O Fio e a Teia: Um relato da COP30
A equipe do Reflorestar esteve na COP30. Eu poderia narrar nossa jornada naqueles dias como se ela fosse um fio ou uma estrada com diferentes paradas. E é assim que eu vou começar. Mas já alerto que esse fio vai ser só o começo. Depois vem outra coisa.
O começo
A primeira parada dessa estrada foi a apresentação do projeto no espaço da FreeZone, um espaço cultural e de experiências paralelas à conferência oficial em Belém, aberta ao público para debater sustentabilidade. Nosso painel, chamado de “Projeto de Sucesso em Reflorestamento”, aconteceu logo no primeiro dia da COP (dia 10 de. novembro) e nele as vozes de cada um de nós seis contou um pedaço dessa história — Puwe Puyanawa e Varí Puyanawa, os coordenadores locais do nosso projeto de reflorestamento e fundadores do Centro Ewe Pidu; a Claire Greensfelder, co-diretora, ao lado de Kazuaki Tanahashi Sensei da Inochi; a Alice Fortes, coordenadora da Aliança Reflorestar da Amazônia, nosso parceiro técnico; e Fábio Rodrigues e eu, daqui da comunidade o lugar. Foi lindo começar contando essa história a seis, com imagens do plantio e do povo Puyanawa exibidas em um telão imenso e onde também projetamos as imagens de Kazuaki Tanahashi, João Fortes, Ailton Krenak e Chico Mendes, honrando-os como as quatro pessoas fundamentais para o nascimento dessa rede. Essa primeira parada terminou com a voz forte de Puwe preenchendo todo o espaço do domo, contando uma canção para os ancestrais. Foi de arrepiar.
Barriga de bicho
No dia seguinte, em nossa segunda parada, nos cadastramos como observadores na chamada Zona Azul, onde os países conduzem as discussões e acordos sobre mudanças climáticas, organizadas pela UNFCCC (ONU). Nossa participação ali tinha mais a ver com, como a Claire colocou, levar nossa energia para o espaço — não tivemos uma agenda na programação oficial.

Nesse primeiro dia, assistimos a alguns eventos paralelos — procuramos aqueles que estivessem dentro dos temas povos indígenas e iniciativas inter-religiosas. Os eventos eram em inglês e sem tradução e logo Puwe e a Varí se sentiram pouco à vontade ali. Conversamos sobre isso: como, apesar de um grande esforço de inclusão, o próprio ritmo e a estrutura da Zona Azul não eram nenhum pouco convidativos para os povos da floresta. Fiquei pensando em quantos outros indígenas haviam sentido o mesmo e me deparei com esse excelente texto de Wajã Xipai para a Sumaúma, no qual ele fala sobre se sentir engolido e afogando naquela arquitetura que parecia o estômago de um bicho. Varí e Puwe também não quiseram ficar muito tempo naquela barriga de bicho.
Organizei para que os dois voltassem em segurança para casa e eu voltei para o estômago, que — tenho que confessar — me pareceu fascinante. Gostei de ver a “biodiversidade de humanos” naquele lugar, como disse Antônio Nobre nessa entrevista para a Rádio Sumaúma. Sim, sou um pouco emocionada, e olhando para aquelas pessoas vindas de tão longe, gente de 190 países circulando naquele calor tenebroso (já falaremos sobre isso), eu não conseguia deixar de pensar: “A grande maioria das pessoas andando por aqui quer um outro mundo. Quer mais justiça, mais respeito à terra, quer uma história de continuidade, de regeneração. E está dedicando sua vida dos mais diferentes modos para que isto aconteça”.
