SIM 2023: Intensivo online para sonhar outro mundo

Encontros com Erik Pema Kunsang, Kazuaki Tanahashi Sensei, Dra. Yuria Celidwen, Mestra Joana Cavalcante, Deborah Eden Tull, Sulaiman Khatib e Vladimir Safatle, de 13 de fevereiro a 27 de março de 2023.

Arte de Fábio Rodrigues para o SIM 2023, a partir da contemplação da Caliandra (Calliandra dysantha), a flor símbolo do Cerrado

“Dizer não às más ideias e aos maus atores simplesmente não basta. O mais firme dos nãos tem de ser acompanhado por um sim ousado e visionário — um plano para o futuro que seja crível e atraente o suficiente para que um grande número de pessoas se movimente para vê-lo realizado.”

—Naomi Klein (no livro “Não basta dizer não”)

Em 2019 organizamos a primeira edição do intensivo SIM. A reação das pessoas foi tão forte que entendemos a necessidade de organizar esse intensivo anualmente. Nas edições de 2020 a 2022, convidamos grandes seres para nos orientar, entre eles Eliane Brum e Ailton Krenak. Foi maravilhoso, os encontros foram imediatamente transcritos pela comunidade, são vistos até hoje, desaguaram em práticas e acabaram se desdobrando em muitos processos ao longo dos anos.

Agora, de 13 de fevereiro a 27 de março de 2023, faremos uma nova edição do SIM, dessa vez com Erik Pema Kunsang, Kazuaki Tanahashi Sensei, Dra. Yuria Celidwen, Mestra Joana Cavalcante, Deborah Eden Tull, Sulaiman Khatib e Vladimir Safatle, para nos orientar por sete semanas de estudo e prática. Em seus trabalhos, todos manifestam a atitude visionária e propositiva que o Brasil e o mundo tanto precisam.

Será on-line, com cerca de mil participantes de todos os estados do Brasil e de mais de 20 países. Veja abaixo como será e comece o ano imaginando e praticando em comunidade.

Yuria Celidwen, Mestra Joana Cavalcante, Deborah Eden Tull, Erik Pema Kunsang, Kazuaki Tanahashi Sensei, Sulaiman Khatib e Vladimir Safatle (leia sobre os professores convidados logo abaixo)

Um outro mundo é possível

Observe a quantidade de tempo que perdemos repercutindo falas absurdas de políticos, memes e hashtags, distraídos por uma enxurrada de desinformação. Sem querer, ficamos impotentes. Deixamos que a notícia do dia sequestre nossas conversas e defina nossos movimentos. Quando os problemas se intensificam, nossa reação habitual é negar, reclamar, nos juntar pela oposição, apontar culpados e inimigos. Isso quando não “ligamos o foda-se” e tentamos só buscar algum sucesso pessoal.

E se a gente começar a afirmar outra coisa? Em vez de apenas combater monstros e problemas, e se olharmos para a nossa própria bondade e criatividade? E se fortalecermos ainda mais nossas qualidades positivas, sonhos, visões amplas e relações? E se trocarmos desespero por compaixão, medo por alegria, autointeresse por comunidade?

2 minutos com Ailton Krenak, Joanna Macy, Roshi Joan Halifax, Reinaldo Nascimento e Tenzin Wangyal Rinpoche no SIM 2019 e 2020

É hora de retomar nossa dignidade. É hora de desbloquear nossa imaginação para expandir os limites do que hoje parece possível. É hora de dizer sim para um outro mundo. Se não deixamos nossa visão ser aprisionada, a vida ser rebaixada e as conversas serem pautadas externamente, somos muito mais poderosos do que parecemos. Como diz Alan Wallace, esse mundo precisa ser chacoalhado. E calhou de ser por nós! Quem mais poderia chacoalhar o mundo?

Convidamos grandes seres para imaginar conosco e sugerir práticas!

Ficamos muito honrados com cada “Sim” que recebemos ao convidar esses grandes professores. Agradecemos cada participante do lugar que torna possível fazermos esses convites em nome de toda uma comunidade.

