Para começar a meditar

por Gustavo Gitti

Aprender a meditar é o maior presente que você pode se dar nessa vida.” — Sogyal Rinpoche

Recebemos quase diariamente perguntas relacionadas ao treinamento da mente. Felicidade acompanhar como cada pessoa, ao seu jeito, percebe que é impossível viver melhor apenas no modo “Deixa a vida me levar”. Se queremos menos ansiedade, se queremos relações sem tantos conflitos, precisamos de práticas específicas, assim como fazemos quando queremos emagrecer.

Orientar essas pessoas, no entanto, é um desafio. Não somos professores de meditação e a maioria dos tutoriais online não é confiável. Diante dessa situação, convidamos um dos maiores professores brasileiros para gravar um vídeo com orientações precisas para quem deseja começar a meditar. Aqui está:

YouTube | Áudio em MP3 para download (clique com o botão direito e selecione “Salvar link como…”)

Algumas pessoas talvez considerem o vídeo muito lento e longo… O vídeo está lento ou é você que está acelerado? Se você não consegue dedicar 24 minutos sem distrações para aprender a pacificar sua mente, mas consegue dedicar 24 minutos para um seriado de comédia, talvez você não queira realmente pacificar sua mente tanto quanto ser entretido.

Assistir ao vídeo já é parte do treino. Aliás, podemos usar esse vídeo de 4’50’’ até 16’00’’ como uma meditação guiada: você dá play, senta e vai ouvindo e testando as instruções para se familiarizar com sua própria mente e energia. Foi isso que aconteceu conosco durante a gravação.

Lembretes úteis antes de começar

1. Meditação é um retorno à condição natural da mente — livre das perturbações que surgem de emoções, pensamentos e bolhas de realidade.

2. Não é necessário se vincular a uma religião ou qualquer espécie de esoterismo ou misticismo. O silêncio de base da mente, nossa condição natural não é religiosa nem mística. Ainda assim, é possível trazer a meditação com o contexto da religião, como fizeram muitos grandes mestres.

Para seguir a prática

1. Comece com sessões curtas, de 5 ou 10 minutos, todo dia. A regularidade é mais importante do que a duração.

2. Não castigue seu corpo. Alongue-se, faça alguma prática de corpo (como ioga) e melhore sua alimentação.

3. Procure um centro de prática. É possível convidar outras pessoas para 30 minutos de estudo (leitura e conversa em cima de algum livro sobre o treinamento da mente) e 30 minutos de silêncio (duas sessões de 15, alongando e trocando de posição no meio, se necessário).

4. Para aprofundar, participe de retiros de ensinamentos com um professor qualificado, que possa ajudar na remoção de obstáculos e oferecer instruções detalhadas.

Sobre o Lama Padma Samten

Físico, com bacharelado e mestrado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Alfredo Aveline foi professor universitário de 1969 a 1994. Praticou meditação zen e realizou traduções e estudos sobre o treinamento da mente desde os anos 70. Em 1986 fundou o CEBB (Centro de Estudos Budistas Bodisatva). Em 1996 foi ordenado lama (professor) pelo mestre tibetano Chagdud Tulku Rinpoche e desde então tem oferecido palestras e retiros por todo o Brasil e América do Sul, com uma abordagem que não separa a espiritualidade da vida cotidiana.

Um pouco mais sobre o Lama Padma Samten:

Outras referências

Aos interessados no CEBB e no Lama Padma Samten, reuni em meu site pessoal uma série de links e orientações para quem deseja se iniciar na prática do silêncio. Nesse canal no YouTube há inúmeros vídeos de palestras e retiros.

Há poucos dias encontrei esse outro tutorial excelente, produzido pelos alunos de Sogyal Rinpoche: “Dare to meditate”.

Recomendo também essa fala de Robert Thurman sobre como apenas meditar não adianta nada sem estudo, ação ética, atitude compassiva e desenvolvimento de sabedoria.

Para quem já tem professor, lembro desse vídeo que gravamos com Alan Wallace: “Por que praticar (ou como retribuir a bondade dos professores)”.

lama padma samten
Faltou a principal responsável pelo vídeo: Luiza de Castro

Reza brava

Se eu pudesse fazer uma macumba agora, se eu pudesse juntar as mãos e realmente desejar algo para nós todos, de coração, pra valer, sairia algo assim:

“Que cada um de nós possa se familiarizar com o funcionamento da própria mente.

Que cesse agora todas as correntes de pensamentos obsessivos, compulsivos, autocentrados e delusivos que levam a brigas, suicídios, violências, sofrimentos de todo tipo.

Que nenhum inimigo ou culpado possa ser encontrado.

Que preguiça, orgulho, ciúme, raiva, medo, inveja, preconceito, carência, ansiedade, desconfiança, depressão, aversão, apego, indiferença e todas as milhares de aflições emocionais e enganos cognitivos possam ser dissolvidos por métodos poderosos.

Que cada um de nós embarque menos e menos nas narrativas, jogos e alucinações que fabricamos sem cessar.

Que seja cada vez mais possível direcionar o próprio ânimo.

Que possamos cultivar e nos relacionar com os outros a partir de bondade amorosa, flexibilidade, relaxamento, destemor, compaixão, equanimidade, ludicidade, alegria, generosidade, moralidade, atenção, estabilidade, curiosidade, energia constante, paz, espacialidade e sabedoria.

Que ainda hoje você, eu e todos ao redor possamos enfim repousar.”

Boa prática a todos nós.

meditação

*Originalmente publicado no PapodeHomem.

Conteúdo não transforma. O lugar é um convite à prática. Saiba como participar →