Foi também o Antônio Nobre que disse ter ouvido na COP30 pela primeira vez o termo hopio, uma mistura de hope, esperança em inglês, e ópio, que descreve essa espécie de “barato” que as COPs geram nas pessoas, mas que é mais ilusão do que realidade. Bom, se quiserem classificar assim, tudo bem. Mas que me emociona, me emociona. Tenho que confessar que fiquei frustrada com a falta de debate e troca real durante os eventos na Zona Azul — parecia tudo cronometrado para não ter tempo de conversa, mas mesmo assim, sou fascinada com a mera tentativa de gerar acordos que envolvem tantas estruturas. Se essa COP conseguiu estabelecer bons acordos é outra história e parece estar em debate até hoje entre especialistas. Neste episódio do Las Niñas, um podcast sobre emergência climática, Carol Prolo e Natalie Unterstell fazem um balanço completo e bastante confiável das frustrações e vitórias dessa COP, e a gente pode analisar melhor por nós mesmas se tudo se resume a hopio ou não.
O encontro com o Senador Whitehouse
A próxima parada da equipe nessa estrada COP30 foi a nossa participação em um evento da TED Countdown House, iniciativa dedicada às questões climáticas, que recebeu em Belém o senador estadunidense Sheldon Whitehouse — na ocasião, o único membro do Congresso dos EUA presente na COP30. Em um clima de troca íntima, tivemos a honra de ser apresentados pela Claire, enquanto Alice e, em seguida, Puwe compartilharam nossa atuação e as ações de regeneração no território Puyanawa. Foi estranho e ao mesmo tempo comovente testemunhar aquele diálogo entre mundos tão distantes: Puwe, com sua fala serena e convicta, afirmou:
“Não posso dizer que o que os outros fazem está errado, mas sei que o que faço é certo: cuidar da terra, da vida, dos rios. É isso que seguiremos fazendo.”
O senador, por sua vez, falou de sua luta pela taxação das grandes corporações de combustíveis fósseis, enfatizando ser esse um caminho crucial para redução das emissões.
Arte pela Vida
A última parada da equipe foi o evento “Arte pela Vida”, no domingo, dia 16. Nas primeiras reuniões com Sensei Kaz ele nos sugeriu fazer um evento que trouxesse arte, música e celebrasse as características únicas que fizeram este nosso projeto vir ao mundo. E bem, nós aqui no lugar somos uma comunidade de prática, a meditação está no nosso DNA. Então nada mais justo do que incluir uma oficina que nos provocasse a refletir e sentir a relação do reflorestar fora com o reflorestar dentro. Para mim, que conduzi o encontro, foi um dos momentos mais bonitos da estrada: poder sentar em roda, dedicar um tempo para olhar para nosso mundo interno, silenciar, conversar sobre essa pausa tão necessária — exatamente ali, no maior evento sobre clima do mundo.

Almoçamos juntos na própria Casa do Sol, com as donas do espaço, Grace e Cris, que foram de uma gentileza incrível. À tarde, trouxemos a linhagem da pintura contemplativa do Sensei Kaz para Belém, através da oficina do Fábio Rodrigues. Treinamos integrar foco e relaxamento na lida com tinta, pincel e papel. E no final, cada um, expressou uma palavra em forma de arte: Gaia, Espaço, Propósito, foram algumas das que lembro.

E essas palavras viraram exposição de arte para o nosso momento final: assistimos a um vídeo-entrevista com o Sensei Kaz onde ele fala sobre sua visão de espiritualidade engajada e do nosso trabalho junto pela Amazônia; ouvimos algumas palavras da equipe do projeto; e nos deixamos levar pelas canções Puyanawa, nas vozes de Puwe e Varí. Enquanto eles cantavam, juro que senti como se a Casa do Sol estivesse cheia, cheia de gente. Gente invisível, da floresta e da cidade, querendo se reunir ali com a gente para cantar junto pela vida.

Como eu disse no começo do texto, esta é uma forma de narrar nossa jornada: uma estrada, uma equipe andando junto, e fazendo diferentes paradas no caminho. Mas eu sinto que a ideia de estrada é insuficiente para a experiência que foi viver a COP30. Uma estrada é uma linha, um fio, começa aqui, acaba ali. E eu sinto que o que vivemos está mais para uma teia — talvez uma teia de aranha grande e complexa, onde não há começo nem fim, e cada fio sustenta o resto.
