Ailton Krenak sobre como adiar o fim do mundo

Não deixe de ver até o fim!

“É sobre viver a experiência, tanto a experiência do desastre, quanto a experiência do silêncio. Porque às vezes nós queremos viver a experiência do silêncio, mas nós não queremos viver a experiência do desastre. ‘Ah, não, mas aí eu vou ter que fugir, correr e escapar, como é que eu vou experimentar isso? Isso é muito doloroso!’ Por isso que eu disse a vocês que os Krenak decidiram que nós estamos dentro do desastre. Não precisa ninguém ir lá e tirar a gente. Nós vamos atravessar o deserto. Tem que atravessar o deserto, uai! Toda vez que você encontrar um deserto você vai sair correndo? Quando aparecer um deserto, atravessa ele!

—Ailton Krenak

Durante o intensivo SIM 2020, cerca de 200 pessoas da comunidade online olugar.org participaram ao vivo de uma conversa com Ailton Krenak. Foi uma fala tão espontânea e tão extraordinária que resolvemos publicar abertamente para que você possa fazer ressoar mais e mais, conversando e sonhando a partir dela com as pessoas ao seu redor.

Em poucos dias, os participantes transcreveram a fala de Ailton Krenak e a artista Julia Bernardes, de Belo Horizonte, se animou em ilustrá-la. Depois de um cuidadoso trabalho de edição, revisão e formatação, publicamos um livreto para download, disponível para os participantes da nossa comunidade online.

Em todo início de ano nos reunimos para o intensivo SIM, em que sonhamos juntos o mundo que queremos. Já recebemos nestes encontros online Reinaldo Nascimento, Ana Claudia Quintana Arantes, Thiago Ávila, Geni Nuñez, Lama Padma Samten, Elizabeth Mattis-Namgyel, Tenzin Wangyal Rinpoche, Roshi Joan Halifax e muitos mais seres admiráveis! Todos os encontros seguem gravados e disponíveis para quem quiser entrar agora. Vai ser uma alegria te receber!

“A vida não é para ser útil. Isso é uma besteira. A vida é tão maravilhosa que a nossa mente tenta dar uma utilidade para ela. A vida é fruição. A vida é uma dança. Só que ela é uma dança cósmica e a gente quer reduzi-la a uma coreografia ridícula e utilitária, a uma biografia: alguém nasceu, fez isso, fez aquilo, fundou uma cidade, inventou o fordismo, fez a revolução, fez um foguete, foi para o espaço… Tudo isso, gente, é uma historinha tão ridícula! A vida é mais do que tudo isso. […] Nós temos de ter coragem de ser radicalmente vivos. E não negociar sobrevivência.”

—Ailton Krenak

Um trecho de sua fala

“O nosso xamã yanomami, o Davi Kopenawa, ele faz uma crítica muito clara a essa tendência da civilização ocidental, a essa fúria da civilização ocidental com relação a uma nova mercadoria a cada instante. Há uma nova mercadoria a cada hora, a cada momento, tem que ter uma nova coisa pra nos entreter. Quem sabe esse alerta do Davi Yanomami esteja relacionado também com a experiência que os povos que vivem na floresta, que vivem na natureza, estão sentindo na pele, vendo as suas florestas desaparecer, sentindo que os outros seres que vivem na floresta, desde a abelhinha até o colibri, as formigas, a florescência; o ciclo das árvores mudando.

Quando ele sai para caçar ele tem que caçar muito mais longe, ele tem que andar dias para caçar. Uma espécie que aparecia ao redor da aldeia e que convivia e habitava aquele lugar com eles, compartilhava aquele lugar com eles, agora sumiu. Aí ele olha e fala: “Pera aí, o mundo ao meu redor tá sumindo!”. Parece que quem vive na cidade não experimenta isso com muita frequência, porque a cidade, ela tão artificial que tudo parece que tem uma existência automática. Você estende a mão e tem um pão, tem uma padaria, uma farmácia, um supermercado, uma drogaria, um hospital.. e, na floresta não tem essa substituição da vida, ela flui e você, no fluxo da vida, você sente mais a sua, digamos, a sua pressão.

Experimentar a pressão da vida, talvez fosse a experiência pra substituir a ideia de natureza. Isso que a cultura chama de natureza deveria ser uma fricção do nosso corpo com a vida, em que a gente soubesse de onde vem o que eu como,  o que vem no ar que eu respiro, o que acontece quando eu inspiro, expiro, pra onde vai, o que acontece com isso. Essa consciência de estar vivo deveria nos atravessar de uma maneira em que a vida não fosse alguma coisa fora de nós, em que você sentisse de verdade que, assim, a vida está em mim, não fora. Experimentar a vida na gente, atravessar na gente. Para além da ideia de “eu sou a natureza”, é sentir que essa experiência nos atravessa de uma maneira tão maravilhosa que, o rio, a floresta, o vento, as nuvens, tudo que a gente pode perceber como externalidade, elas estão na gente, é nosso espelho na vida… é nosso espelho na vida. E eu, é… tenho uma alegria muito grande de experimentar isso e eu fico as vezes tentando comunicar essa experiência para outras pessoas, mas eu também respeito o fato de que cada pessoa têm a sua passagem aqui no mundo informada por diferentes..é… outros mundos.

Como o Ocidente, com essa coisa da lógica do Ocidente, a razão do Ocidente, ele formatou o mundo, como se fosse já uma mercadoria e replica isso de uma maneira tão naturalizada que, um menino que cresce no ocidente, ele já cresce dentro dessa experiência como se ela fosse totalizante. é uma experiência total. A informação que ele vai, esse menino ou essa menina, vai receber pra se constituir como pessoa e atuar no meio da sociedade dele, já é um roteiro predefinido. Ele vai ser um engenheiro, um arquiteto, um médico, um sujeito habilitado para governar o mundo, pra fazer guerra. Já está tudo, digamos, configurado. Esse mundo pronto e triste, eu não tenho nenhum interesse nele, por mim ele já podia ter acabado a muito tempo. Eu não tenho interesse em adiar ele.

A primeira vez que eu disse que eu achava que tinha alguns mundo que já deveria ter acabado, eu assustei as pessoas. Eles me disseram: “ Nossa, que coisa horrível Krenak, você dizer que o mundo já podia ter acabado!” Aí, eu disse para esses meus amigos que, na verdade, eram biólogos, cientistas, antropólogos, pensadores de diferentes campos que estavam num seminário chamado “Os Mil nomes de Gaia”e, o Eduardo Viveiros de castro tinha organizado essa série de conferências, e eles me convidaram para falar depois que muito ciência já tinha rolado debaixo da ponte. Eu fui falar quase no último dia e, quando eu disse pra eles “Eu ouvi vocês fazendo um diagnóstico desse mundo que nós estamos vivendo que é apavorante! Então, porque é que vocês estão interessados em que ele continue existindo? Se o mundo está dessa maneira que vocês estão constatando, porque que vocês não apertam o botão?”. Eles acharam que era uma declaração minha que desprezava todo o esforço que vinham fazendo para adiar esse mundo. Esse mundo total. E eu disse pra eles que se era verdadeiro o diagnóstico que nós tínhamos desse mundo, não tinha problema nenhum que ele acabasse logo. Podia ser hoje mesmo. […]

Outro dia eu fiz um comentário público dizendo que a ideia de sustentabilidade era uma vaidade pessoal, e isso irritou muitas pessoas. Alguns me disseram que estavam irritados com isso, que eu estava fazendo uma afirmação que desorganizava uma série de iniciativas que tinham como propósito educar as pessoas para a  sustentabilidade, para um lugar de equilíbrio no gasto excessivo de tudo. De água, de madeira, de recursos que o mundo têm limitados e que nós usamos de uma maneira ilimitada. Aí eu disse: “Então, eu concordo com você que nós precisamos nos educar sobre isso, mas não é inventando um mito da sustentabilidade que nós vamos, de verdade,  trabalhar pra isso. Inventando um mito da sustentabilidade nós vamos apenas nos enganar, mais uma vez, como quando a gente inventou, por exemplo, as religiões.” 

Tem gente que fica muito confortável se contorcendo, fazendo yoga, ou ralando no caminho de Santiago, ou rolando no Himalaia, achando que com isso ele tá se elevando e, na verdade,o que ele tá fazendo é só uma fricção  com a paisagem. Isso não vai fazer ninguém sair do ponto morto. Então é uma provocação acerca do egoísmo. Eu não vou me salvar sozinho de nada! Eu não tenho fuga. Nós estamos todos enrascados. E eu acho que seria irresponsável ficar dizendo para as pessoas que se nós economizarmos água ou se a gente só comer orgânico, ou  andar de bicicleta, nós vamos diminuir a velocidade com que nós estamos comendo o mundo. 

Ideias para adiar o fim do mundo é mais uma provocação do que um manual. Ele não é um manual. Se você estiver despencando de algum lugar, não abra esse livrinho. Ele não é um manual, ele não é um kit salva vidas, porque ele vai cair junto com você do mesmo jeito. Aquela referência aos paraquedas coloridos, ela é uma provocação para que a gente pudesse arregimentar as nossas capacidades, aquelas experiências que a gente conseguiu clarear para nós, e conduzir aquelas experiências no sentido de inventar os paraquedas coloridos. Eles ainda não estão disponíveis no mercado. A gente vai ter que inventar.

A poesia que inspira essa ideia, ela é também uma crítica à ideia de que a tecnologia vai dá conta de resolver nossos problemas aqui no mundo. Tem muita gente que acredita que a tecnologia dá conta de tudo. Se a gente tiver uma tragédia monumental no planeta nós vamos mobilizar nossas pesquisas, nossa ciência, e no final das contas a gente resolve isso. Se a gente predar esse planeta a ponto de não poder continuar vivendo aqui, a tecnologia também vai resolver isso, porque nós vamos botar uma plataforma em algum lugar no espaço e vamos reproduzir a vida lá, porque a tecnologia faz isso a tecnologia é capaz disso.

O meu desvio que eu sugiro é que, ao invés da gente ir por meio desse caminho, que pode nos levar a uma plataforma no cosmos, era de inventar os tais dos paraquedas coloridos como uma possibilidade para além desse fim de mundo que seria consumir esse e os outros possíveis. 

O poeta Carlos Drummond de Andrade tem um poema que têm o título de “O homem, as viagens”, esse poema eu acho que é um poema da década de 60, quando a corrida espacial estava totalmente.. em a todo vapor. Que a ideia era assim, que a cada semestre, a cada ano, uma nave para o espaço. E, nós fomos, alguns de nós que ta aqui com 40, 50, 60, 70 anos, por aí, foi embalado com esse sonho de Flash Gordon, de que a gente poderia comer essa terra aqui, porque na verdade a gente já estava até indo para uma outra. A turma que ta por aqui agora com 30, 20 e poucos anos, não viveu essa experiência direta, mas eles foram profundamente influenciados por essa ideia de que nós estamos aqui decolando para um outro lugar. Talvez seja por causa disso que as escolas de engenharia. farmácia e arquitetura continue reproduzindo aquele mundo chapado, de cidades verticais, com milhares de pessoas empilhadas uns em cima do outro.  Porque esse caráter temporário da nossa acampagem aqui na terra, supõe que nós vamos decolar daqui para um outro lugar.  

Essa experiência de consumir o mundo porque têm outros possíveis é um autoengano. Não tem outros possíveis. A nossa experiência como seres que tiveram origem no planeta terra, essa experiência que nos constitui de 70% de água e outros materiais que constituem nosso corpo, só dá pra fazer aqui na terra. Em Marte a gente já tentou, foi lá. Pegou a terra, botou água, soprou, mas não saiu gente. E.. a experiência original daqui, um dos mitos de origem nosso,  diz que pegaram água, barro misturaram e tal, sopraram, e deu em nós, né? Em algumas tradições diz isso. E outras diz algumas coisas diferentes, mas todas precisam de material que tem aqui, nesse maravilhoso planeta azul, que a gente chama de Terra.

Então, quando alguém diz “eu sou terra”, “eu sou água”, essa pessoa não está pirando. “Eu sou água, eu sou terra, ar”, é verdade, é uma declaração do que a gente é. Se pegar essas coisinhas assim, cortar, botar ali e analisar, é isso mesmo. Eu não acreditaria se alguém chegasse pra mim e falasse assim “eu sou Marte, eu sou Júpiter”, porque aí eu ia achar que ele tava brincando de ser aqueles.. Power Rangers! Aqueles.. “Fogo!”, “Água!”, “Pedra!” e tal, e  nós somos essa experiência maravilhosa de verbalizar a vida na terra. Nós verbalizamos a vida na Terra! Como uma lagarta, como uma borboleta.. Como uma formiga, como um desses que você abre a palmeira e puxa e tem um monte de corozinhos dentro, parecendo uns vermezinhos. Somos nós. Nós somos isso. Quando a gente quer se descolar disso tudo e ficar com essa ficção da ciência e da tecnologia, é que nós nos envenenamos. As escolas de engenharia tinham que pensar muito na responsabilidade que elas têm de todo ano despachar pra rua milhares de perigosos engenheiros, porque os conteúdos que esses engenheiros vão pegar na universidade resulta nessas cidades verticais, nesse artificialismo todo que sustenta a nossa vida urbana. E ainda chamam isso de sustentável. Então, é uma mentira embalada. Bem embaladinha.

A ideia da certificação, a ideia dos testes que são feitos com os materiais, com as mercadorias, com as coisas que nós consumimos, que vai desde a embalagem até o conteúdo… Tudo isso deveria ser posto em questão antes da gente dizer que existe qualquer coisa de sustentável no nosso mundo de mercadoria, consumo e alienação.