Erik Pema Kunsang

Erik Pema Kunsang nasceu na Dinamarca e desde 1972 estuda e pratica os ensinamentos de Buda. Ele foi treinado por muitos mestres, incluindo Tulku Urgyen Rinpoche, com quem permaneceu por 16 anos como aluno, assistente e intérprete. Desde 1975 é guiado por Chökyi Nyima Rinpoche. Com o incentivo de Rinpoche, Erik iniciou um centro de estudos e um programa de tradução em 1981, ambos com o nome de Rangjung Yeshe. Sob orientação de grandes mestres, Erik traduziu e publicou mais de 60 livros!

Em 2016, Erik fundou o BodhiTraining, um programa educacional de dois anos que explora todos os níveis de percepção dos ensinamentos do Buda, dando aos participantes a oportunidade de se conectar com o dharma de maneira gradual, experiencial e interativa.

Atualmente, ele leva uma vida tranquila com sua esposa Tara no centro budista Rangjung Yeshe Gomde, na Dinamarca, ensinando, praticando e cantando mantras e canções budistas, além de um pouco de jardinagem.

O encontro com Erik Pema Kunsang será traduzido pela querida Jeanne Pilli!

Foto: Philip Krayna

Kazuaki Tanahashi Sensei

Kazuaki Tanahashi Sensei é artista, tradutor, ativista e erudito Zen Budista. Mudou-se para os Estados Unidos em 1977 para atuar como tradutor e professor residente no San Francisco Zen Center (fundado por Shunryu Suzuki Roshi).

Mestre calígrafo e artista treinado no Japão, tem ensinado e feito exposições ao redor do mundo há 50 anos, é criador do gênero de pintura em um único traço e dos círculos Zen multicoloridos. Escritor, editor e tradutor prolífico, produziu mais de quarenta livros em inglês e japonês, incluindo o conjunto amplo dos ensinamentos do Mestre Zen Dogen.

Como ativista ambiental, foi o secretário fundador do Plutonium Free Future. Ativista da paz, trabalhou contra a corrida armamentista nuclear e nas duas Guerras do Golfo, é diretor fundador do Ten Millenium Project e da iniciativa A World Without Armies para a desmilitarização das nações. Também é membro da Academia Mundial de Arte e Ciência, fundada por Albert Einstein.

Em 2020, Kaz Sensei participou do SIM e nos estimulou a compor canções de paz, o que fez a comunidade criar diversos poemas e mais de 10 músicas! Kaz Sensei está por trás também de nosso laboratório de auto-organização, chamado de Pensamento Profundo, Ação Eficaz.

Yuria Celidwen

A Dra. Yuria Celidwen é descendente de indígenas Nahua e Maya das terras altas de ‎Chiapas, ‎no México. Sua pesquisa examina a experiência de transcendência em tradições contemplativas indígenas de amplo alcance e como sua incorporação aprimora o comportamento pró-social em direção ao que ela sugere ser uma “ética de pertencimento” (ética, compaixão, bondade, reverência e um senso de maravilhamento, ‎amor e sacralidade).‎ Este trabalho é fundamentado em uma identidade baseada na Terra para ‎incentivar o bem-estar relacional, propósito e ações em direção ao florescimento planetário.

Sua abordagem transdisciplinar cruza estudos indígenas, psicologia cultural e ciência contemplativa para unir as metodologias indígenas e ocidentais para a equidade epistemológica. Ela enfatiza a recuperação, revitalização e transmissão da sabedoria indígena e o avanço dos direitos dos povos indígenas e os direitos da Mãe Terra.

A Dra. Yuria é membro sênior do Other & Belonging Institute da Universidade da Califórnia, Berkeley, onde trabalha para criar pontes de pertencimento, recuperando espaços para a sabedoria indígena na academia e na sociedade ocidentais. Em sua carreira profissional nas Nações Unidas, seu trabalho apoia os esforços humanitários internacionais para a implementação da Agenda 2030 e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com foco no avanço dos direitos dos Povos Indígenas e dos direitos da Natureza. Ela co-preside a Unidade de Tradições Religiosas Indígenas e é membro do comitê diretor da Unidade de Estudos Contemplativos da Academia Americana de Religião. Seu site é yuriacelidwen.com

Mestra Joana Cavalcante

Mestra Joana Cavalcante é a primeira e única mestra de uma nação de Maracatu de baque virado da história.