Começar pelo nascedouro da vida
Tomando a perspectiva da teia, e não da linha, a nossa COP30 começou não em um evento de apresentação em Belém, mas no coração pulsante da Amazônia: nas visitas às terras indígenas Puyanawa e Nukini e ao Parque Nacional da Serra do Divisor, no Acre. Durante oito dias, mergulhamos exatamente no tipo de mundo que a COP se propõe a proteger: um ecossistema ainda em equilíbrio, sustentado por povos que reconhecem seu valor e vivem para defendê-lo e enriquecê-lo.
Puwe descreveu assim: “Começamos no nascedouro da vida, que é a Serra do Divisor”. De fato, não é exagero dele: os números sobre a riqueza desse lugar desafiam a compreensão. Esse parque nacional, uma das áreas de maior conservação da Amazônia, é um hotspot dentro de um hotspot. Estudos apontam que a região abriga mais de 1.200 espécies de plantas vasculares, cerca de 500 espécies de aves (mais de 25% de todas as encontradas no Brasil!) e uma incrível variedade de mamíferos, incluindo espécies endêmicas e ameaçadas, como a onça-pintada e o cachorro-vinagre. O povo Nukini, que vive ali na borda do parque, é inclusive chamado de povo onça. A biodiversidade da Serra do Divisor é tão vasta que logo depois que voltamos da COP30 foi anunciado o registro (raríssimo para a ornitologia) de uma nova espécie de ave na região, nomeada de sururina-da-serra. Estar lá era entender, na pele, o significado real de ‘serviços ecossistêmicos’, ‘sequestro de carbono’ e ‘resiliência climática’. É estar no patrimônio genético e climático do planeta em sua forma mais pura.

O modelo “cidade”
Foi assim, carregando no corpo seiva de vida, que chegamos em Belém. E à revelia de todos os problemas anunciados durante a preparação para a COP30, nossa experiência pela cidade foi maravilhosa. Graças aos contatos da Joice Ferreira (leia Joice aqui), cientista climática que ofereceu uma fala para o lugar no SIM deste ano (2025), ficamos em um ótimo apartamento, não enfrentamos os temidos problemas com Uber, comemos super bem e, em em quase todo final de evento, havia uma apresentação de carimbó, soltando um pouquinho da tensão criada pelas discussões. Fora isso, as pessoas da cidade são de uma gentileza absurda. (Só o chanceler alemão Friedrich Merz, que passou menos de vinte e quatro horas em Belém, teve o disparate de falar mal da cidade).
No entanto, como toda grande cidade do Brasil, Belém não consegue esconder as marcas de uma vida de políticas que não são voltadas para o povo. Uma das marcas desse descaso parecia gritar diante dos meus olhos: o problema do saneamento básico. Os dados confirmam que as cenas de esgoto à céu aberto que vi nos arredores do bairro de Jurunas, onde ficamos hospedados, não é uma exceção: segundo o Painel do Saneamento Brasil, apenas 18,6% da população urbana tem esgoto coletado e dados de 2022 mostram que apenas 68,1% da população urbana de Belém tem acesso à água encanada — isso a torna a oitava pior cidade do Brasil nesse quesito. E é inevitável perceber o contraste entre o modo de vida dos povos Puyanawa e Nukini e grande parte da população de Belém e não chegar à conclusão que o próprio modelo de cidade é um projeto insustentável.