Porque, enquanto nós temos as bases materiais da nossa vida, no cotidiano, no fluxo, funcionando, a gente não pensa de onde vem. Só quando tem um desastre, quando tem um terremoto e as pessoas ficam desplugadas dessas fontes de suprimento, é que começa a sofrer, pensar,  e falar “Nossa, o que nós estamos fazendo?” Quando tem os grandes desastres, as pessoas que sobrevivem à eles costumam pensar em mudar de vida. Eles costumam pensar em mudar de vida porque eles tiveram uma breve experiência do que que é estar vivo…

Porque, como a maioria do tempo eles são alienados de que tão vivos, não sabe que respira, não têm consciência que respira.. Na verdade eles acham que quem respira é uma outra pessoa. Eles só tão vivendo. Tem um clone deles que respira para eles viverem (risos)… não têm consciência de respirar. Inspirar, respirar. Não têm consciência do que põe na boca pra comer, é igual combustível, ele para num posto de fala “ Tem diesel?” A não, não tem diesel não… Então põe álcool” “Tem gasolina X, B, Y”. Então, essa automatização… vai comendo qualquer coisa, vai bebendo qualquer coisa, vai andando, vai morrendo… Essa alienação, ela é a prova de como nós estamos no mundo de uma maneira irresponsável. Se nós estamos no mundo de uma maneira irresponsável, as consequências disso são essas experiências sociais caóticas.”

Foto: Neto Gonçalves (Companhia das Letras)

Sobre Ailton Krenak

Ailton Krenak é escritor, uma das maiores lideranças do movimento indígena e um grande pensador brasileiro. Nasceu na região do Vale do Rio Doce, um lugar cuja ecologia se encontra profundamente afetada pela atividade de extração mineira. Seu inesquecível discurso na Assembleia Constituinte, em 1987, quando pintou o rosto com a tinta preta do jenipapo para protestar contra o retrocesso na luta pelos direitos indígenas, foi decisivo para o reconhecimento dos direitos indígenas na Constituição Federal. É professor doutor Honoris Causa pela UFJF. Além de O lugar onde a Terra descansa (2000), seu livro Ideias para adiar o fim do mundo foi publicado em 2019.

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O lugar é uma comunidade online para pessoas dispostas a fazer o trabalho (diário, paciente e às vezes sujo) da transformação. Somos em mais de mil pessoas, de todos os lugares do Brasil e do mundo.

Cada pessoa é desafiada a se familiarizar com seu mundo interno e investigar diretamente, colocando à prova da experiência: Como a gente se transforma, pra valer, sem oba-oba ou fogos de artifício, com o pé no chão do cotidiano? O que é felicidade genuína? Como aproveitar os problemas nos relacionamentos, no trabalho, nas finanças, na vida em geral, em um caminho de florescimento humano? Como viver mais coletivamente?

Se quiser participar e convidar alguém, aqui estão todas as informações: olugar.org

Cuide de um lugar – Ailton Krenak

Foto: Ilka Filippini

“O pior lugar do mundo e o melhor lugar do mundo podem ser a mesma coisa”. Foi sobre essa liberdade radical que possuímos e que pode se manifestar a qualquer momento que o professor Ailton Krenak conversou conosco em nosso “extravagante” encontro pelo Intensivo SIM de 2021.

“Em vez da gente caçar vida em algum lugar, a gente desperta de dentro de nós essa vitalidade que nós ganhamos quando nós chegamos aqui na Terra como semente. […] Que maravilha que nós podemos despertar, de dentro de nós, vida, saúde, e afetar quem está ao nosso redor com esse Do-in que começa em algum lugar dentro de mim mesmo e que, como uma onda criativa, se difunde por tudo ao nosso redor. Cura o peito do céu, cura o lugar onde nós estamos. Não existe o todo sem o lugar. O lugar é uma infinidade de pontos que cria o que é tudo. É maravilhoso porque tudo existe a partir desse mínimo ponto que nós podemos acionar dentro de nós mesmos.”

—Ailton Krenak (no encontro conosco)

Estamos em diversos agregadores de conteúdo, basta buscar por “podcast do lugar”. Para quem tem Spotify e deseja seguir, estamos aqui. Se tem outro gerenciador de podcast, aqui está o RSS para assinar.

O intensivo SIM está todo disponível para quem entrar agora. Veja como foi: olugar.org/sim

Intensivo SIM 2024

SIM 2024: Intensivo online para sonhar outro mundo

Encontros ao vivo com Eliane Brum, Wendy Johnson Sensei, Báyò Akómoláfé, Sérgio Vaz, Fabiana Moraes, Bruno Torturra e Geni Nuñez – comece o ano ouvindo esses seres visionários e meditando em comunidade!

Nosso convite resumido em um minutinho

Atenção: a gravação do primeiro encontro já está disponível (junto das meditações guiadas que fizemos nos dias seguintes) e o segundo encontro será apenas dia 9 de fevereiro, sexta, às 11h, com o grande filósofo nigeriano Báyò Akómolàfè, que falará conosco de sua casa na Índia. O SIM seguirá até a última semana de março, então ainda dá tempo de entrar!

Arte de Fábio Rodrigues para o SIM 2024, a partir da contemplação da flor da erva Tithonia diversifolia, conhecida por margaridão, girassol-mexicano, mirassol, mão-de-Deus ou flor do Amazonas — como todas as outras escolhidas para ilustrar as edições anteriores do SIM, o margaridão é uma planta pioneira que consegue se adaptar e florescer em terrenos erodidos e degradados, exatamente a inteligência que mais precisamos manifestar em nosso mundo

“Dizer não às más ideias e aos maus atores simplesmente não basta. O mais firme dos nãos tem de ser acompanhado por um sim ousado e visionário — um plano para o futuro que seja crível e atraente o suficiente para que um grande número de pessoas se movimente para vê-lo realizado. O sim é o farol nas tempestades por vir que vai nos impedir de perder o rumo.”

—Naomi Klein (no livro “Não basta dizer não”)

Em 2019 organizamos a primeira edição do intensivo SIM. A resposta das participantes foi tão forte que entendemos a necessidade de organizar esse intensivo anualmente. Nas edições de 2020 a 2023, convidamos grandes seres para nos orientar, entre eles Ailton Krenak por duas vezes. Foi maravilhoso, os encontros foram imediatamente transcritos pela comunidade, são vistos até hoje, desaguaram em práticas e acabaram se desdobrando em muitos processos ao longo dos anos.

Agora faremos a sexta edição do SIM, dessa vez com Eliane Brum, Wendy Johnson Sensei, Bayo Akomolafe, Sérgio Vaz, Fabiana Moraes, Bruno Torturra e Geni Nuñez para nos orientar por várias semanas de estudo e prática. Em seus trabalhos, todos manifestam a atitude visionária e propositiva que o Brasil e o mundo tanto precisam.

Será on-line, com cerca de 900 participantes de todos os estados do Brasil e de mais de 20 países. Veja abaixo como será e comece o ano imaginando e praticando em comunidade.

Eliane Brum, Geni Nuñez, Wendy Johnson Sensei, Fabiana Moraes, Báyò Akómoláfé, Bruno Torturra e Sérgio Vaz (leia abaixo sobre os professores convidados)

Um outro mundo é possível

Observe a quantidade de tempo que perdemos repercutindo falas absurdas de políticos, memes e hashtags, distraídos por uma enxurrada de desinformação. Sem querer, ficamos impotentes. Deixamos que a notícia do dia sequestre nossas conversas e defina nossos movimentos. Quando os problemas se intensificam, nossa reação habitual é negar, reclamar, nos juntar pela oposição, apontar culpados e inimigos. Isso quando não “ligamos o foda-se” e tentamos só buscar algum sucesso pessoal.

E se a gente começar a afirmar outra coisa? Em vez de apenas combater monstros e problemas, e se olharmos para a nossa própria bondade e criatividade? E se fortalecermos ainda mais nossas qualidades positivas, sonhos, visões amplas e relações? E se trocarmos desespero por compaixão, medo por alegria, autointeresse por comunidade?

É hora de retomar nossa dignidade. É hora de desbloquear nossa imaginação para expandir os limites do que hoje parece possível. É hora de dizer sim para um outro mundo. Se não deixamos nossa visão ser aprisionada, a vida ser rebaixada e as conversas serem pautadas externamente, somos muito mais poderosos do que parecemos. Como diz o lama Alan Wallace, esse mundo precisa ser chacoalhado. E calhou de ser por nós! Quem mais poderia chacoalhar o mundo?

Convidamos grandes seres para imaginar conosco e sugerir práticas!

Ficamos muito honrados com cada “Sim” que recebemos ao convidar esses grandes professores. Agradecemos cada participante do lugar que torna possível fazermos esses convites em nome de toda uma comunidade.

Eliane Brum

Eliane Brum é gaúcha de Ijuí e nasceu em 1966. É jornalista, escritora e documentarista. Eliane é a jornalista mais premiada do Brasil, segundo levantamento anual feito pelo site especializado Jornalistas & Cia. Em 2021, recebeu o Prêmio Maria Moors Cabot, oferecido pela Columbia University School of Journalism, de Nova York (EUA), o mais relevante prêmio de jornalismo das Américas e o mais antigo do mundo, por sua carreira.

Assina a direção e codireção de quatro documentários. O primeiro deles, Uma História Severina, foi reconhecido por 17 prêmios nacionais e internacionais. É colunista do jornal espanhol El País e colaboradora de vários jornais e revistas da Europa e dos Estados Unidos, como The Guardian e The New York Times. Jornalista há quase 35 anos e cobrindo a Amazônia há quase 25, desde 2017 vive e trabalha a partir de Altamira, no Médio Xingu, um dos epicentros da destruição da floresta amazônica. Publicou oito livros no Brasil, além de participar de coletâneas de crônicas, contos e ensaios. Seu livro mais recente é Banzeiro Òkòtò: uma viagem à Amazônia Centro do Mundo, publicado pela Companhia das Letras.

Eliane é uma das fundadoras do SUMAÚMA, plataforma de jornalismo que não vem dos centros políticos e financeiros, mas do centro da vida: a floresta. Conheça e apoie!

Ficamos em êxtase ao receber sua confirmação! É a segunda vez que ela participará do SIM. Em 2022, estávamos em 500 pessoas ao vivo em um encontro muito íntimo e de arrepiar —  nos sentimos sentadinhos aos pés da poltrona de Eliane, na sala de sua casa em Altamira.

Wendy Johnson Sensei

Sensei Wendy Johnson vive na Baía de São Francisco, na Califórnia (EUA), pratica e estuda o Zen há 40 anos e conduz retiros de meditação em todo o país desde 1992 como professora do Darma ordenada nas tradições do mestre Thich Nhat Hanh, do San Francisco Zen Center e do Upaya Zen Center. Wendy é uma das fundadoras do programa de horta e fazenda orgânica do Green Gulch Farm Zen Center, onde viveu com sua família de 1975 a 2000. Tem ensinado jardinagem e educação ambiental desde o início dos anos 1980.

Em 2000, Wendy e o seu marido, Peter Rudnick, receberam o prêmio de Agricultura Sustentável da Associação Nacional de Agricultura Ecológica. Desde 1995 é mentora e conselheira do programa Edible Schoolyard da Chez Panisse Foundation, e escreve na coluna trimestral “On Gardening” para a revista budista Tricycle. É autora do livro Gardening at the Dragon’s Gate: At Work in the Wild and Cultivated World.

Será o primeiro encontro da comunidade do lugar com essa grande professora! Sua fala será logo na semana de abertura do SIM 2024. A tradução será da maravilhosa Jeanne Pilli.

Báyò Akómoláfé

Báyò Akómoláfé é um filósofo nigeriano. Enraizado no povo Yoruba em um mundo-mais-que-humano, é o pai de Alethea Aanya e Kyah Jayden Abayomi, e o companheiro de vida de Ijeoma Clement. É pensador pós-humanista, poeta, professor e escritor mundialmente reconhecido por sua abordagem criativa, não convencional, contra-intuitiva e indígena sobre a crise global. Escreveu dois livros: These Wilds Beyond our Fences: Letters to My Daughter on Humanity’s Search for Home e We Will Tell our Own Story: The Lions of Africa Speak.

Dr. Akomolafe é o fundador da Emergence Network, uma iniciativa planetária que busca reunir comunidades de novas maneiras em resposta aos desafios civilizacionais críticos que enfrentamos como espécie. Conduz também o curso e festival pós-ativista We Will Dance with Mountains. Atualmente leciona no Pacifica Graduate Institute, na Califórnia, e na Universidade de Vermont. Já ensinou como professor-convidado em muitas instituições, como a Schumacher College, na Inglaterra. Participa do conselho de muitas organizações, incluindo Science and Non-Duality (EUA) e Ancient Futures (Austrália). Recebeu diversas premiações e títulos, como Doutor Honoris Causa pelo California Institute of Integral Studies, New Thought Leadership Award 2021 e Excellence in Ethnocultural Psychotherapy Award no African Mental Health Summit 2022. É membro do Clube de Roma, Fellow da Royal Society of Arts no Reino Unido e Embaixador da Wellbeing Economy Alliance, além de consultor da UNESCO para o projeto Imagining Africa’s Futures.

Bayo falará conosco de sua casa em Chennai, na Índia. Estamos muito empolgados e ele também! Quase não há material dele e sobre seu pensamento em português. Será um momento raro. A tradução será também da querida Jeanne Pilli. Para esquentar e conhecer mais de seu trabalho: www.bayoakomolafe.net.

O mundo é maior do que as narrativas, mais extenso do que as conclusões, mais incisivo do que as punições, mais nobre do que o pensamento antropocêntrico, mais curioso do que as soluções e mais abundante do que as chegadas. Em suma, não fazemos o mundo sozinhos, o mundo também nos faz. Talvez o mundo também queira nos tornar um lugar melhor.

Báyò Akómoláfé

Geni Núñez

Geni Núñez é escritora, psicóloga, mestre em Psicologia Social e doutora pela UFSC. É ativista indígena guarani, membro da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Conselho Federal de Psicologia (CFP), co-assistente da Comissão Guarani Yvyrupa, organização indígena que congrega coletivos do povo Guarani das regiões Sul e Sudeste do Brasil.