É Mestra da Nação Encanto do Pina e fundadora do Mazuca da Quixaba, grupo que recria artisticamente as músicas e danças do Ylê de sua avó, num resgate cultural único de fragmentos da história oral de velhos mestres da Jurema, misturado com o som e a pisada do coco de terreiro. Também fundou o Baque Mulher, primeiro grupo de maracatu de baque virado composto só por mulheres, que além da matriz em Recife tem 39 filiais espalhadas pelo Brasil e também em Lisboa, Portugal.

Militante na comunidade do Bode, no bairro do Pina, em Recife, Mestra Joana tem desenvolvido ações afirmativas na comunidade, por meio de aulas de costura, confecção de adereços e dança. Em 1999, sentindo a falta de opções culturais e de lazer das crianças e adolescentes do bairro do Pina, criou o grupo Oxum Opará, com meninas de 7 a 18 anos.

Yalorixá Mãe Joana da Osum, é uma verdadeira guardiã da cultura popular e ancestral, comprometida em fortalecer pessoas negras, especialmente mulheres. Em 2018, recebeu a medalha Miêtta Santiago em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.

Deborah Eden Tull

Deborah Eden Tull é professora budista, ativista e educadora ambiental. Ensina como integrar a consciência compassiva em todos os aspectos de nossa vida, “sem deixar nada de fora”, a partir de ensinamentos do mundo natural, do xamanismo, do animismo, da conexão com o corpo e da ecologia profunda.

Eden treinou por sete anos e meio ano como monja budista em um monastério Zen na Califórnia. Ensina o dharma entrelaçado com a visão e as práticas pós-patriarcais, baseada na sabedoria incorporada de nossa unidade com a grande vida, com o mundo além do humano. Eden tem um dom especial para facilitar práticas de investigação, inteligência relacional e compaixão feroz. Ela se baseia em sua própria experiência de navegar pela perda, doença e trauma, orientando as pessoas a reconhecer a escuridão como professora do amor.

Ensina também no Mindful Awareness Research Center da Universidade da Califórnia (ULCA). E oferece treinamentos experimentais em escuta profunda, inteligência relacional, liderança regenerativa, ativismo espiritual e eco-dharma.

Trabalha com permacultura e comunidades sustentáveis há mais de 25 anos, incluindo um projeto de CSA (Comunidade que Sustenta a Agricultura). Ela também é instrutora do Trabalho Que Reconecta, programa criado pela professora Joanna Macy para transformar nossa dor e amor por nosso mundo em ação compassiva.

Deborah Eden Tull é autora dos livros Relational Mindfulness, The Natural Kitchen e Luminous Darkness (2022). Atualmente mora nas montanhas do oeste da Carolina do Norte, nos EUA, originalmente território Cherokee.

Sulaiman Khatib

Sulaiman Khatib é co-fundador do Combatants for Peace e foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz de 2017 e 2018.

Ele é membro do Conselho de Iniciativas do Oriente Médio e um organizador local reconhecido internacionalmente por suas contribuições para a promoção da paz, justiça social e igualdade para todos. Ele é um renomado palestrante e conferencista em todo o mundo. Em 2006, Khatib foi co-fundador e Diretor Geral da Associação Al-Qud para Democracia e Diálogo. O programa trabalha com jovens para criar projetos e programas eficazes e sustentáveis com foco na promoção da paz, democracia e participação cívica nos Territórios Palestinos. Em 2008, ele co-fundou o People’s Peace Fund. Em 2010, ele se tornou o diretor da Alquds, uma organização que organizou times esportivos juvenis entre israelenses e palestinos.

