O maravilhoso fluxo de vida e morte — por Pema Chödrön

por Geovana Colzani

Selecionamos um trecho curtinho do primeiro capítulo do livro Como vivemos é como morremos, de Pema Chödrön, que acabou de ser publicado no Brasil pela Editora Gryphus. Neste livro de profundo, abrangente e de leitura fácil, Pema Chödrön nos leva por uma jornada espetacular em 25 capítulos cheios de sugestões práticas. Veja o trecho abaixo:

Este livro é sobre o medo da morte. Mais precisamente, ele apresenta uma questão: como nos relacionamos com o mais fundamental de todos os medos, o medo da morte? Algumas pessoas expulsam da mente a ideia da morte e agem como se fossem viver para sempre. Outras dizem a si mesmas que a vida é a única coisa que interessa, pois a morte – segundo sua visão – é igual a nada.

Outras ainda ficam obcecadas com saúde e segurança e baseiam suas vidas na prevenção do inevitável pelo máximo possível de anos. É mais incomum que as pessoas se abram completamente à inevitabilidade da morte – e a qualquer temor que isso possa causar – e levem suas vidas de acordo. Descobri que aqueles que se abrem dessa maneira são mais comprometidos com a vida e apreciam melhor o que têm. Ficam menos envolvidos com seus dramas e têm um efeito mais benéfico sobre os outros e sobre o planeta como um todo. Essas pessoas incluem meus professores e os sábios de todas as tradições espirituais do mundo. Mas há muitas pessoas comuns que não negam nem ficam obcecados com a morte; em vez disso, vivem em harmonia com o fato evidente de que um dia irão partir deste mundo.

Alguns anos atrás, conduzi um seminário de fim de semana sobre esse assunto no Instituto Omega em Rhinebeck, estado de Nova York. Uma das participantes admitiu que, ao saber que eu falaria sobre a morte e o morrer, ficou frustrada. Ao final da programação, no entanto, ela já via o assunto como algo capaz de transformar toda a sua vida. Ao compartilhar esses ensinamentos, espero ajudá-lo a ficar mais familiarizado e à vontade com a morte e mais capaz de viver em harmonia com o que antes o amedrontava – mais capaz de ir da frustração à transformação

“Que a abertura para a morte possa ajudar você a se abrir para a vida.”

Minha segunda aspiração, bastante relacionada, é que a abertura para a morte possa ajudar você a se abrir para a vida. Como repetirei nas páginas que se seguem, a morte não é algo que ocorre somente no final de nossa vida. A morte acontece a todo momento. Vivemos num maravilhoso fluxo de nascimento e morte, nascimento e morte. O fim de uma experiência é o começo da próxima, que rapidamente chega ao fim, levando a um novo começo. É como um rio que flui incessantemente.

Costumamos resistir a esse fluxo tentando solidificar nossa experiência de um modo ou de outro. Tentamos encontrar alguma coisa, qualquer coisa ao que nos segurar. A instrução aqui é relaxar e soltar. O treinamento aqui é nos acostumarmos a existir dentro desse fluxo contínuo. É assim que trabalhamos com nossos medos da morte e da vida e permitimos que se dissolvam. Não se trata de uma garantia; não dá para pedir seu dinheiro de
volta se isso não acontecer, ou se levar mais tempo do que gostaria. Entretanto, eu tenho me movimentado lentamente nessa direção e creio que você também consegue.

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Estamos seguindo juntos por 22 semanas estudando esta obra-prima: o novo livro de Pema Chödrön! Vamos adorar te receber na nossa comunidade online.

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