No intensivo SIM de 2021, Geni nos ofereceu uma fala profunda, firme e serena. A comunidade toda ficou tão tocada que foi inevitável convidá-la novamente em 2022 para falar sobre o reflorestamento do tempo a partir da perspectiva guarani de tempo espiralar. Para a nossa alegria, será a terceira vez que Geni estará com a comunidade do lugar!

Durante a pandemia, escreveu e publicou o livro infantil Djatchy Djatere: o saci guarani. Mais recentemente, a editora Planeta publicou seu novo livro: Descolonizando afetos: experimentações sobre outras formas de amar.

Foto de Jairo Goldflus

Sérgio Vaz

Sérgio Vaz é considerado o poeta da periferia. Mora em Taboão da Serra (SP) e, além de escrever, é agitador cultural nas periferias do Brasil. É criador da Cooperifa (Cooperativa Cultural da Periferia) e um dos criadores do Sarau da Cooperifa — movimento que transformou um bar da periferia da zona sul de São Paulo em um centro cultural. O projeto também promove o encontro de leitores e escritores, além de divulgar a poesia nas escolas. Improvisa uma sala de cinema na laje do boteco e abre espaço para a produção cinematográfica alternativa das quebradas. Sua iniciativa influenciou e deu origem a mais de 50 saraus, além da publicação independente de mais de 100 livros.

Sérgio Vaz já recebeu os prêmios Unicef (2007), Orilaxé (2010), Trip Transformadores (2011), Governador de São Paulo, nas categorias Inclusão Cultural e Destaque Cutural (2011), Heróis invisíveis e Hutúz. Em 2009 foi eleito pela revista Época uma das cem pessoas mais influentes do Brasil. É autor do Projeto Poesia Contra a Violência, que percorre as escolas da periferia incentivando a leitura e criação poética como instrumento de arte e cidadania. Tem várias participações poéticas em CDs de Rap: Sabedoria de Vida, GOG, 509-E, Di Função, Versão Popular, Periafricania, entre outros.

Seu primeiro livro foi publicado de modo independente em 1988 e em 2023 a editora Global lançou seu décimo livro: Flores da batalha.

A conversa será mediada pelo querido artista Gsé Silva, amigo de Sérgio Vaz e participante da comunidade do lugar há muitos anos.

Fabiana Moraes

Fabiana Moraes é recifense, nascida no Alto José Bonifácio. É jornalista com mestrado em Comunicação e doutorado em Sociologia, ambos pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Como repórter, recebeu três prêmios Esso com as reportagens A Vida Mambembe, Os Sertões e O Nascimento de Joicy. Ganhou também o Prêmio Petrobras de Jornalismo com a reportagem Casa Grande e Senzala e o Prêmio Embratel com a reportagem Quase Brancos, Quase Negros. É autora de seis livros, entre eles o recente A pauta é uma arma de combate: subjetividade, prática reflexiva e posicionamento para superar um jornalismo que desumaniza (2022). Foi finalista do Prêmio Jabuti por três vezes.

Fabiana é professora do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Pernambuco. Tem pesquisas acadêmicas sobre pobreza e celebrificação do cotidiano, e estuda a relação entre jornalismo, colonialidade, ativismo e subjetividade. É colunista do no The Intercept Brasil e conselheira da Agência Pública, da É Nóis e do projeto O Joio e O Trigo. Quando tem tempo, brinca de DJ em Recife.

Será sua primeira vez com a comunidade do lugar!

Bruno Torturra

Bruno Torturra é jornalista independente. Entre 2002 e 2013, foi repórter, correspondente internacional e diretor de redação da revista Trip. Desde 2011, dedica-se à experimentação no jornalismo em rede. Foi pioneiro na realização de transmissões ao vivo de manifestações de rua e um dos fundadores da plataforma Mídia Ninja. Atualmente é editor do Estúdio Fluxo, onde apresenta os programas Córtex e Boletim do Fim do Mundo. Também é um dos criadores e editor-chefe do programa Greg News, na HBO.

Será sua primeira vez com a comunidade do lugar. Desde o começo do SIM temos o desejo de convidá-lo e chegou a hora!

Como sempre, a mediação dos encontros será de Lia Beltrão, Gustavo Gitti, Fábio Rodrigues e Daniel Cunha. Nos dois encontros em inglês, haverá tradução simultânea para o português feita pela maravilhosa Jeanne Pilli!

Onde começa um novo mundo?

“A hora de florescer é agora.”

—Patti Smith

Diante de tanta ignorância, desigualdade, injustiça, preconceito e destruição, parece quase impossível saber por onde começar a transformação.

O Intensivo SIM e também a arte do Fábio Rodrigues, artista e um dos coordenadores do lugar, é inteiro inspirado pela visão da primavera, presente nos ensinamentos de Mestre Dogen e constantemente ensinada por Lama Padma Samten e Kazuaki Tanahashi Sensei, ambos professores do Fábio: uma só flor inaugura a primavera assim como nossa visão é capaz de mudar o mundo.

A cada ano, a flor e a arte do SIM mudam. Dessa vez, a flor que motivou o Fábio a criar a arte para o SIM de 2024 é a Tithonia diversifolia, conhecida por margaridão, girassol-mexicano, mão-de-Deus ou flor do Amazonas. Como todas as outras escolhidas para ilustrar as edições anteriores, o margaridão é uma planta pioneira e vigorosa, capaz de se adaptar e florescer em terrenos erodidos e degradados, como explica a explica a bióloga Hayssa Dumard: “A Thitonia diversifolia é uma planta de origem mexicana, da América Central. Ela se estabelece com facilidade em margens de rodovias ou terrenos baldios por ser uma planta pioneira, as primeiras que ocupam uma área quando ocorre alguma perturbação. Ela se adapta muito bem onde foi gerada alguma erosão, algum acidente, sendo muito boa também para segurar o terreno”. Exatamente a inteligência que mais precisamos manifestar neste mundo tão destruído, não é mesmo?

Com o poder de florescer até mesmo no inverno, com um amarelo persistente e vicejante em meio à paisagem árida e poeirenta, o margaridão espelha a nossa mente compassiva e convoca a mais imaginativa e urgente ação protetora de que formos capazes.

Falas curtinhas de Lama Padma Samten, Kazuaki Tanahashi Sensei, Geni Nuñéz, Camila Nunes Dias e Thiago Ávila no SIM de 2021

“Quando a velha ameixeira se abre de repente, surge o mundo das flores desabrochando. No momento em que surge o mundo das flores desabrochando, a primavera chega.”

—Eihei Dogen

“Onde a primavera surge? A primavera surge dentro. Quando ela surge dentro, ela surge fora. Esse é o poder das flores. O velho tronco está seco e num certo momento ele produz flores em meio a um ambiente gelado. As pessoas veem as flores e dizem que é primavera. Antes de verem as flores, elas olham aquela paisagem e dizem que é inverno. Quando elas veem as flores, o gelo ainda está ali, mas elas começam a dizer que já é primavera!

Então, poderíamos pensar que o mundo vai se transformar pelas armas, ou por alguma coisa mais sólida, mas ele se transforma pelas flores! Acho isso muito comovente porque a visão de mundo muda e o impulso das ações acaba mudando junto.

Quando a sabedoria ou a compaixão se apresenta, ela não se apresenta pela força, ele se apresenta como flor. Ela se apresenta como mudança de visão e como essa mudança de visão pertence a própria natureza, ela não é uma artificialidade que está sendo construída… apenas estamos a reconhecendo.

Cada um de nós tem como missão principal produzir as flores correspondentes à primavera.”

—Lama Padma Samten
Modelo de como ficará a serigrafia artesanal de Fábio Rodrigues de presente para você

Uma flor de presente para você!

Para quem participar, vamos enviar pelo correio uma serigrafia artesanal da flor dessa edição do SIM. Será sem custos adicionais, como uma oferenda possibilitada por toda a comunidade e também por Fábio Rodrigues, um dos coordenadores do lugar, artista e aluno de Sensei Kaz (professor e artista extraordinário que já esteve conosco algumas vezes).

Cada uma das peças será assinada com o tradicional “hanko” estampado em tinta vermelha de cinábrio. O hanko é um carimbo com o nome do artista (dado por sua mestra ou mestre) entalhado em pedra na escrita ancestral de selo ou de ossos oraculares. Ele é, ao mesmo tempo, um elemento estético da pintura, a assinatura e o selo de autenticidade. A tinta usada para o selo é feita a partir do cinábrio (cinabre ou cinabarita), um mineral de cor vermelha brilhante que ocorre em veios e aluviões, que é misturado com óleo e fibras de seda ou plantas como a artemísia para se tornar uma pasta consistente e luminosa.

Fábio fará as serigrafias em papel reciclado durante o SIM e vamos enviar após o intensivo aos participantes que desejarem receber. Essa arte é um modo perfeito de você lembrar a si mesmo e aos seres ao redor de que a realidade é plástica e de que a nossa bondade sempre pode abrir um outro mundo.

Quando e como será

Atenção: a gravação do primeiro encontro já está disponível (junto das meditações guiadas que fizemos nos dias seguintes) e o segundo encontro será apenas dia 9 de fevereiro, sexta, às 11h, com o grande filósofo nigeriano Báyò Akómoláfé, que falará conosco de sua casa na Índia. O SIM seguirá até a última semana de março, então ainda dá tempo de entrar!

Quando: de 29 de janeiro a 25 de março de 2024, com pausa na semana do Carnaval. Os encontros acontecem às segundas, das 19h30 até às 21h (horário de Brasília), via Zoom, com exceção do encontro com Bayo Akomolafe. Não há problema algum se você não conseguir acompanhar ao vivo. É tudo gravado e os vídeos ficam disponíveis em uma página especial com materiais de apoio, práticas sugeridas, meditações guiadas e espaço de relatos.

Como: a cada semana, teremos um encontro ao vivo e online (gravado e disponível na íntegra e por tempo ilimitado para os participantes da comunidade), referências de apoio e uma prática para experimentarmos coletivamente. Teremos também as manhãs de silêncio ao vivo, com meditações guiadas em conexão ao encontro da semana (elas também ficam gravadas para você praticar a qualquer momento).

Agenda dos encontros principais

Segue a programação dos encontros ao vivo com os professores convidados (no horário de Brasília). Sugerimos abrir sua agenda e colocar cada evento com cuidado, com atenção ao próximo encontro que será na sexta e em outro horário devido ao fuso da Índia. Foi o milagre que se deu em meio à agenda riquíssima desses seres:

9/fev, sexta, às 11h – Báyò Akómoláfé (tradução de Jeanne Pilli)

12-16/fev – Pausa de Carnaval

19/fev, segunda, às 19h30 – Geni Nuñez

26/fev, segunda, às 19h30 – Bruno Torturra

4/mar, segunda, às 19h30 – Sérgio Vaz (mediação de Gsé Silva)

11/mar, segunda, às 19h30 – Eliane Brum

18/mar, segunda, às 19h30 – Fabiana Moraes

Quer participar do intensivo SIM?

A participação no intensivo é inseparável da participação na comunidade do lugar. Apostamos em continuidade e em comunidade, não em ações isoladas e pontuais. Depois do SIM, vamos seguir assim por todo o ano, com outras práticas, meditações guiadas e ciclos de estudos em comunidade, toda semana.

Além de 5 edições do intensivo SIM, ao longo dos últimos anos também oferecemos diversos ciclos de aprofundamento (como os mais recentes “Entre nós” e “Vida e morte”) e estudos anuais por pelo menos 12 semanas — já estudamos os livros Um coração sem medo, Quando tudo se desfaz, O poder de uma pergunta aberta, A lógica da fé, À beira do abismo, O mundo poderia ser diferente e Acolher o indesejável. Todos os vídeos, áudios e materiais desses ciclos, intensivos e estudos inteiros seguem disponíveis para quem entrar agora.

Fim do encontro com Ailton Krenak logo antes da pandemia no Brasil, no SIM 2020
Ailton Krenak e 300 pessoas ao vivo no intensivo SIM 2021 (foram muitas telas dessas!)

Se você já participa do lugar, é só colocar na agenda e relaxar. Se participava e deu um tempo, é só voltar.

Se deseja entrar no lugar para participar do SIM, veja abaixo como funciona. O intensivo é mais um dos movimentos que fazemos de modo contínuo para apoiar o florescimento das pessoas.

O que é o lugar?

O lugar é uma comunidade online para pessoas dispostas a fazer o trabalho (diário, paciente e às vezes sujo) da transformação. Cada pessoa é desafiada a se familiarizar com seu mundo interno e investigar diretamente, colocando à prova da experiência: Como a gente se transforma, pra valer, sem oba-oba ou fogos de artifício, com o pé no chão do cotidiano? O que é felicidade genuína? Como aproveitar os problemas nos relacionamentos, no trabalho, nas finanças, na vida em geral, em um caminho de florescimento humano? Como viver mais em comunidade?

Uma prática por semana, todos juntos

Cada vez mais desconfiamos de ações isoladas e pontuais, de epifanias e oba-oba. Apostamos em continuidade, em praticar e tornar vivo o que já estamos cansados de entender. A cada semana, todos os participantes do lugar se juntam para experimentar uma prática e conversar sobre suas experiências, afinal estamos sofrendo do mesmo adoecimento coletivo: ansiedade, depressão e falta de sentido, ciúme e carência, raiva e competição…

Convide uma amiga

Temos percebido que muitas pessoas que participam da comunidade estão convidando amigas e parentes, pois facilita ter alguém próximo imerso nas mesmas práticas e contemplações. Portanto, se quiser potencializar seu aprofundamento, sugerimos que você convide duas pessoas próximas para o intensivo. Nossa transformação só vai se tornar natural e contínua se a rede ao nosso redor mudar também.