Aos 14 anos, Khatib foi condenado a quinze anos de prisão e cumpriu pena de dez anos e meio, onde passou seu tempo aprendendo sobre história, hebraico, inglês e sobre outros conflitos mundiais e ativistas pela paz, como Ghandi e Mandela. Ele adquiriu toda a sua educação e visão de mundo na prisão. Foi quando ele começou a ter novos pensamentos sobre o conflito e os meios para resolvê-lo. Como resultado, ele é hoje um defensor comprometido da paz no Oriente Médio e tem sido um membro ativo de vários programas que visam promover uma solução pacífica para o conflito palestino-israelense nos últimos vinte anos. Durante a segunda Intifada, ele foi uma das principais vozes que clamavam por uma resistência não violenta.

Em 2004, ele foi em missão à Antártica com um grupo conjunto de israelenses e palestinos. Sua equipe consistia em oito membros: quatro israelenses, quatro palestinos – muitos dos quais eram ex-combatentes de ambos os lados. Eles navegaram mais de 100 km nas águas mais perigosas do mundo e escalaram um pico nunca escalado. O objetivo: “encontrar um terreno comum”.

Sulaiman estrelou ao lado de outros ativistas do Combatants for Peace em Disturbing the Peace (2016), filme premiado que detalha as origens do movimento. Sulaiman é o autor de In This Place Together: A Palestinian’s Journey to Collective Liberation, junto com Penina Eilberg-Schwartz. A obra narra as poderosas experiências que o levaram a dedicar sua vida à não-violência conjunta, enfrentando a profunda injustiça da tortura, testemunhando o poder das greves de fome e estudando a história judaica.

Foto: Marcos Vilas Boas (Cult, 2019)

Vladimir Safatle

Vladimir Safatle é filósofo, escritor e músico brasileiro nascido no Chile em 1973 — filho do ativista Fernando Safatle, que participou do movimento contra a ditadura no Brasil, e de Ilmeide Tavares Pinheiro.

Em 1997, concluiu o seu mestrado de filosofia na USP sob a orientação de Bento Prado Júnior, com o título “O amor pela superfície: Jacques Lacan e o aparecimento do sujeito descentrado”. Em 2002, concluiu o doutorado em “Espaços e transformações da filosofia” na Universidade Paris VIII, sob a orientação de Alain Badiou. Sua tese de doutorado, intitulada A Paixão do Negativo: Modos de Subjetivação e Dialética na Clínica Lacaniana, foi publicada em 2006 pela Editora UNESP e traduzida para o francês em 2010.

Desde 2003, Vladimir Safatle é professor no Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo, sendo professor titular da cadeira de Teoria das Ciências Humanas desde 2019, além de professor convidado e pesquisador em outras universidades e instituições europeias, africanas e norte-americanas (Paris I, Paris VII, Paris VIII, Paris X, Toulouse, Louvain, Stellenboch Institute of Advanced Studies/Africa do Sul, Essex, Berkeley). Com Christian Dunker e Nelson da Silva Jr., fundou e coordena o Laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise da USP (Latesfip-USP).

É colunista do jornal Folha de S. Paulo, da revista Cult e de muitas outras publicações. Entre seus livros mais recentes, estão O Circuito dos Afetos: Corpos Políticos, Desamparo e o Fim do Indivíduo, Patologias do social: arqueologias do sofrimento psíquico, Maneiras de transformar mundos: Lacan, política e emancipação e O neoliberalismo como gestor do sofrimento psíquico.

Vladimir Safatle é também pianista e compositor. Criou trilhas sonoras para peças de teatro como Leite Derramado e Caesar, ambas de Roberto Alvim. Em 2019, lançou, juntamente com a cantora Fabiana Lian, o álbum Músicas de Superfície, com peças para piano e voz. Em 2021, lançou o álbum Tempo Tátil, pelo Selo Sesc.

Com participação política ativa, ministrou várias aulas públicas em greves e eventos de ocupação como “Ocupa Sampa” e “OcupaSalvador”.

A mediação será de Lia Beltrão, Gustavo Gitti, Fábio Rodrigues, Geovana Colzani e Daniel Cunha. Nos encontros em inglês, haverá tradução para o português.

