Medite na vida que você já tem – À beira do abismo #12

por Daniel Cunha

Arte de Silvia Guimarães, feita especialmente para nossa comunidade, a partir da fala de Lia Beltrão

Nesse que foi o 12º encontro do estudo do livro À Beira do Abismo, Lia Beltrão comenta um trecho em que a Roshi Joan Halifax apresenta as práticas que podem apoiar o engajamento.

O ato de cozinhar pode ser visto como uma grande metáfora do engajamento. Vamos pegar o exemplo que Roshi Joan Halifax escolheu: o que acontece quando nos relacionamos com um ingrediente como a cenoura. Nós abrimos a geladeira, encontramos cenouras e precisamos fazer uma refeição. Nós precisamos servir aos outros, ou às vezes só ao nosso próprio corpo, mas algum serviço é necessário.

Quando abrimos a geladeira e encontramos as cenouras, podemos olhar para elas mediados por aflições. Podemos olhar a partir da carência e dizer: “Meu Deus, só tenho cenoura, não tenho mais nada aqui, e elas ainda estão meio murchas”. Podemos nos ver como seres carentes. Podemos nos relacionar a partir de um senso de competição. Olhamos as cenouras e pensamos: “Eu vou fazer um bolo de cenoura muito melhor do que aquele que eu comi na casa da minha amiga”. Ou a gente pode olhar até mesmo a partir da raiva, a raiva de ter que cozinhar. Ou raiva da própria cenoura: “Essa cenoura murcha, sem gosto…”.

Então, podemos passear por diversos estreitamentos da mente e por diversas emoções aflitivas a partir daí. E quando fazemos isso, perdemos o espetáculo da cenoura. Perdemos isso que Roshi Joan Halifax falou: a chance de ver a rede de cuidado, de abundância e de vida que fez aquela cenoura brotar.

Todos esses exemplos que eu dei antes, tudo tem um fiozinho que puxa pra: eu, eu, eu. E quando nos relacionamos com a cenoura de outro jeito, percebendo sua abundância, reconhecendo-a como a própria manifestação da bondade fundamental, do fato de que mesmo em meio a todo o colapso do planeta, ainda produzimos cenouras… Aí podemos nos regozijar nisso. Que tem sol, chuva, tem alguém que selecionou a semente, plantou, cuidou, transportou, precificou, até chegar até nós.

Todos esses exemplos que eu dei antes, tudo tem um fiozinho que puxa pra: eu, eu, eu. E quando nos relacionamos com a cenoura de outro jeito, percebendo sua abundância, reconhecendo-a como a própria manifestação da bondade fundamental, do fato de que mesmo em meio a todo o colapso do planeta, ainda produzimos cenouras… Aí podemos nos regozijar nisso. Que tem sol, chuva, tem alguém que selecionou a semente, plantou, cuidou, transportou, precificou, até chegar até nós.

Lia Beltrão, no encontro sobre as práticas que apoiam o engajamento

O vídeo e o áudio completos deste encontro estão disponíveis aos participantes do lugar. Vamos nos reunir por 15 semanas, com encontros e meditações guiadas diárias, práticas sugeridas e rodas de auto-organização para transformação social. Você pode entrar para participar a qualquer momento, tudo está gravado e disponível: olugar.org/abismo

Ouça agora!


Estamos em diversos agregadores de conteúdo, basta buscar por “podcast do lugar”. Para quem tem Spotify e deseja seguir, estamos aqui. Se tem outro gerenciador de podcast, aqui está o RSS para assinar.