Além disso, estamos em um ano importantíssimo para o futuro do Brasil e do mundo. Vamos precisar de muita clareza, compaixão, entusiasmo, magnetismo e poder de organização para apoiar as transformações que tanto sonhamos. Imagine que maravilhoso se mais pessoas ouvirem e ressoarem a sabedoria de Eliane Brum, Wendy Johnson Sensei, Bayo Akomolafe, Sérgio Vaz, Geni Nuñez, Bruno Torturra, Fabiana Moraes…

Para facilitar preparamos um link que já contém uma mensagem (edite a mensagem à vontade):

Se preferir, você pode dar de presente: olugar.org/presente

Para entrar no lugar e participar do SIM

O lugar é uma empresa bem pequena (veja quem somos). Somos sustentados pela generosidade direta dos participantes, que se alegram em oferecer e apoiar esse trabalho, tornando possível tudo o que organizamos e oferecemos ao longo de todas as semanas do ano, desde 2013.

Para entrar e participar do SIM, o valor da contribuição é R$ 110* por mês, via cartão de crédito. A liberação de acesso é imediata e você pode cancelar a qualquer momento ou seguir conosco o ano inteiro, aproveitando os estudos e ciclos que já oferecemos (aos quais você ganhará acesso total) e os encontros, práticas e ciclos que vamos oferecer para a comunidade depois, como o estudo do novo livro da Pema Chödrön (Como vivemos é como morremos), que começa em junho de 2024.

Para entrar via cartão de crédito, clique abaixo:

Quero Entrar

Se preferir fazer uma transferência bancária (a liberação ocorre em até 48h), clique aqui. Se você fala português, mas não é brasileiro e não tem CPF, escreva para nós: coordenacao@olugar.org

Se você já participou do lugar em algum momento e deseja voltar, é só vir por aqui.

*Se você sentir que esse valor não se adequa à sua realidade (especialmente se estiver em situação de vulnerabilidade social), não deixe que dinheiro seja um obstáculo. Isso só é possível pela generosidade de todos os participantes atuais. Preparamos uma página especial para que a comunidade possa te apoiar.

Nos vemos no lugar. Será um prazer seguir mais junto de você!

O que aprendi quando vi o SIM (por Silvia Strass)

“Em gratidão a todas as pessoas que rejeitam o serviço da guerra e agem a serviço da vida.” Souli (Palestina), Helena (Espanha/Palestina), Marwa (Palestina), Lielo (Israel)

Conheci o Sulaiman Khatib em uma dos encontros do SIM deste ano no lugar. Ativista palestino, indicado ao prêmio Nobel da paz pelo trabalho e dedicação de vida pela transformação de conflitos, Souli foi preso na adolescência por atacar dois soldados israelenses. Hoje atua na organização Combatants for peace, a qual fundou coletivamente com judeus, árabes, palestinos e israelenses.

Fui arrebatada pela força de sua coragem e honestidade, e pela forma que cultiva amor e alegria nos olhos, junto da dor em profundas injustiças. Na época, eu experimentava a raiva transbordar em mim, depois das eleições acirradas no Brasil abandonado, pós-pandemia. Trabalhar a raiva diante de tantos absurdos era um assunto que pesquisava em mim mesma, pois vejo que entre outras pessoas acontece o mesmo.

Ativistas são também chamas.

Conversando com o Souli pelo Instagram sobre raiva, mundo interno e ação no mundo, ele me contou sobre esse encontro de ativistas que aconteceria em Tamera, em Portugal.

Eu não conseguia esperar nada de um encontro de ativistas dentro de um espaço que se propõe a estudar paz, na relação viva em comunidade. Tudo o que não esperava era aprender sobre amor. Nada mais óbvio, se parar pra pensar. “Que gente maluca gosta de sonhar”, ouço cantar Gil Luminoso lá no fundo de minha mente.

Tamera é difícil de descrever. Localizada em clima seco e quente, no sul de Portugal, a comunidade foi fundada por jovens intelectuais da esquerda alemã, em 1978. Frustrados com o movimento hippie, enxergando o fascismo crescer, eles estavam dispostos a pesquisar em comunidade: como viver em conjunto, a longo prazo e em confiança?

Pessoalmente, foi uma surpresa experimentar mais de perto uma comunidade que não está apenas focada em bem-estar e cura pessoal, mas explorando profundamente e enxergando a interdependência de política e espiritualidade, amor e poder, prazer e relações, em uma dedicação e defesa radical de paz, amor e sustentabilidade.

Aliás, a personagem principal de Tamera é a comunidade. Toda manhã, por exemplo, há uma pequena reunião no ashram político, onde juntos, moradores e visitantes relembram da motivação de apoiar e celebrar a vida.

Nessa pesquisa coletiva, vive-se a partir de valores muito importantes, sustentados em grupo, por ferramentas ancestrais. Verdade, apoio mútuo e colaboração responsável são os pilares que sustentam relações saudáveis e pacíficas.

Em cada tensão, atrito, celebrações ou conexões, é ali mesmo que as pessoas se tornam lembretes vivos desses valores. A ideia é pesquisar uma estratégia para a paz global, alcançada através de uma rede de Biótopos de Cura na tentativa de responder à questão: como superar a guerra, a crueldade e o medo no mundo?

Formados por grande maioria branca e europeia, o privilégio também entra na equação. É visível que há questões, mas é também inspirador ver como a nova geração é autocrítica e busca a inclusão, está estudando, aberta às mudanças e conectada com o mundo “fora” da comunidade. Tamera é envolvida em projetos mundiais de proteção e cuidados com a água, promove estudos agroflorestais e de biogás, há reflorestamento da área e também apoia diversos projetos sociais incríveis no sul global, inclusive no Brasil, com a Favela da Paz.

O encontro partia desse lugar, em meio a essa pesquisa viva, junto das práticas propostas por quatro facilitadores que residem em Tamera: A’ida, Dara, Frederick e Martin. As pessoas e as histórias eram um curso à parte. A roda misturava as bordas de Portugal, Brasil, Chile, Palestina, Índia, Sudão, Israel, Itália, Estados Unidos, Alemanha, Suíça e Equador. Pessoalmente, era difícil descansar sabendo que tinham histórias para serem ouvidas logo ali. As conexões me nutriam e me ensinavam. 

Marwa, por exemplo, trabalha com educação na terra onde uns chamam de Palestina, outros de Israel. Carrega doçura, silêncio, risada, sabedoria e palavras afiadas. Ela podia até dizer em árabe, mas tamanha era a verdade por dentro que te fazia capaz de compreender.

Helena é uma espanhola que cultiva um coração inteligente e amoroso, e está sempre na linha de frente. Hoje, trabalha em uma organização que cuida das famílias de pessoas assassinadas e desaparecidas no West Bank, e nos campos de refugiados dentro do próprio território da Palestina. Seus olhos azul-turquesa vibravam clareza, profundidade, força, luto e leveza. Um exemplo bonito, atento, sincero e responsável em relação a privilégios. Reconhecia sua voz e risada de longe, mesmo no escuro, onde gosta de dormir com as estrelas e muitas vezes assim fazia nas noites desérticas de Tamera.

Jessica tem esse suave poder de tradução. Ela enxerga voz,  silêncio e presença em profundidade, o movimento das mãos, mente e coração. Tem uma capacidade de abertura incrível para perceber o mundo com amor, consciência e compaixão. É incrivelmente interessada na complexidade humana e está envolvida desde adolescente em muitas causas, principalmente a dos refugiados.

Hadar fala com tanta paixão sobre espiritualidade, ativismo, arte e magia com encantamento, jovialidade, lucidez e fluidez que me fazia hipnotizar.

Rana tem olhar afiado, corajoso e sensível, é do Sudão e tem uma conexão profunda com sua ancestralidade. Com o coração partido com o que acontece em seu país atualmente, não desvia o olhar e é comovente como testemunha a realidade com amor e lucidez, mesmo nas contradições.

Indra é escritor, tem um programa de entrevistas na Índia, trabalha com Vandana Shiva e política agrária. É impressionantemente carismático e é um incrível contador de histórias.

Tinha também o casal que estava em lua de mel. Eva e Dave eram dois americanos inspiradores que cultivavam parceria e individualidade. Eva participa de um projeto envolvendo ativismo, protestos e música. Seu doc She drums entrevista mulheres que tocam tambor e as imposições sociais que as afetam. Dave apoia projetos desenvolvendo sustentabilidade financeira e também se dedica a explorar como distribuímos melhor recursos concentrados. Ambos cultivavam um brilho curioso, aberto e inclusivo sobre as pessoas que era bonito demais.

A princípio, Liel parecia uma pessoa séria, de inteligência fora da média, e afiada observação. Mas também era fácil encontrá-lo fazendo conexão pelo riso, mergulhando em alguma conversa ou se abrindo ao contar histórias de sua família com lágrimas nos olhos. Liel é de Israel, e além de levantar fundos na organização em que trabalha com Souli, sua sensibilidade o levou a pesquisar territórios que transformaram seus conflitos em lugares pacíficos. Encabeça o filme Elham: the day after, que registra o processo da Irlanda como inspiração para outros territórios.

Harry é uma americana com uma história comovente como nunca tinha presenciado. Enxergava em seus olhos criança, mãe e avó em um só corpo, com coração feroz, leve e generosamente bem humorado.

A chilena Anahí tem a energia da grande mãe, a grande montanha que abraça os rios, com imensa força de transformação e amorosidade.

Quando eu conheci a Noa ela tinha pego malária. Recém-chegada da Nigéria, ela estava facilitando workshops de storytelling e movendo também corações com sua voz e violão.

Danielle era dona das perguntas e questionamentos mais afiados que já presenciei, e apresentou seu curta Mirror Image, que faz uma intrigante e sensível costura com sua família israelense e um espelho árabe.

O Souli trazia risada e também verdades. Seus 10 anos na prisão pareciam ter enraizado presença, coragem e uma confiança inabalável nos corações sensíveis. Uma preciosa ponte de gente, tinha feito a maioria das conexões do grupo que ele mesmo batizou de “champagne life“, em relação a boa vida que a gente podia experimentar ali, tão diferente do trabalho de linha de frente que ele costumava estar. As reclamações sobre essa vida boa eram “champagne complain”. Era assim o animador do grupo, que inventava brincadeiras internas em momentos densos. Mas, sobretudo, é impressionante como cultiva uma visão ampla, de comunidade, em dedicada sinceridade à cura de tantos corações, junto com o seu próprio.

Eram 30 ativistas mergulhando em conversas de conteúdos mais intelectuais sobre dinâmicas de poder, privilégios e como a modernidade mora por dentro de nós. Tivemos práticas de cuidado, dores, alegrias, ancestralidade, conexão, reconexão, natureza, corpo e um workshop de respostas traumáticas. Juntos, limpamos o rio na forma de cuidar do luto, recebemos instruções sobre ferramentas e dinâmicas de grupo, dividimos talentos, trocamos experiências com um grupo de jovens inspiradores e tivemos apresentações de alguns projetos do grupo.

Tive a oportunidade de apresentar os trabalhos que a INOCHI Brasil tem feito na Amazônia, e pude sentir a vibração de todo mundo! Especialmente vindos de A’ida, uma ativista palestina potente que vive em Tamera, e tem uma pesquisa profunda sobre ancestralidade. Ela e outras pessoas de lá estão indo ao território dos Ashaninka no fim do ano, onde irão compartilhar conhecimentos e aplicações importantes de biogás.

Me comoveu especialmente como algumas pessoas estão usando o trabalho de Paulo Freire e Augusto Boal como caminho. Incluir a arte, o invisível e a sensibilização, em tentativa de integrar questões tão concretas, profundas e doloridas de maneira tão inclusiva e, ainda assim nada neutras, é nutritivo e também curioso, pois não vejo isso aqui no Brasil ainda.

É difícil pôr em palavras a experiência.

Algo do encontro das texturas das frestas dos atritos tensões dos movimentos que formam corpos juntos
que só se sente na pele
que se aprende na pele
política espiritualidade amor prazer
feito aranha que sente seu corpo além
através de suas teias
e se comunica percebe e se relaciona
construir comunidade 
construir intimidade
recusar-se a criar inimigos.
quando abro, vejo:
estar vivo é estar junto.

Aprendi que a confiança abre espaço para liberdade, que falar e reconhecer a verdade por dentro do coração me abre e aterra. Aterra como quem é incluído. Porque isso também é parte. E ao incluir, um espaço de intimidade se abre pra que aquilo seja transformado. É compaixão, junto da honestidade, que floresce em encantamento pela vida. Abertura que se dá, corpo e terra. O chão em confiança. Uma experiência que não é estruturada e firme. Não é bem algo que se espera. Era mais como uma casa de pássaros no alto de uma árvore onde cada um traz galhos que encontra em cada jornada, com responsabilidade, verdade e sem crueldade. Juntos, construímos a casa e sustentamos os valores que acreditamos fazer sentido. 

Claro que não era todo momento assim. Mas, por momentos, vi que era possível. Regular, nutrir, cuidar, ter prazer, mudar, conectar, em coemergência. Construir teias.

Me senti em casa com pessoas que nunca tinha visto, e descobri família.

Antes de chegar em Tamera, eu estava com medo. Me questionava se era mesmo ativista, ou se eu sabia o suficiente. Não sabia o que eu ia fazer lá, não conhecia ninguém e nem sabia se eu tinha algo a contribuir de fato. Acho que depois dessa experiência, posso dizer que ativistas são seres mágicos, de corações grandes e sábios, de almas rebeldes, com muitos questionamentos e medos, mas não desistem. Ativistas são aqueles que se dedicam ao cuidado e à celebração da vida de todos, em defesa do que é sagrado. E vejo que todo mundo tem esse coração.

Pensa: seria tão mais legal se todo mundo liberasse o coração!

O tempo era offline e não consegui tirar tantas fotos. Muitas pessoas não queriam ou podiam ser expostas nas redes sociais. Mas o coração também memoriza pele e palavras. guardo pra espalhar.

(Por inspiração do Gustavo, presenteamos Souli em nome da comunidade com o livro de Ailton Krenak A vida não é útil, no qual um dos capítulos foi uma fala que foi feita no lugar. Conseguimos uma edição traduzida pro inglês, na busca de pontes entre povos da floresta e povos do deserto.)