Onde começa um novo mundo?

“A hora de florescer é agora.”

—Patti Smith

Diante de tanta ignorância, desigualdade, injustiça, preconceito e destruição, parece quase impossível saber por onde começar a transformação.

O Intensivo SIM e também a arte do Fábio Rodrigues, artista e um dos coordenadores do lugar, é inteiro inspirado pela visão da primavera, presente nos ensinamentos de Mestre Dogen e constantemente ensinada por Lama Padma Samten e Kazuaki Tanahashi Sensei, ambos professores do Fábio.

A cada ano, a flor e a arte mudam. Dessa vez, a flor que motivou o Fábio a criar a arte para o intensivo SIM de 2023 é a Caliandra (Calliandra dysantha). Conhecida popularmente pelos nomes de flor-do-cerrado, ciganinha, caliandra ou esponjinha, é uma planta vigorosa que adapta-se com grande facilidade a todas as regiões do Brasil. E a Caliandra é a flor símbolo do Cerrado.

Pouco falado na grande mídia: o Cerrado é classificado como um bioma de extrema importância, lar de variadas espécies de fauna e flora que só existem lá, e de onde brotam as águas que alimentam as grandes bacias do continente sul-americano. E, por inacreditável que pareça, esse bioma tão importante e delicado está hoje em processo de degradação ainda mais acelerado do que o da floresta amazônica. Com um sério agravante: o Cerrado é um ambiente antiquíssimo e em clímax evolutivo, ou seja, uma vez degradado, ele não se recupera mais na plenitude de sua biodiversidade. Por isso, tristemente, o bioma é considerado uma matriz ambiental que já está em extinção. 

Como explica o professor e pesquisador Altair Sales Barbosa: não existem mais comunidades vegetais de formas intactas; não existem mais comunidades de animais — grande parte da fauna já foi extinta ou está em processo de extinção; os insetos e animais polinizadores já foram, na maioria, extintos também; por consequência, as plantas não dão mais frutos por não serem polinizadas, o que as leva à extinção também. Por fim, a água, fator primordial para o equilíbrio de todo esse ecossistema, já está em menor quantidade a cada ano.

Florescendo no auge da estação seca, persistentes e vicejantes fagulhas vermelhas em meio à paisagem árida e poeirenta, as Caliandras chamam pela nossa compaixão, pela mais imaginativa e urgente ação protetora de que formos capazes. Pelo bem da vida, pelo nosso próprio bem, a destruição precisa parar imediatamente!

Para saber mais, veja o maravilhoso documentário Sertão Velho Cerrado. Se você tem desejo sincero para engajar em ação direta de proteção ao Cerrado, escreva para o Fábio: iodris@gmail.com

Falas curtinhas de Lama Padma Samten, Kazuaki Tanahashi Sensei, Geni Nuñéz, Camila Nunes Dias e Thiago Ávila no SIM de 2021

“Quando a velha ameixeira se abre de repente, surge o mundo das flores desabrochando. No momento em que surge o mundo das flores desabrochando, a primavera chega.”

—Eihei Dogen

“Onde a primavera surge? A primavera surge dentro. Quando ela surge dentro, ela surge fora. Esse é o poder das flores. O velho tronco está seco e num certo momento ele produz flores em meio a um ambiente gelado. As pessoas veem as flores e dizem que é primavera. Antes de verem as flores, elas olham aquela paisagem e dizem que é inverno. Quando elas veem as flores, o gelo ainda está ali, mas elas começam a dizer que já é primavera!

Então, poderíamos pensar que o mundo vai se transformar pelas armas, ou por alguma coisa mais sólida, mas ele se transforma pelas flores! Acho isso muito comovente porque a visão de mundo muda e o impulso das ações acaba mudando junto.

Quando a sabedoria ou a compaixão se apresenta, ela não se apresenta pela força, ele se apresenta como flor. Ela se apresenta como mudança de visão e como essa mudança de visão pertence a própria natureza, ela não é uma artificialidade que está sendo construída… apenas estamos a reconhecendo.

