontrar uma iniciativa de proteção da floresta e seus povos e levantar fundos através da Inochi, a organização fundada por Kaz e Mayumi Oda, dedicada à sustentabilidade e à cultura de paz.

• Dezembro de 2021 — Conexão com a Aliança e o sonho de um projeto

Foi o Professor Ailton Krenak nos abriu as portas da Aliança Reflorestar da Amazônia. Com isso, percebemos que nosso caminho estava se entrelaçando com algo maior. João e Alice Fortes, coordenadores da Aliança, nos mostraram as realidades dos povos indígenas do Acre e nos inspiraram a agir. A decisão veio como um chamado: unir forças para implementar um Sistema Agroflorestal (SAF) em parceria com o povo Puyanawa, com quem a Aliança já desejava trabalhar há muitos anos. Em fevereiro de 2022, foi selada a parceria entre a Aliança e a Inochi. Começamos a desenhar o projeto de reflorestamento no território Puyanawa e a campanha para arrecadação de fundos.

• Março de 2022 — Viagem à Amazônia 

Kaz Sensei acreditava que era vital conhecer de perto a terra e o povo que seria nosso parceiro. Assim, Guilherme Valadares e Lia Beltrão embarcaram para a Amazônia. Visitaram no Acre o Território Indígena Puyanawa e a Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, onde vivem os Ashaninka, cuja experiência em reflorestamento tem sido uma inspiração para os Puyanawa e diferentes povos. Esse encontro foi mais do que uma visita; foi o aval que precisávamos para o projeto ter início.

• Março de 2022 a Janeiro de 2023 — Campanha de arrecadação de fundos pela Inochi 

Assim que Lia e Guilherme voltaram da viagem à Amazônia, a Inochi iniciou uma campanha para levantar fundos nos Estados Unidos e Japão. Nesse período Kaz se dedicou a um série de pinturas majestosas chamadas “Flying Rivers” e, em sua tradicional peregrinação ao Japão, sugeriu a amigos que seu presente de aniversário de 90 anos fosse uma doação ao projeto. Até janeiro de 2023, a Inochi havia conseguido levantar os 70 mil dólares. Em março de 2023, este repasse foi feito para a Aliança e o projeto pode começar. 

• Março e Abril de 2023 — Primeiro mutirão de plantio

Com o apoio da Inochi, em um grande mutirão que envolveu não só a comunidade local mas também povos vizinhos, foram plantadas 5.022 mudas em Sistema Agroflorestal em uma área degradada da Terra Indígena Puyanawa. Instalamos uma bomba d’água movida a energia solar e um tanque de 5.000 litros para garantir a irrigação. Marga, da comunidade Puyanawa, assumiu a responsabilidade pelo cuidado das mudas, que serão monitoradas pelos próximos três anos.

• Maio de 2023 — Viagem

Um grupo de 11 pessoas do lugar fez uma viagem de 10 dias ao território do povo Ashaninka (Acre), cuja cultura e espiritualidade influenciaram fortemente o povo Puyanawa. Alice Fortes, coordenadora da Aliança Reflorestar, tornou essa viagem possível, já que os Ashaninka apenas recebem em seu território não-indígenas que estejam diretamente envolvidos nos projetos que eles desenvolvem. 

• Julho a Dezembro de 2023 — Desafios da Seca

Uma seca severa atingiu a Amazônia, mas, graças ao esforço contínuo da comunidade, a perda foi de apenas 15%. A área reflorestada, antes um pasto árido, começou a se transformar em uma floresta fértil.

• Dezembro de 2023 — Segundo mutirão de plantio

Com um recurso extra e aproveitando o início da temporada de chuvas na Terra Indígena Puyanawa, conhecida localmente como “Inverno”, deu-se início à um segundo (e não previsto) plantio de 1.220 novas mudas, distribuídas em seis áreas diferentes ao redor do Ninho do Beija-Flor, com o objetivo de densificar plantações existentes e criar corredores florestais que conectem remanescentes de mata à floresta ciliar do Rio Moa. Focamos na diversificação alimentar e na criação de corredores ecológicos.

• Fevereiro de 2024 — Visita da Aliança

A equipe da Aliança, acompanhada pela bióloga Nina Arouca, realizou uma visita técnica para avaliar o impacto do reflorestamento iniciado em 2023. A transformação da área, que passou de um pasto árido a uma floresta em recuperação, foi evidente, com as mudas crescendo vigorosamente. A visita também incluiu a entrega da “Cartilha do Reflorestamento”, um relatório impresso e encadernado das ações realizadas até então à comunidade e discussões com líderes locais sobre a expansão do projeto e novas estratégias para garantir a sustentabilidade ambiental e a segurança alimentar dos Puyanawa.

• Março de 2024 — Homenagem a João Fortes

Em homenagem a João Augusto Fortes, fundador da Aliança, e que faleceu em fevereiro de 2024, plantamos 20 Samaúmas, as majestosas Rainhas da Floresta. No total, 6.242 mudas foram plantadas, superando nossas expectativas e honrando o legado de João.