Projetos:

Mestra Joana e a prática das palavras bonitas

Mestra Joana Cavalcante é um exemplo vivo de como de é possível trabalhar diretamente pela transformação da vida! O encontro que tivemos com ela na comunidade do lugar foi puro coração. Escutamos sobre sua história, as alegrias e dificuldades no caminho, suas motivações, de onde vem força para continuar, e alguns dos projetos em que está engajada — nos quais podemos também nos envolver e apoiar. Sua fala transbordou amor genuíno pela vida e pela comunidade! Em nosso podcast, você pode ouvir um pedacinho do encontro:



“Precisamos praticar as palavras bonitas.”

—Mestra Joana Cavalcante

Mestra Joana Cavalcante é uma verdadeira guardiã da cultura popular e ancestral, comprometida em fortalecer pessoas negras, especialmente mulheres. É a primeira e única mestra de uma nação de Maracatu de Baque Virado da história e uma das artistas de maior projeção na cultura popular tradicional pernambucana. É também ativista social, professora, dançarina, multi-instrumentista, compositora, Mestra da Nação do Maracatu Encanto do Pina, fundadora do grupo Maracatu Baque Mulher, Yalorixá criada no terreiro de candomblé Nagô Ylê Axé Oxum Deim de sua avó Yalorixá Maria Cândida da Silva, a “Vó Quixaba”, fundadora do Mazuca da Quixaba, grupo que recria artisticamente as músicas e danças do Ylê de sua avó para resgate da história oral de velhos mestres da Jurema e do coco de terreiro.

Militante na comunidade do Bode, no bairro do Pina, em Recife, Mestra Joana tem se dedicado para ações afirmativas na comunidade por meio de aulas de costura, confecção de adereços, dança, reforço escolar, entre tantas outras. Uma dessas iniciativas é o Encantinho do Pina.

Como apoiar o Encantinho

O Encantinho do Pina é o baque mirim da Nação do Maracatu Encanto do Pina, projeto onde são oferecidas gratuitamente orientação pedagógica, reforço escolar, capoeira, dança e oficina de maracatu para as crianças e adolescentes da Comunidade do Bode e seu entorno. Todas as atividades e custos (tutoria, alimentação, transporte, roupas, confecção e manutenção de instrumentos, material de estudo etc) são sustentados unicamente pela generosidade das pessoas que reconhecem o mérito desse movimento. Tudo é criado e mantido por auto-organização da comunidade, não há nenhum apoio do governo.

Se quiser conhecer mais: https://bit.ly/encantinho

Se você desejar apoiar de forma pontual com um oferecimento em qualquer valor, o PIX da Mestra Joana é este: (CPF) 029.563.414-64

Se você tiver aspiração de apoiar de forma mais contínua, profunda e conscientemente comprometida (mantendo contato e apadrinhando o estudo de uma criança, por exemplo), você pode entrar em contato com a Jamile Passos (81 99556-2223) ou com a Mestra Joana (81 99786-2207) e contar de sua vontade.

O que é “o lugar”

Este encontro que você escutou no Podcast aconteceu na comunidade do lugar, com participantes do Brasil e do mundo inteiro, e ele faz parte do SIM — um intensivo online para sonharmos juntos e agirmos por um mundo melhor para todas e todos. O intensivo SIM acontece anualmente, sempre com grandes seres que nos orientam e imaginam conosco. Já recebemos Ailton Krenak, Eliane Brum, Geni Núñez, Lama Padma Samten, Vladimir Safatle, Roshi Joan Halifax, Kazuaki Tanahashi e tantos outros… Veja mais em: olugar.org/sim

O lugar é uma comunidade online de transformação, com mais de mil participantes de todo canto do Brasil e outros países. Cada vez mais desconfiamos de ações isoladas e pontuais, de epifanias de fim de semana. Apostamos em comunidade e continuidade — o único modo de incorporar e tornar vivo no cotidiano as ideias bonitas que já escutamos tantas e tantas vezes. Nos encontramos online durante o ano inteiro, todas as segundas-feiras à noite para conversarmos sobre a prática da semana, ou para um estudo em comunidade, e também todos os dias pela manhã para praticarmos juntos. O que fazemos:

Como participar da comunidade do lugar

O lugar é uma empresa bem pequena (veja quem somos). Somos sustentados pela generosidade direta dos participantes, que se alegram em apoiar esse trabalho e tornam possível tudo o que organizamos e oferecemos ao longo de todas as semanas do ano, desde 2013. Para entrar e participar, o valor é R$ 110* por mês, via cartão de crédito ou depósito bancário.

Todas e todos podem participar! Se você sente vontade genuína, mas que a contribuição mensal seria um obstáculo, por favor, saiba que seu interesse é muito valioso e nos escreva: geovana@olugar.org

Vamos reflorestar a Amazônia?

Um convite de Lia Beltrão em nome da Inochi Brasil e da comunidade do lugar

“O processo de savanização na região Sul e Sudeste da Amazônia já começou. Tem cientistas que acham que ali já é irreversível. Eu penso que não. Acho que se conseguirmos segurar o aquecimento global e restaurarmos a floresta em boa parte da área desmatada, plantarmos árvores, plantarmos floresta, o fenômeno pode ser revertido.”

—Carlos Nobre, cientista climático ganhador do Nobel da Paz

Talvez nenhum outro acontecimento contemporâneo seja tão capaz de nos acordar para a interdependência e a verdade de causa e efeito quanto a emergência climática. Os efeitos do desequilíbrio do clima e do colapso de ecossistemas inteiros já são visíveis — dos refugiados climáticos à pandemia, somos cotidianamente atravessados pelo gigantesco dano que nosso modo de vida está causando ao planeta. E para o futuro, as projeções dos cientistas, caso não haja uma mudança radical, são assustadoras. Segundo o Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC) se não conseguirmos reverter o aquecimento global e mantê-lo abaixo dos 1,5 graus Celsius, o que nos espera é um planeta de temperaturas extremas, escassez de água e alimentos, migrações em massa, crises sociais, políticas e uma cadeia sem fim de sofrimento para humanos e não humanos. Em poucas décadas, Terra se tornaria um planeta — parcial e depois completamente — inabitável.

No entanto, muito ainda pode ser feito para evitarmos esse cenário. É unânime entre cientistas do clima o papel da Floresta Amazônica na luta para reverter o aquecimento global e mitigar seus efeitos. E o que precisa ser feito, como nos lembra o cientista climático Carlos Nobre, é ao mesmo tempo simples e complexo: REFLORESTAR, transformar áreas desmatadas em floresta novamente.

Amazônia como lugar de prática

“A Amazônia é o centro do mundo.”

—Eliane brum

É com muita honra que nós aqui na comunidade o lugar nos tornamos aliados da floresta e de seus povos

Nunca se sabe exatamente quando as coisas começam, mas uma pergunta feita em um encontro de nossa comunidade com o mestre Zen, artista e ativista Kazuaki Tanahashi foi crucial para que a Amazônia se tornasse nosso lugar de prática.  

Para facilitar a realização do projeto no Brasil, Fábio Rodrigues e Lia Beltrão se tornaram membros de conselho da Inochi. Na imagem, membros da Inochi do Brasil, Estados Unidos e Japão: Fábio, Lia, Yuka Saito, Geovana Colzani, Guilherme Valadares, Fusako De Angelis, Kazuaki Tanahashi, João Fortes, Claire Greensfelder e Mayumi Oda (ao telefone, na mão da Claire) em fevereiro de 2022

A pergunta era: diante dos vários problemas do nosso mundo, como podemos agir de maneira eficaz? A resposta do Kaz foi ao mesmo tempo curta e longa. Ele nos ofereceu um método em cinco perguntas para transformar a aflição que sentimos em relação ao que acontece com nosso mundo na realização de uma ação de transformação. Isso gerou o laboratório de auto-organização Pensamento Profundo, Ação Eficaz (PPAE) que se desenrolou em uma série de encontros semanais onde navegamos nesta interseção entre mundo interno e ação no mundo desde 2021. 

Nos primeiros meses do PPAE muitos problemas foram levantados por nossa comunidade e ao apresentá-los ao Kaz ele disse que gostaria de se envolver especificamente em um: na proteção da Amazônia. Fábio Rodrigues, Geovana Colzani, Guilherme Valadares e eu montamos um grupo de ação para tornar isso possível. A ideia do Kaz era levantar fundos que pudessem ser destinados à proteção da floresta através da Inochi, organização sem fins lucrativos fundada por Mayumi Oda e ele que tem apoiado projetos de sustentabilidade e cultura de paz ao redor do mundo.

A que rede iremos nos unir?

Esta é uma das cinco perguntas do método que o Kaz nos propôs no PPAE que nos convida a mapear e se aproximar de iniciativas que já estão realizando ações de transformação dentro da área que nós gostaríamos de atuar. A premissa aqui é: sozinhos nós não avançamos. Quando o Kaz nos contou de sua intenção, ativamos nossa rede. Conversamos com o Professor Ailton Krenak — que já ofereceu ensinamentos profundos e transformadores para nossa comunidade — e pedimos que nos orientasse indicando organizações idôneas, que respeitassem a autonomia dos povos da floresta, com atuação na Amazônia. 

Guilherme Valadares, Lia Beltrão, Alice Fortes, Puwe, cacique Joel e Vari Puyanawa em território Puyanawa, Acre, em março de 2022.

Foi  a partir dela que conhecemos João e Alice Fortes, coordenadores da Aliança Reflorestar da Amazônia, um consórcio de organizações indígenas e não-indígenas voltado para a preservação da floresta e de seus povos. João e Alice nos contaram que a Aliança tem realizado projetos de reflorestamento em parceria com povos indígenas do Acre e que gostariam de expandir essa ação.

Inochi e os Puyanawa

O reflorestamento do território Puyanawa está ligado a um movimento de revitalização cultural e espiritual, na qual o encontro com o povo Ashaninka foi fundamental. Conheça um pouco dessa história nesse documentário produzido a partir de imagens da viagem de Lia à região.

A partir daí começamos uma costura da relação entre a Aliança Reflorestar e a Inochi que resultou no compromisso do Kaz e sua equipe em arrecadar fundos para a realização de um projeto de reflorestamento no território Puyanawa, no estado do Acre. O objetivo do projeto é plantar 4500 mudas em um sistema agroflorestal em um área degradada do território Puyanawa e monitorar estas mudas pelos próximos três anos. Mais de 70% do valor do projeto é destinado diretamente para a comunidade indígena, que é a responsável pelo coordenação do plantio e do monitoramento das árvores.

Esta etapa de elaboração, ajuste e aprovação do projeto significou bastante trabalho e passamos a contar com a ajuda de mais pessoas da comunidade, como Luiz Eduardo Alcântara, Silvia Strass, Elder Martins e outros.  

Para o Kaz, era importante conhecermos in loco o território Puyanawa e as pessoas que iriam efetivamente colocar a mão na massa plantando e monitorando as mudas. Assim, em março de 2022, Guilherme Valadares e eu viajamos à Amazônia para conhecer os Puyanawa e também os Ashaninka, cuja experiência em reflorestamento foi a grande referência para o que os Puyanawa estavam começando a fazer em seu território.

Plantando floresta

As fotos que você vê acima são do plantio das mudas no território Puyanawa. Entre fim de março e começo de abril de 2023, 25 pessoas da comunidade se reuniram e plantaram cerca de 4500 mudas, entre açaí, laranja, mandiroba, ipê rosa, graviola, jaca, cupuaçu, angelin e outras. Uma pessoa chave nesse processo é Puwe Puyanawa, que tem coordenado o projeto de reflorestamento e mobilizado tanto os próprios Puyanawa — o grupo conta com agentes agroflorestais, como o Lucas — como povos vizinhos, como os Nawa e os Nukini, que participaram do mutirão que conhecimento e a troca fossem expandidas.

A área onde está acontecendo a implementação do Sistema Agroflorestal (SAF) foi escolhida pela comunidade – era uma antiga área de pasto localizada entre a Vila Nova Ipiranga e o Ninho do Beija-flor, que é onde também está localizada a estufa onde os Puyanawa cultivam as mudas. Com as novas roçadeiras que chegaram, foi possível preparar o terreno para o plantio e também elas serão necessária para o acompanhamento do SAF durante os próximos três anos. Todo o manejo, escolha das espécies e encaminhamento das mudas será feito pela própria comunidade.

Mensalmente, vamos contar aqui como o projeto tem andado.

Como apoiar

Se você tem interesse de apoiar com qualquer valor, por favor, clique aqui:

O plantio de 4500 mudas já está em curso no território Puyanawa. Mas nós podemos continuar a apoiar diretamente o reflorestamento da Amazônia e mitigar os efeitos da emergência climática. 

Nossa aspiração aqui no lugar é seguir arrecadando fundos para, junto com a Inochi, patrocinar mais ações de reflorestamento em parceria com a Aliança.

Se você deseja fazer uma doação via PIX ou apoiar de outra forma, por favor escreva para coordenação@olugar.org com o assunto: “Reflorestar”.

“Somos nós que precisamos da ajuda dos povos da floresta. É deles o conhecimento sobre como viver apesar das ruínas. São eles os que têm experiência sobre como resistir às grandes forças de destruição. Para que tenhamos alguma chance de produzir movimento de resistência precisamos compreender que, nesta luta, nós não somos os protagonistas.”

— Eliane Brum

Sensei Kaz em movimento 

Como parte de seus esforços de arrecadação de fundos para o projeto na Amazônia, Kaz Sensei produziu uma série de obras que ele denominou “Flying Rivers” (Rios voadores). Em setembro de 2022, o fotógrafo Zé Paiva esteve na casa de Kaz em Berkeley, na Califórnia, e fotografou belamente este processo. Mais fotos aqui.

Kazuaki Tanahashi em processo de criação da pintura “Flying Rivers ” (Rios Voadores) em seu estúdio na Califórnia, foto de Zé Paiva

O que vem a seguir

Adotando a visão Eliane Brum decidimos fazer da proteção da Amazônia e seus povos o tema central do próximo ciclo do Pensamento Profundo, Ação Eficaz.