Cada um de nós tem como missão principal produzir as flores correspondentes à primavera.”

—Lama Padma Samten

“Eu queria que as pessoas olhassem para as plantas nascendo de novo.”

—Emicida
Uma flor abre o mundo, Fábio Rodrigues

Uma flor de presente para você!

Para quem quiser, vamos enviar pelo correio uma pintura original inspirada pela flor dessa edição do SIM. Será sem custos adicionais, como uma oferenda possibilitada por toda a comunidade e também por Fábio Rodrigues, um dos coordenadores do lugar, artista e aluno de Sensei Kaz (professor e artista extraordinário que também estará conosco em um dos encontros do SIM).

Estas são pinturas da série “Uma flor abre o mundo”, de Fábio Rodrigues, criadas com pincéis japoneses e artesanais, de cerdas naturais, usando base pigmento de carvão e tinta acrílica sobre papel reciclado, no tamanho de 17 x 32 cm. Cada uma das peças é original, única e assinada com o tradicional “hanko” estampado em tinta vermelha de cinábrio.

O hanko é um carimbo com o nome do artista (dado por sua mestra ou mestre) entalhado em pedra na escrita ancestral de selo ou de ossos oraculares. Ele é, ao mesmo tempo, um elemento estético da pintura, a assinatura e o selo de autenticidade.

A tinta usada para o selo é feita a partir do cinábrio (cinabre ou cinabarita), um mineral de cor vermelha brilhante que ocorre em veios e aluviões, que é misturado com óleo e fibras de seda ou plantas como a artemísia para se tornar uma pasta consistente e luminosa.

Uma flor abre o mundo, Fábio Rodrigues

Quando e como será

Quando: de 13 de fevereiro a 27 de março de 2023. Os encontros acontecem às segundas, das 19h30 até às 21h (horário de Brasília), via Zoom. Não há problema algum se você não conseguir acompanhar ao vivo. É tudo gravado e os vídeos ficam disponíveis em uma página especial com materiais de apoio, práticas sugeridas, meditações guiadas e espaço de relatos.

Como: a cada semana, teremos uma palestra online (gravada e disponível na íntegra a qualquer momento), um texto de apoio e uma prática para experimentarmos coletivamente. Depois do SIM, vamos seguir assim por todo o ano, com outras práticas, meditações guiadas e ciclos de estudos em comunidade, toda semana.

Agenda dos encontros principais

Segue a programação dos encontros ao vivo com os professores convidados (no horário de Brasília). Sugerimos abrir sua agenda e colocar cada evento com cuidado, pois nem todos são na segunda, nem todos começam no mesmo horário e há semanas com dois eventos. Foi o milagre que se deu em meio à agenda riquíssima desses seres:

13/fev, próxima segunda, 19h30 – Deborah Eden Tull

20/fev – Pausa de carnaval

27/fev, segunda, 19h – Yuria Celidwen

6/mar, segunda, 19h30 – Sulaiman Khatib

12/mar, domingo, 11h – Erik Pema Kunsang

13/mar, segunda, 19h30 – Mestra Joana Cavalcante

20/mar, segunda, 19h30 – Kazuaki Tanahashi Sensei

27/mar, segunda, 19h30 – Vladimir Safatle

Quer participar do intensivo SIM?

A participação no intensivo é inseparável da participação na comunidade do lugar. A cada semana, além do encontro principal, temos meditação ao vivo nas manhãs de silêncio (gravadas para você praticar a qualquer momento) e rodas do “Laboratório de autoorganização”. Apostamos em continuidade e em comunidade, não em ações isoladas e pontuais.

Além de 4 edições do intensivo SIM, ao longo dos últimos anos também oferecemos diversos ciclos de aprofundamento (como os mais recentes “Quando tudo se desfaz” e “Vida e morte”) e estudos anuais por pelo menos 12 semanas — já estudamos os livros Um coração sem medo, Quando tudo se desfaz, O poder de uma pergunta aberta, A lógica da fé e À beira do abismo. Todos os vídeos, áudios e materiais desses ciclos, intensivos e estudos inteiros seguem disponíveis para quem entrar agora.