Mensagens da Teia da Vida
O fato inescapável é que Belém espelha fielmente o nosso mundo em transição. E durante nossa estadia na cidade, em meio ao maior evento de discussão e decisão sobre mudanças climáticas do mundo, comecei a perceber algo que, me desculpem os materialistas, eu gostaria de classificar como “mensagens da teia da vida”. Acho que não fui a única a sentir a presença dessas vozes em situações aparentemente banais. Algo acontecia e de repente parecia que o planeta estava dizendo, com completa claridade, para cada delegado, jornalista e ativista presente: ‘Sintam na pele a urgência do que estão decidindo’.
Talvez a mais pungente e direta dessas mensagens era algo inescapável: o calor opressivo, quase impossível de lidar em alguns momentos. Mesmo nos pavilhões da Zona Azul, as altas temperaturas em certos espaços foram alvo de reclamação e houve quem precisasse de atendimento médico. E vale lembrar que entre o público que circulou e passou calor nesta cobiçada (e criticada) área onde acontecem as negociações diplomáticas, havia cerca de 1600 lobistas da indústria dos combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão). Durante a COP, a advertência do renomado cientista brasileiro Carlos Nobre, um dos maiores especialistas em Amazônia, esteve em alta nas redes sociais: em entrevista ao G1, ele alertou que, se o desmatamento continuar, Belém pode se tornar uma cidade inabitável devido ao calor extremo e à umidade até o ano de 2070. A realidade já estava ali. A mensagem de Gaia se sentia na pele.
Uma outra mensagem da teia da vida: uma sumaumeira adoecida exatamente na via de entrada para a Zona Azul. Fosse você um chefe de estado ou, como nós, meros observadores, você tinha que passar ao lado dela. Quando a vi pela primeira vez me pareceu uma árvore de cabeça para baixo, a copa sendo uma raíz atrofiada, voltada para o céu. As raízes insistindo em quebrar o asfalto sufocante, mas sua copa amputada parecendo chorar de dor.
No nosso primeiro dia na Zona Azul, quando a equipe inteira foi fazer o cadastramento e participar dos primeiros painéis, Puwe a viu e disse: “Em um evento pelo clima e esta sumaúma depenada bem na frente, né?” O sofrimento daquela árvore ficou dentro de mim e procurei um amigo de Belém para que ele me ajudasse a descobrir a história dela. Mas outras pessoas tinham visto o mesmo: Guilherme Guerreiro Neto, da Sumaúma (não a árvore mas a plataforma de jornalismo) contou a história dela, que foi podada há sete meses pela prefeitura de Belém devido à presença de cupins e um besouro chamado mãe-do-sol. Com a sensibilidade típica dos jornalistas-floresta da Sumaúma, Guilherme narra o encontro de Raimunda Gomes da Silva e Bel Jurunas com esse ser e seu sofrimento. Uma das árvores mais icônicas da floresta amazônica podada e sufocada pelo asfalto justamente ao lado do palco dos encontros globais sobre o clima — se isso não é um alerta e um pedido de socorro da teia da vida, não sei o que é.
Vozes humanas da teia
Outras mensagens da teia da vida eram mais explícitas e vinham em voz humana mesmo. Gaia falava também através dos povos indígenas que tiveram uma participação maior do que em qualquer outra COP. A representatividade nas negociações ainda está longe de ser a ideal e a demarcação de terras indígenas, apesar de toda a ciência reforçar como a mais eficaz política de proteção ambiental, ainda não foi adotada como política climática. No entanto, não devemos deixar de celebrar esta conquista.
E para muito além da Zona Azul, povos indígenas do Brasil e de tantos outros territórios estavam espalhados por cada canto da cidade, trazendo as mensagens da teia da vida dos mais diferentes modos. A Aldeia COP abrigou mais de três mil indígenas no campus da UFPA e ofereceu uma vasta programação que incluiu palestras, rituais, atividades culturais, feira de artesanato e uma oportunidade única de encontros e diálogos. A Aldeia COP serviu de coração para a Cúpula dos Povos, talvez um dos eventos paralelos mais potentes e esperados da COP que reuniu além de indígenas, movimentos sociais e organizações ambientais para debater justiça climática, direitos e territórios, e que culminou em uma Carta entregue à presidência da COP30 criticando falsas soluções, responsabilizando transnacionais pela crise climática e convocando povos do mundo a se organizarem por justiça ambiental e social. Você pode ouvir essa poderosa carta sendo lida por Eliane Brum e seus parceiros da Sumaúma neste episódio da cobertura que foi feita em Belém.