Além da arrecadação de fundos para ampliar as ações de reflorestamento em parceria com a Aliança Reflorestar da Amazônia, uma outra ação crucial para transformação do nosso olhar sobre a floresta irá acontecer: uma viagem à Amazônia especialmente para participantes do lugar. A ideia da viagem surgiu a partir do interesse que a comunidade demonstrou em conhecer o povo Ashaninka, que foi crucial para que os Puyanawa dessem início à sua retomada cultural e iniciassem ações de reflorestamento em seu território. A viagem está sendo organizada por Alice Fortes, com meu apoio e vai acontecer em maio de 2023. Esperamos que seja a primeira de muitas e que muitos bons frutos surjam dela!

Relato da nossa viagem para a Amazônia

No dia 15 de maio de 2023, Lia e participantes do lugar que acabaram de voltar da Amazônia nos contaram como foram os dias na floresta, o que aprenderam com os Ashaninka, e os sonhos que estão nascendo. O encontro teve relatos muito bonitos.

o encontro foi repleto de fotos e histórias

Referências do encontro:

Intensivo SIM 2023

Retornar ao estado natural

Essa página é restrita aos participantes (entre por aqui se você participa).

COMUNIDADE (2022)

Convite para o ciclo COMUNIDADE


No dia 9 de maio vamos começar um novo ciclo sobre o poder da comunidade. Olhem só quem convidamos para nos conduzir por 8 semanas: Padre Júlio Lancellotti, Lama Padma Samten, Ailton Krenak, Karambu Ringera, Moisés Piyãko, Denise Kato, Lia Beltrão e Luiz Antônio Simas. Será online e em uma comunidade com cerca de mil participantes de todos os estados do Brasil e de 20 países. 

Neste episódio do podcast do lugar, Gustavo Gitti, Eduardo Amuri, Lia Beltrão e Daniel Cunha falam um pouco da importância da inteligência coletiva e convidam você para estar conosco. É curtinho, basta dar play acima.

Participe: olugar.org/comunidade

Não agarrar nem desistir

Neste episódio, Gustavo Gitti fala sobre os dois extremos emocionais em que podemos cair quando a impermanência bate e nos sentimos traídos pela vida — lê também um trecho de um novo livro de Pema Chodron que sairá em breve pela editora Sextante.

Nosso próximo ciclo, Comunidade, inicia no dia 9 de maio e terá a participação de Ailton Krenak, Lama Padma Samten, Padre Júlio Lancellotti, Denise Kato, Karambu Ringera e Luiz Antônio Simas. As informações estão em olugar.org/comunidade/

Ouça agora!


Estamos em diversos agregadores de conteúdo, basta buscar por “podcast do lugar”. Para quem tem Spotify e deseja seguir, estamos aqui. Se tem outro gerenciador de podcast, aqui está o RSS para assinar.

Dinheiro sem medo

COMUNIDADE – Ciclo online de encontros e práticas

De 9 de maio* a 27 de junho de 2022, com Lama Padma Samten, Padre Júlio Lancellotti, Ailton Krenak, Karambu Ringera, Moisés Piyãko, Denise Kato e Luiz Antônio Simas sobre o poder da comunidade

*Importante: o ciclo já começou, mas metade da comunidade acompanha pelas gravações, então você pode entrar a qualquer momento e seguir conosco, sem problema algum!

Caligrafia de Fábio Rodrigues para nosso novo ciclo

“Nas comunidades e através delas reside a salvação do mundo. […] Uma comunidade é a reunião de indivíduos que aprenderam como se comunicar honestamente uns com os outros, cujos relacionamentos são mais profundos que suas máscaras de compostura, e que desenvolveram o compromisso significativo de alegrar-se juntos, lamentar juntos e de deleitar-se uns nos outros, transformando em suas as condições dos outros.”

M. Scott Peck
(The different drum: community making and peace, citado por bell hooks em Tudo sobre o amor)

Todos os nossos problemas atuais derivam de uma corrosão do tecido das relações e do senso de comunidade. Quanto mais isolados, mais sentimos que não dá para mudar esse mundo. Quanto mais isolados, mais precisamos produzir, comprar, explorar, conquistar algo que teríamos naturalmente da própria riqueza da comunidade e da vida. O resultado vemos por toda parte: sofrimento mental, desigualdade social e destruição ambiental.

Se há uma única coisa hoje que todos nós temos a responsabilidade de fazer é essa: comunidade. Não só fazer: pensar, viver, estudar, praticar, sonhar, se sentir, se alegrar, nascer, morrer… em comunidade.

Eliane Brum, Osho Zenju Earthlyn Manuel, Lama Emersom Karma Kontchog e Geni Núñez enfatizaram muito a importância da comunidade durante os encontros do Intensivo SIM 2022, nosso ciclo anterior

Comunidade é só “coisa de hippie” que mora junto? O que faz as pessoas se juntarem e trabalharem com energia? Como sentar em roda, ouvir uns aos outros e sonhar mais coletivamente? Como podemos nos organizar melhor? Como viver de modo a constantemente ganhar aliadas, parceiras e amigas verdadeiras? Como direcionar nosso tempo e nossos talentos para o florescimento da própria comunidade e não de corporações sem face? Como fortalecer as redes compassivas que estão cuidando desse mundo?

Convidamos grandes seres para nos conduzir por 8 semanas a partir de maio: Padre Júlio Lancellotti, Lama Padma Samten, Ailton Krenak, Karambu Ringera, Moisés Piyãko, Denise Kato, Lia Beltrão e Luiz Antônio Simas. Será online e em uma comunidade com cerca de mil participantes de todos os estados do Brasil e de 20 países.

Veja abaixo como será e convide pessoas queridas. Que esse ciclo te ajude a agir mais em rede e a se sentir ainda mais parte de algo maior.

Convidamos grandes seres para conversar conosco e sugerir práticas

Ficamos muito honrados com cada “Sim” que recebemos ao convidar esses grandes professores. Agradecemos cada participante do lugar que torna possível fazermos esses convites em nome de toda uma comunidade.

Lama Padma Samten

Lama Padma Samten (Alfredo Aveline) foi professor de física quântica de 1969 a 1994 na UFRGS. Em 1986 fundou o Centro de Estudos Budistas Bodisatva (CEBB), com sede em Viamão (RS) e centros de prática e retiros em todo o país. Em 1993, foi aceito como discípulo por Chagdud Tulku Rinpoche e em 1996 foi ordenado lama. 

Desde então, Lama Padma Samten viaja pelo Brasil para oferecer palestras, retiros, estudos e práticas que integram os ensinamentos budistas e o treinamento da mente à vida cotidiana e às diversas áreas do saber, como educação, psicologia, economia, administração, ecologia e saúde.

Participou conosco do SIM 2021 (“A mente da primavera”) e dessa vez vai nos ensinar sobre a sabedoria das redes compassivas, que manifesta há décadas ao orientar as escolas Vila Verde (Alto Paraíso de Goiás – GO) e Caminho do Meio (Viamão, RS), comunidades de prática, centros urbanos e aldeias por todo o Brasil — nas quais seus alunos e alunas exploram práticas contemplativas e meios hábeis que podem mudar o mundo, como agrofloresta, bioconstrução, educação para a felicidade, preservação e reflorestamento da mata antiga, valorização das tradições dos povos originários e outras abordagens orgânicas de arquitetura, geração de energia, tratamento biológico dos efluentes e alimentação equilibrada.

Entre seus vários livros, para aprofundar na sabedoria das redes compassivas, recomendamos Mandala do Lótus e Relações e Redes.

“Quando os sonhos são coletivos e nós vamos nascendo de modo positivo uns para os outros, a energia surge e vamos nos colocando em marcha. Vamos andando. […] Ser capaz de se auto-organizar é reencantar a vida.”
—Lama Padma Samten

Foto: Mario Ladeira (Trip)

Padre Júlio Lancellotti

Padre Júlio Lancellotti é pedagogo e presbítero católico. É o líder espiritual da paróquia de São Miguel Arcanjo no bairro da Mooca, em São Paulo. Também é responsável pelas missas realizadas na capela da Universidade São Judas Tadeu, situada na mesma rua.

Nos anos 80, participou com Dom Luciano Mendes de toda a fundamentação da Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo. Participou dos grupos de fundação da Pastoral da Criança e colaborou na formulação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Em 1990, foi um dos fundadores da Comunidade Povo da Rua São Martinho de Lima, abrigo para moradores de rua. A comunidade possuía cozinha, lavanderia e uma pequena marcenaria destinada a realização de cursos profissionalizantes.

Atua junto a menores infratores, detentos em liberdade assistida, pacientes com HIV/Aids e populações de baixa renda e em situação de rua. Acredita que todos os seres são “como imagem e semelhança de Deus”. Nos anos 90, fundou a “Casa Vida I” a “Casa Vida II”, para acolher crianças portadoras do vírus HIV. O projeto teve como madrinha Diana, Princesa de Gales e recebeu recursos de várias organizações religiosas do mundo. Como vigário episcopal do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, está à frente de vários projetos municipais de atendimento à população carente, como é o programa “A Gente na Rua”, formado por agentes comunitários de saúde e pessoas que já estiveram em situação de rua.

Por seu trabalho incessante, Padre Júlio foi reconhecido pela Unesco e também recebeu seu primeiro título de Doutor Honoris Causa pela PUC. Seus livros mais recentes são Tinha uma pedra no meio do caminho: invisíveis em situação de rua, Amor à maneira de Deus e Coração, amor e compaixão.

Karambu Ringera

Nascida e criada em Meru, no Quênia, a Dra. Ringera obteve seu doutorado em comunicação intercultural em 2008 pela Universidade de Denver, além de mestrado em mídia pela Universidade de Natal, África do Sul, e mestrado em estudos teológicos (com ênfase em paz e justiça) da Iliff School of Theology no Colorado. Dr. Ringera também é professora na Universidade de Nairobi, no Quênia, onde é pós-graduada em Comunicação em Massa. Recebeu diversos prêmios, como o Next Generation Leader 2015/16 (McCain Institute for International Leadership, EUA); o Life Achievement Award de 2015 (Universidade de Denver, EUA); e o African Achievers Award 2012 (Reino Unido), por seu trabalho com modelos inovadores e sustentáveis ​​de desenvolvimento e construção da paz, direitos humanos das mulheres e programas de liderança global em todo o mundo.

Ela usou sua extensa formação acadêmica e experiência internacional trabalhando em muitos países para projetar e implementar modelos de engajamento comunitário eficaz, programas de organização de base para mulheres, modelos colaborativos de resolução de problemas, reconciliação preventiva e pós-conflito e campanhas proativas de saúde.

Karambu Ringera é fundadora e presidente da International Peace Initiatives, uma ONG que cria modelos de desenvolvimento sustentável e paz no Quênia. Ela é fundadora da casa Amani, que reuniu órfãos do HIV/AIDS e crianças vulneráveis em terras degradadas para construir uma próspera comunidade que administra uma fazenda de permacultura. Perto da casa Amani, ela também construiu Tiriji (“o lugar da abundância”), um centro de permacultura que treina pessoas da comunidade como desenvolver e sustentar projetos bem-sucedidos de soberania alimentar. Tiriji tornou-se um centro de treinamento para programas de paz e liderança.

Karambu é visionária, ativista da paz e uma força de mudança compassiva, comprometida e inspiradora para todos que a conhecem.

Ailton Krenak

Ailton Krenak é escritor, líder indígena e um dos maiores pensadores brasileiros. Seu inesquecível discurso na Assembleia Constituinte, em 1987, quando protestou pintando o rosto com a tinta preta de jenipapo, foi decisivo para o reconhecimento dos direitos indígenas na Constituição Federal. É Professor Doutor Honoris Causa pela UFJF e autor dos livros O lugar onde a Terra descansa, Ideias para adiar o fim do mundo, O amanhã não está à venda e A vida não é útil, pela Companhia das Letras.

Será nosso terceiro encontro com esse grande mestre! Suas duas falas nos intensivos SIM de 2020 e 2021 foram bem diferentes — uma delas virou um livreto e um ciclo de aprofundamento chamado Radicalmente vivos, inteiro disponível aos participantes — e ambas terminaram com uma sugestão de prática, que depois seguimos aprofundando ao longo de todo o ano, explorando de tempos em tempos.

O encontro com Ailton Krenak seria o último do SIM, mas o professor teve um imprevisto (precisou estar presente em sua comunidade) e generosamente reagendou para participar agora do ciclo COMUNIDADE.

Foto: Diego Gurgel

Moisés Piyãko

Moisés Piyãko é um respeitado xamã do povo Ashaninka, habitante das Amazônias peruana e brasileira. Nasceu e vive na aldeia Apiwtxa, localizada às margens do Rio Amônia, no município de Marechal Thaumaturgo, no Acre, e é, ao lado de seu irmão Benki Piyãko e o ancião Arissemio, um dos principais guardiões do conhecimento sagrado Ashaninka em sua aldeia. Ainda que seja reticente em se apresentar como xamã, é procurado por aqueles que querem se aprofundar na espiritualidade e práticas de cura tradicionais Ashaninka.

Além de seu papel espiritual, Moisés foi uma importante liderança política na demarcação de seu território em 1992. Em 2007, junto com Benki, participou da fundação do Centro Yorenka Ãtame (Centro Saberes da Floresta), um espaço de diálogo, troca e difusão de saberes da floresta entre diferentes povos indígenas. O Centro promove a troca de experiências e aprendizagens, estimula o diálogo intercultural e visa à produção e difusão de práticas de manejo sustentável dos recursos naturais. Inúmeros povos indígenas da Amazônia e de fora foram impactados pela espiritualidade e articulação política dos Ashaninka, e recorrem a eles com frequência buscando orientações. 

A participação de Moisés no ciclo Comunidade vai se adequar ao pouco acesso à internet na Aldeia Apiwtcha. Iremos exibir uma entrevista de Lia Beltrão previamente gravada com ele e depois ressoar o encontro em uma conversa facilitada por Lia.