Fim do encontro com Ailton Krenak logo antes da pandemia no Brasil, no SIM 2020
Ailton Krenak e 300 pessoas ao vivo no intensivo SIM 2021 (foram muitas telas dessas!)

Se você já participa do lugar, é só colocar na agenda e relaxar. Se participava e deu um tempo, é só voltar.

Se deseja entrar no lugar para participar do SIM, veja abaixo como funciona. O intensivo é mais um dos movimentos que fazemos de modo contínuo para apoiar o florescimento das pessoas.

O que é o lugar?

O lugar é uma comunidade online para pessoas dispostas a fazer o trabalho (diário, paciente e às vezes sujo) da transformação. Cada pessoa é desafiada a se familiarizar com seu mundo interno e investigar diretamente, colocando à prova da experiência: Como a gente se transforma, pra valer, sem oba-oba ou fogos de artifício, com o pé no chão do cotidiano? O que é felicidade genuína? Como aproveitar os problemas nos relacionamentos, no trabalho, nas finanças, na vida em geral, em um caminho de florescimento humano? Como viver mais em comunidade?

Uma prática por semana, todos juntos

Cada vez mais desconfiamos de ações isoladas e pontuais, de epifanias e oba-oba. Apostamos em continuidade, em praticar e tornar vivo o que já estamos cansados de entender. A cada semana, todos os participantes do lugar se juntam para experimentar uma prática e conversar sobre suas experiências, afinal estamos sofrendo do mesmo adoecimento coletivo: ansiedade, depressão e falta de sentido, ciúme e carência, raiva e competição…

Convide uma amiga

Temos percebido que muitas pessoas que participam da comunidade estão convidando amigas e parentes, pois facilita ter alguém próximo imerso nas mesmas práticas e contemplações. Portanto, se quiser potencializar seu aprofundamento, sugerimos que você convide duas pessoas próximas para o intensivo. Nossa transformação só vai se tornar natural e contínua se a rede ao nosso redor mudar também.

Além disso, estamos em um ano importantíssimo para o futuro do Brasil. Vamos precisar de muita clareza, compaixão, entusiasmo, magnetismo e poder de organização para apoiar as transformações que tanto sonhamos. Imagine que maravilhoso se mais pessoas ouvirem e ressoarem a sabedoria de Erik Pema Kunsang, Kazuaki Tanahashi Sensei, Yuria Celidwen, Mestra Joana Cavalcante, Deborah Eden Tull, Sulaiman Khatib, Vladimir Safatle…

É só ligar para a pessoa ou enviar o link para essa página: olugar.org/sim

Se preferir, você pode dar de presente: olugar.org/presente

Para você entrar e participar do lugar

O lugar é uma empresa bem pequena (veja quem somos). Somos sustentados pela generosidade direta dos participantes, que se alegram em oferecer e apoiar esse trabalho, tornando possível tudo o que organizamos e oferecemos ao longo de todas as semanas do ano, desde 2013.

Para entrar e participar, o valor da contribuição é R$ 110* por mês, via cartão de crédito. Para entrar via cartão de crédito, clique abaixo em “Quero entrar”. A liberação de acesso é imediata e você pode cancelar a qualquer momento ou seguir conosco o ano inteiro, aproveitando os estudos e ciclos que já oferecemos (aos quais você ganhará acesso total) e os encontros, práticas e ciclos que vamos oferecer depois.

Se preferir depósito bancário (demora 2 dias), clique aqui. Se você fala português, mas não é brasileiro (não tem CPF), escreva para nós: coordenacao@olugar.org

Quero Entrar

*Se você você sentir que esse valor não se adequa à sua realidade (especialmente se estiver em situação de vulnerabilidade social), não deixe que dinheiro seja um obstáculo. Isso só é possível pela generosidade de todos os participantes atuais. Preparamos uma página especial para você pedir o apoio da comunidade.

Nos vemos no lugar. Será um prazer seguir mais junto de você!