Marchar pelo Clima
E assim, em nossa última parada nessa jornada que se recusava a ser linear, nossos fios se entrelaçaram definitivamente à grande teia viva do movimento global. A Marcha dos Povos pelo Clima levou mais de setenta mil pessoas às ruas de Belém — indígenas de todos os biomas, quilombolas, ribeirinhos, cientistas, jovens ativistas, e uma multidão de cidadãos do mundo — num rio de cores, cantos e reivindicações que transbordava a Zona Azul e ocupava a cidade real. Fizemos todo o percurso ao lado de Davi Kopenawa, xamã e grande líder Yanomami, e de Ehuana Yaira Yanomami, artista, escritora e talvez a mais importante voz feminina de seu povo.

Caminhar com eles, não foi apenas uma honra; foi a confirmação mais visceral de que a verdadeira autoridade, a sabedoria que pode realmente guiar a saída desta crise, não está nos estômagos de vidro e concreto das negociações, mas no chão da floresta, nas vozes daqueles que nunca deixaram de ouvir e de defender a teia da vida. Como dizia o cartaz que circulou na marcha sempre sustentado por mãos indígenas:
“A resposta somos nós.”
Andar em comunidade
Estar mergulhado nessa teia também nos deu a chance de apresentar o projeto para pessoas das mais diferentes esferas: da dona do nosso apartamento até coordenadores de fundos bilionários dedicados a projetos socioambientais (sim, isso aconteceu!). Especialmente nesse último caso, quando o tempo é curto e há uma certa pressão pelo peso do interlocutor, é preciso escolher qual aspecto do projeto destacar. E percebi que, invariavelmente, o que eu acabava enfatizando — e com certo orgulho — era o fato de que esse projeto só existe graças ao apoio de mais de mil doadores; que somos, antes de tudo, uma comunidade. Uma comunidade voltada para o mundo interno, que vê valor concreto em apoiar o reflorestamento em um território indígena e a própria viagem da equipe para participar da COP. E fui notando também que, sempre que mencionava isso, a “comunidade”, algo mudava dentro de mim: o nervosismo dava lugar a uma calma, a uma sensação de chão. Eu me sentia acompanhada. E acho que meu interlocutor percebia isso, porque era quase sempre nesse momento que surgia um comentário de reconhecimento, ou simplesmente um sorriso de alegria.
Negociar acordos pela proteção e regeneração da vida na Terra — seja entre governos, empresas ou movimentos sociais — é, por regra, um processo complexo, lento e que consome energias gigantescas. A COP é a expressão máxima disso. E quando nós contamos que conseguimos plantar 12 mil árvores a partir da confiança e do apoio direto de pessoas, de mais de mil pessoas unidas por um senso de propósito comum, acho que transmitimos, em microescala, a essência do que move cada um que acredita no ideal da COP: um senso prático de união, de comunidade, de confiança ativa. Nossa estrada nunca foi só nossa. Cada fio que tecemos sustenta e é sustentado por outros.
Por isso a gente é fio e teia: nenhuma dessas paradas — nem a voz de Puwe ecoando no domo, nem o diálogo com um senador, nem a quietude da roda de meditação no meio do caos — teria sido possível sem o apoio firme dessa rede de doadores, dessa comunidade. É sua doação, seu interesse, sua presença que torna este fio visível, que permite que ele siga se entrelaçando, tecendo um pedaço de floresta e de sentido em um mundo que precisa, urgentemente, de ambos.