Denise Kato

Denise Kato é formada em Psicologia pela PUC-SP e treinada em meditação na tradição da comunidade zen-budista de Plum Village desde 2006. Instrutora de mindfulness certificada pela Breathworks do Reino Unido e Respira Vida (Espanha). Em 2010 foi ordenada membro da “Order of Interbeing” pelo mestre Thich Nhat Hanh e desde 2007 é facilitadora de práticas de meditação na Sangha Plena Consciência (tradição de Thich Nhat Hanh), em São Paulo. Intérprete de conferências há 25 anos, já traduziu ensinamentos de Sua Santidade o Dalai Lama, Matthieu Ricard, Lama Elizabeth Mattis Namgyel, entre outros.

Seu encontro conosco será muito especial, pois será logo após o seu retorno de um retiro imersivo de 15 dias em Plum Village, na França, onde participará das celebrações de 40 anos da comunidade! Além de fotos e relatos fresquinhos, Denise contará para nós um pouco dos princípios que guiaram a vida coletiva de Thich Nhat Hanh e também dos monásticos e praticantes leigos em Plum Village e outras comunidades em todo o mundo.

Lia Beltrão

Lia Beltrão é jornalista, editora da Bodisatva e facilitadora de processos de transformação que unem mundo interno e ação coletiva. Oferece programas vivenciais baseados em compaixão, consciência e engajamento em organizações e em cursos e formações abertas. É facilitadora do Trabalho Que Reconecta e tem um especial interesse pela contribuição de tradições contemplativas e de abordagens terapêuticas que lidam com o trauma para o campo do ativismo e da justiça social e ambiental e está em formação em Experiência Somática.

Recentemente se tornou membro da INOCHI e tem apoiado as atividades da organização em projetos de proteção da Amazônia e seus povos. N’olugar tem conduzido as atividades do “Pensamento profundo, ação eficaz”, nosso laboratório de auto-organização.

Luiz Antônio Simas

Luiz Antonio Simas é professor, historiador, escritor, poeta, compositor e babalaô no culto de Ifá.

Publicou diversos livros sobre cultura popular, carnaval, samba e Rio de Janeiro. Recebeu o Prêmio Jabuti de Livro do Ano de Não Ficção de 2016, com Dicionário da História Social do Samba, escrito com Nei Lopes. É mestre em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Já trabalhou como consultor de acervo da área de Música de Carnaval do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, e como jurado do Estandarte de Ouro, maior premiação do Carnaval carioca. Desenvolveu o projeto “Ágoras Cariocas”, de aulas ao ar livre sobre a história do Rio de Janeiro. Em seus livros, procura resgatar a memória oral da cidade, especialmente da população marginalizada.

Simas vai compartilhar conosco como se dá o tecido das relações mais fortes nas ruas, no carnaval, no terreiro, no botequim, no futebol e na cultura brasileira como um todo, e como podemos manifestar ainda mais essa inteligência coletiva, essa alegria e esse encantamento em rede, especialmente agora no Brasil. E talvez tocará uma de suas composições!

A mediação dos encontros será de Lia Beltrão, Gustavo Gitti, Fábio Rodrigues, Geovana Colzani e Daniel Cunha. No encontro com a Dra. Karambu Ringera, haverá tradução consecutiva para o português, pela querida Jeanne Pilli.

Teremos também um encontro no qual vamos compartilhar alguns lembretes para fazer comunidade, a partir de nossa experiência em seguir junto com as pessoas desde 2013.

“Não há vida sem os outros. Eu acredito que uma das maiores perdas da vida moderna é essa nossa sensação de que não existe uma comunidade coerente. Nós pertencemos uns aos outros. Nós realmente precisamos compreender e vivenciar isso. Quando não nos sentimos em comunidade, nossa vida é solitária, quebrada, isolada, sem apoio e sem amor. A vida é a experiência de participar de tudo.”

Roshi Joan Halifax
(no ensinamento que nos ofereceu no fim do ciclo “Mãos e olhos”)

Quando e como será

Quando: de 9 de maio a 27 de junho de 2022. A maioria dos encontros acontecem às segundas, das 19h30 às 21h30 (horário de Brasília), via Zoom. Os encontros com a Dra. Karambu Ringera e com o professor Ailton Krenak acontecerão no domingo, às 10h. Não há problema algum se você não conseguir acompanhar ao vivo. É tudo gravado e os vídeos ficam disponíveis em uma página especial com materiais de apoio, práticas sugeridas, meditações guiadas e espaço de relatos.

Como: a cada semana, teremos uma palestra online ao vivo (que será gravada e ficará disponível na íntegra), um material de apoio e uma prática para experimentarmos coletivamente. Depois do COMUNIDADE, vamos seguir assim por todo o ano, com outras práticas, meditações guiadas e ciclos de estudos em comunidade, toda semana.

Quer participar?

A participação no ciclo é inseparável da participação na comunidade do lugar. A cada semana, além do encontro principal, temos meditação ao vivo nas manhãs de silêncio (gravadas para você praticar a qualquer momento) e rodas do “Pensamento profundo, Ação eficaz”, nosso laboratório de autoorganização. Apostamos em continuidade e em comunidade, não em ações isoladas e pontuais.

Ao longo dos últimos anos oferecemos diversos ciclos de aprofundamento (como os mais recentes SIM 2022, “Quando tudo se desfaz” e “Vida e morte”) e estudos anuais por pelo menos 12 semanas — já estudamos os livros Um coração sem medo, Quando tudo se desfaz, O poder de uma pergunta aberta, A lógica da fé e À beira do abismo. Todos os vídeos, áudios e materiais desses ciclos, intensivos e estudos inteiros seguem disponíveis para quem entrar agora.

Fim do encontro com Ailton Krenak logo antes da pandemia no Brasil, no SIM 2020
Ailton Krenak e 300 pessoas ao vivo no intensivo SIM 2021 (foram muitas telas dessas!)

Se você já participa do lugar, é só colocar na agenda e relaxar. Se participava e deu um tempo, é só voltar.

Se deseja entrar no lugar para participar do ciclo COMUNIDADE, veja abaixo como funciona. O intensivo é mais um dos movimentos que fazemos de modo contínuo para apoiar o florescimento das pessoas.

Convide uma amiga

Temos percebido que muitas pessoas que participam da comunidade estão convidando amigas e parentes, pois facilita ter alguém próximo imerso nas mesmas práticas e contemplações. Portanto, se quiser potencializar seu aprofundamento, sugerimos que você convide duas pessoas próximas para o intensivo. Nossa transformação só vai se tornar natural e contínua se a rede ao nosso redor mudar também.

Além disso, estamos em um ano importantíssimo para o futuro do Brasil. Vamos precisar de muita clareza, compaixão, entusiasmo, magnetismo e poder de organização para mobilizar as transformações que tanto sonhamos.

É só ligar para a pessoa ou enviar o link para essa página: olugar.org/sim

Se preferir, você pode dar de presente: olugar.org/presente

O que é o lugar?

O lugar é uma comunidade online para pessoas dispostas a fazer o trabalho (diário, paciente e às vezes sujo) da transformação. Cada pessoa é desafiada a se familiarizar com seu mundo interno e investigar diretamente, colocando à prova da experiência: Como a gente se transforma, pra valer, sem oba-oba ou fogos de artifício, com o pé no chão do cotidiano? O que é felicidade genuína? Como aproveitar os problemas nos relacionamentos, no trabalho, nas finanças, na vida em geral, em um caminho de florescimento humano? Como viver mais em comunidade?

Uma prática por semana, todos juntos

Cada vez mais desconfiamos de ações isoladas e pontuais, de epifanias e oba-oba. Apostamos em continuidade, em praticar e tornar vivo o que já estamos cansados de entender. A cada semana, todos os participantes do lugar se juntam para experimentar uma prática e conversar sobre suas experiências, afinal estamos sofrendo do mesmo adoecimento coletivo: ansiedade, depressão e falta de sentido, ciúme e carência, raiva e competição…

“Comunidades alimentam a vida — não as famílias nucleares nem o ‘casal’, e tampouco a dureza individualista. Não há lugar melhor para aprender a arte do amor que numa comunidade.”

bell hooks (tudo sobre o amor)

Para você entrar e participar do lugar

O lugar é uma empresa bem pequena (veja quem somos). Somos sustentados pela generosidade direta dos participantes, que se alegram em apoiar esse trabalho e tornam possível tudo o que organizamos e oferecemos ao longo de todas as semanas do ano, desde 2013.

Para entrar e participar, o valor é R$ 110* por mês, via cartão de crédito. A liberação de acesso é imediata e você pode cancelar a qualquer momento. Para entrar via cartão de crédito, clique abaixo.

Se preferir depósito bancário (demora 2 dias), clique aqui. Se você fala português, mas não é brasileiro (não tem CPF), escreva para nós: coordenacao@olugar.org

Quero Entrar

*Se você você sentir que esse valor não se adequa à sua realidade (especialmente se estiver em situação de vulnerabilidade social), não deixe que dinheiro seja um obstáculo. Isso só é possível pela generosidade de todos os participantes atuais. Preparamos uma página especial para você pedir o apoio da comunidade.

Nos vemos no lugar. Será um prazer seguir mais junto de você!

Transcrever

Essa página é restrita aos participantes (entre por aqui se você participa).

Imaginação, resistência e comunidade – Eliane Brum – SIM 2022 #2

Muito esperado e almejado por nossa comunidade, o encontro com a jornalista Eliane Brum, pelo Intensivo SIM de 2022, foi de arrepiar. Estávamos em 500 pessoas e nos sentimos sentadinhos aos pés da poltrona de Eliane, na sala de sua casa em Altamira, no Pará. Neste episódio, ela leu um trecho de seu mais recente livro, “Banzeiro Okoto: uma viagem à Amazônia centro do mundo”, e respondeu a perguntas da comunidade sobre reflorestar os grandes centros urbanos e imaginar um novo mundo.

“Coube a nós estar vivos em um momento limite. Não é um momento limite de uma época histórica, é um momento limite de toda a trajetória que a gente chama de espécie humana neste planeta, que é toda a nossa trajetória. Então a gente está realmente ameaçado de extinção.

E a gente está em guerra, em guerra climática, que não é uma guerra contra o clima, é uma guerra entre a minoria dominante, que a gente precisa identificar, que é composta por bilionário, super milionários, suas corporações, os governos que os seguem, os lobistas, os marketeiros, as pessoas que fazem esse entorno, e uma maioria subjugada naquilo que o Aílton Krenak chama de sub humanidade.

E essa guerra está acontecendo agora e ela é uma guerra acelerada e a gente precisa assumir a responsabilidade de lutar para os que estão nascendo agora tenham um futuro que seja menos hostil, não só as pessoas que estão nascendo agora, todas as pessoas, não humanas também”.

Eliane Brum, no segundo encontro do intensivo SIM 2022

O vídeo e o áudio completos deste encontro estão disponíveis aos participantes do lugar. Você pode participar a qualquer momento entrando em olugar.org/sim.

Ouça agora!


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Trauma e crise climática – Kritee Kanko – SIM 2022 #1

O SIM 2022 acabou de começar no lugar! Ainda vamos receber Eliane Brum, Geni Nunes, Osho Zenju Earthlyn Manuel, Emersom Karma Kontchog e Ailton Krenak, esse pela terceira vez sonhando o mundo em nossa comunidade.

Nesse episódio, começamos ouvindo um trecho da Sensei Kritee Kanko, nossa primeira convidada, que foi traduzida pela querida Dani Ramiris e estreou o intensivo com doçura e realidade, conectando práticas para lidar com nossos traumas pessoais, com as opressões sistêmicas e com a destruição climática e ecológica.

“O trauma induz em nós sentimentos de vergonha, de culpa… ‘Eu não sou boa o suficiente’. Isso combinado com medo e incerteza nos leva à mente da luta ou da fuga ou do congelamento. E quando eu estou nesses estados, eu falo com você querendo te dominar. Eu não me conecto com você.

A compaixão não vem dessa mente. Quando estamos nesses estados e nos juntamos em grupos, passamos a querer dominar outros grupos de pessoas, ao invés de buscarmos por conexão.

E lentamente vamos criando uma corporação, uma organização para tornar as outras pessoas nossas escravas. E lentamente promovemos a guerra para tirar o óleo, o ouro, as riquezas dos outros. E então eu vou querer derrubar mais florestas, tomar as terras dos povos indígenas, plantar soja, criar animais.

Você vê? A crise climática vem da nossa incapacidade de cuidar dos nossos traumas. Precisamos cuidar do nosso trauma em um nível mais fundamental, mas isso não será suficiente. Nós temos muito pouco tempo para agir em muitas frentes.”

Sensei Kritee Kanko, no primeiro encontro do intensivo SIM 2022

O vídeo e o áudio completos deste encontro estão disponíveis aos participantes do lugar. Você pode participar a qualquer momento entrando em olugar.org/sim.

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Intensivo SIM 2022

Escrito na terra (Por Zenju Earthlyn Manuel)

Este é um texto de Osho Zenju Earthlyn Manuel que está no livro The Deepest Peace: Contemplations from a Season of Stillness. A tradução é de Marina França e revisão de Fábio Rodrigues. Osho Zenju estará conosco no Intensivo SIM, que começa em poucos dias: www.olugar.org/sim

* * *

Eu me sento à porta de casa. O vapor do chá vermelho revoa em direção ao arrulho choroso das pombas. Vejo os rostos da minha mãe e do meu pai nas montanhas. Eles morreram, mas nunca foram embora. Escrevo na terra com um galho caído: na morte deixamos para trás o brilho de nossas vidas.

As palavras me lembram o poeta Jokin Keizan Zenji. Imagino-o traçando pinceladas lentas de tinta, escrevendo a sabedoria das ancestrais despertas que irradia em todas nós: vidas brilhantes insuperáveis ​​nascem de outras vidas brilhantes insuperáveis.

A tinta desaparece na cauda do último traço. Ele toca a ponta do pincel na pedra que guarda a tinta. Iniciando, o líquido preto pinga no papel de arroz feito em casa. Finalmente, sua mão dança com o pincel. Ele pinta no papel que uma vez foi arroz, que uma vez foi semente, que uma vez foi terra: recebemos a face destas pela luz transmitida sem nada que falte.

O brilho antigo do primeiro despertar está em nossos olhos, em nossos rostos. Toda a alegria e fé do mundo foram dadas e recebidas no nascimento. O poder de praticar o despertar original nesta terra está presente quando somos cientes de tal poder.

“Amoreira no Outono”, Vincent van Gogh

A pobre pomba ainda arrulha. Sirvo chá sobre as palavras que escrevi na terra. Agora há ali um pouco de lama. Olho para a lama e entendo que o fruto da terra foi criado no tempo infinito, antes de Buda, antes de Cristo. Essa vida infinda e antiga está refletida em cada uma de nós. Em nossos rostos se avistam grandes seres de tempos imemoriais. Se quisermos vê-los, podemos fitar olho no olho, cara a cara, corpo a corpo, mesmo que os seres despertos originais não estejam diante de nós. Isso é o que me lembro da poesia de Jokin.

Ainda sento-me ao sol sob uma árvore cheia de amoras. Saúdo as ancestrais que me iluminaram o rosto antes de minha existência. Tento não fugir com medo da radiância à qual me assemelho, tento não fugir com medo de mim mesma — sem ter visto a mim mesma, como me reconhecer herdeira da sabedoria há eons transmitida?

Bebo meu chá e olho meus pés. Deve ter sido um choque quando a terra tomou forma em meu nascimento. Árvores surgiram à vista, senti cheiro de gardênias, ouvi asas de beija-flores, provei o leite materno, meus olhos foram lavados com lágrimas.

Milhares de anos se passaram desde a morte daquelas de quem eu vim, e ainda é possível oferecer incenso, flores, comida, curvar-se a elas, tocar sinos ou soprar um apito feito com o osso de uma águia — para que eu possa limpar os ouvidos e escrever na terra o que está sendo dito.

Jokin ouviu. Ele pincelou a sabedoria das ancestrais despertas com tinta feita de carvão, feito de galhos queimados, com um pincel feito dos pelos de uma cabra: sua mente não pode pensá-lo, mas tampouco você tem que sonhá-lo

Conscientes do início dos tempos, nós sabemos que o que buscamos já está feito. A paz está nesse saber. Paz é saber que não apenas viemos à Terra, mas que temos estado aqui através de uma linhagem de despertares. Ao escutar e olhar profundamente umas às outras, podemos ouvir a sabedoria no arrulhar das pombas chorosas. Ancestrais despertas falaram através do silêncio e a mão de Jokin traçou com tinta. Me levanto e caminho em meditação com a essência da poesia de Jokin.

Osho Zenju Earthlyn Manuel

Dou um passo e respiro.
aqui está a vida
você pode com esta vida ver toda a natureza
no seu olho, seu rosto e seu corpo

Respiro e dou dois passos lentos e deliberados.
através de uma fonte de luz herdada, você pode ver

Respiro e dou mais dois passos.
Uma vida que pode ser alcançada, possuída, nomeada e controlada não é a antiga
vida que nos foi dada. nós andamos com uma vida antiga.

Respire e dê três passos.
as montanhas são espelhos de nossas faces
os rios são espelhos de nossos corpos

Respirando e ficando no lugar por um momento.
nós somos a vida antiga antes de sabermos da vida
não há fim para esta vida ser dada e recebida

Agora, continue respirando, continue caminhando.

No tempo infinito, meus ossos têm mil anos. O chá que bebo tocou meus lábios por milênios. A amoreira estava sobre minha cabeça antes de eu nascer. A árvore e o chá são avós de muito tempo atrás e é por isso que os reconheço. E ainda assim, não consigo conceber na mente a minha semelhança com o brilho da árvore ou do chá. Posso apenas caminhar na terra um milhão de vezes.

* * *

SIM 2022: Intensivo online para sonhar outro mundo

Encontros com Eliane Brum, Ailton Krenak, Sensei Kritee Kanko, Zenju Earthlyn Manuel, Geni Núñez e Emersom Karma Kontchog, de 7 de fevereiro a 21 de março de 2022

Arte de Fábio Rodrigues para o SIM 2022, a partir da contemplação da Opuntia monacantha

“Dizer não às más ideias e aos maus atores simplesmente não basta. O mais firme dos nãos tem de ser acompanhado por um sim ousado e visionário — um plano para o futuro que seja crível e atraente o suficiente para que um grande número de pessoas se movimente para vê-lo realizado.”

—Naomi Klein (no livro “Não basta dizer não”)

Em 2019 organizamos a primeira edição do intensivo SIM. A reação das pessoas foi tão forte que entendemos a necessidade de organizar esse intensivo anualmente. Nas edições de 2020 e 2021, convidamos grandes seres para nos orientar: Lama Elizabeth Mattis-Namgyel, Roshi Joan Halifax, Lama Padma Samten, Ailton Krenak, Reinaldo Nascimento, Kazuaki Tanahashi Sensei, Camila Nunes Dias, Geni Núñez e Thiago Ávila. Foi maravilhoso e acabou se desdobrando em muitos processos ao longo dos anos.

Agora, de 7 de fevereiro a 21 de março de 2022, faremos uma nova edição do SIM, dessa vez com Eliane Brum, Ailton Krenak, Sensei Kritee Kanko, Zenju Earthlyn Manuel, Geni Núñez e Emersom Karma Kontchog, para nos orientar por seis semanas de estudo e prática. Em seus trabalhos, todos manifestam a atitude visionária e propositiva que o Brasil e o mundo tanto precisam.

Será online, com cerca de mil participantes de todos os estados do Brasil e de mais de 20 países. Veja abaixo como será e comece o ano praticando em comunidade.

Saiba mais e participe:
olugar.org/sim

Whatsapp sutil

Não parece, mas estamos nos relacionando o tempo inteiro por um sistema de mensagens que não está no celular

Nossa mente está sempre online

É importante revisitar as nossas relações. Podemos pensar que as relações são estáticas, estabelecidas, guardadas no armário, mas não — estão sempre mudando, como uma cultura de kefir. É como se a gente estivesse o tempo todo mandando mensagens no WhatsApp uns para os outros. Não porque tem uma coisa mística ou mediúnica que vai até o outro, mas porque o cultivo da relação se dá na mente — e a mente está sempre ativa. Pode observar: quando nos apaixonamos, às vezes encontramos o outro apenas no fim de semana, mas é nos outros dias que a conexão fermenta, quando um pensa no outro. Toda relação é assim.

Lembrando dos seres, você pode purificar qualquer complicação que tenha surgido, como se renovasse os votos de casamento na conexão com cada pessoa. Ou pode criar ainda mais camadas de confusão. Quando você está com a mente perturbada e pensa em alguém, é como se começasse a mandar mensagens raivosas ou carentes. Mesmo que não esteja realmente escrevendo algo no WhatsApp, você está se relacionando. Então, é melhor relaxar e ampliar a visão, em vez de ficar ruminando e chamando vários seres para esse ambiente aflito. Acontece direto: tem pessoas que não encontro presencialmente, apenas por fotos no Instagram, quando estou desatento e tomado por algum nível de competição, então sem querer acabo construindo uma relação de inveja, por exemplo. Mas é que eu a revisitei só quando minha mente estava naquela atmosfera. Tome cuidado: sempre que pensamos uns nos outros, criamos as relações.

Do mesmo modo, se estiver com a mente calma ou em um lugar maravilhoso, chame todo mundo! Assim você ama todo mundo naquele momento. Diante do mar, do céu ou de um professor de lucidez, experimente trazer a relação complicada. É como se você mandasse uma mensagem assim: “Tá tudo bem, não tem mais mágoa alguma. Desejo que você seja muito feliz!” E às vezes você vai mesmo ligar ou escrever pra valer. E talvez a pessoa te responda de um outro lugar também. É muito bonito. Uma vez ouvi do Lama Padma Samten que somos como diapasões: você bate em um e o outro vibra junto. As qualidades que cultivamos dentro de nós acabam ressoando dentro dos outros.

Aproveite quando sua mente estiver pacificada, livre da fixação a bolhas e jogos. No final de uma sessão de meditação ou de um retiro silencioso, é muito bom lembrar de mais e mais seres. Também em momentos mais comuns de relaxamento, quietude, expansão, como um filme ou uma música que nos abre. Não dá vontade de abraçar todo mundo nessas horas? Fique um tempo aí. Chame mais gente. Que alegria desejar a felicidade das pessoas que a gente havia esquecido…

A origem desse texto

A origem desse texto foi uma fala que fiz na semana 9 do estudo do livro Um coração sem medo, de Thupten Jinpa, que organizamos na comunidade olugar.org. O querido Paulo Carvalho transcreveu e o texto editado acabou sendo publicado na revista Vida Simples em dezembro de 2017. Se tiver você interesse em ver o vídeo inteiro desse encontro, saiba que há pessoas ainda explorando esse estudo que fizemos em 2017, basta entrar no lugar no link que está ao fim dessa página. Ah, mais recentemente, no último encontro do Intensivo SIM 2021, Ailton Krenak terminou sua fala para nós sugerindo uma prática similar – transcrevemos e também virou prática dentro do lugar.

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Disparar a vida em nós e enviar flechas

Essa página é restrita aos participantes (entre por aqui se você participa).

Intensivo SIM (2021)

A mente da primavera

Bem-vindas à abertura do intensivo SIM 2021, que será transmitida abertamente no YouTube. Se você não participa do lugar, basta dar play abaixo.

Se você participa da comunidade e deseja ouvir o Lama Padma Samten em nossa sala no Zoom, basta entrar pela barra superior (você também recebeu o link por email).

Quer participar de todo o intensivo SIM?

Nas próximas semanas teremos:

Thiago Ávila — “Uma sociedade do Bem Viver”

Kazuaki Tanahashi Sensei — “Crie canções de paz”

Geni Núñez — “Reflorestar o pensamento: pistas decoloniais”

Camila Nunes Dias — “Além das prisões”

Ao entrar no lugar, você ganha acesso também a todos os vídeos das edições anteriores do SIM, para os quais convidamos seres extraordinários como Joanna Macy, Roshi Joan Halifax, Tenzin Wangyal Rinpoche, Lama Elizabeth Mattis Namgyel, Ailton Krenak, Reinaldo Nascimento, Kaká Werá, Tim Olmsted, entre vários outros.

Além da prática da semana, das manhãs de silêncio e do “Sentar em roda”, no primeiro semestre ainda teremos um ciclo de aprofundamento sobre morte e impermanência e no segundo semestre nosso estudo anual, assim como fizemos com Quando tudo se desfaz, de Pema Chödrön, e outros livros desde 2017.

Deixamos esse convite para todas as pessoas que sentem alguma conexão com o que oferecemos e desejam seguir mais em comunidade. Se quiser participar, todas as informações estão aqui: olugar.org/sim

Quer receber um SIM de presente em sua casa?

Uma visão do futuro é desenhada com nossa imaginação, que pode ser vista como um pincel que pinta sonhos, esperanças e previsões para dias vindouros e distantes. Você tem um pincel e eu tenho outro. Cada um de nós tem um pincel informe de capacidade ilimitada. O que você desenha pode ser diferente do que eu desenho em cores e formas, ou em temas e tons. E ainda assim deve haver semelhanças. Me torno humilde ao compreender que o pincel que conduz meus pensamentos e ações para a transformação social é um dos milhões e bilhões de pincéis trabalhando no mundo.”
—Kazuaki Tanahashi

Se você participar do SIM, receberá em casa ao longo do ano uma pintura caligráfica original feita por Fábio Rodrigues, aluno do Kaz Sensei. É uma oferenda dele, feita exclusivamente para quem pedir, uma a uma, sem custos adicionais. Veja aqui como será: “Uma flor abre o mundo”.

SIM – Intensivo online de práticas para abrir 2021

Arte de Fábio Rodrigues a partir da contemplação das flores do guarapuvu

 “Dizer não às más ideias e aos maus atores simplesmente não basta. O mais firme dos nãos tem de ser acompanhado por um sim ousado e visionário — um plano para o futuro que seja crível e atraente o suficiente para que um grande número de pessoas se movimente para vê-lo realizado.”
—Naomi Klein (no livro “Não basta dizer não”)

Observe a quantidade de tempo que perdemos repercutindo falas absurdas de políticos, memes e hashtags, distraídos por uma enxurrada de desinformação. Sem querer, ficamos impotentes. Deixamos que a notícia do dia sequestre nossas conversas e defina nossos movimentos. Quando os problemas se intensificam, nossa reação habitual é negar, reclamar, nos juntar pela oposição, apontar culpados e inimigos. Isso quando não “ligamos o foda-se” e tentamos só buscar algum sucesso pessoal.

E se a gente começar a afirmar outra coisa? Em vez de apenas combater monstros e problemas, e se olharmos para a nossa própria bondade e criatividade? E se fortalecermos ainda mais nossas qualidades positivas, sonhos, visões amplas e relações? E se trocarmos desespero por compaixão, medo por alegria, autointeresse por comunidade?

É hora de retomar nossa dignidade. É hora de desbloquear nossa imaginação para expandir os limites do que hoje parece possível. É hora de dizer sim para um outro mundo. Se não deixamos nossa visão ser aprisionada, a vida ser rebaixada e as conversas serem pautadas externamente, somos muito mais poderosos do que parecemos. Como diz Alan Wallace, esse mundo precisa ser chacoalhado. E calhou de ser por nós! Quem mais poderia chacoalhar o mundo?

2 minutos com Ailton Krenak, Joanna Macy, Roshi Joan Halifax, Reinaldo Nascimento e Tenzin Wangyal Rinpoche

Em 2019 organizamos a primeira edição do intensivo SIM. A reação das pessoas foi tão forte que entendemos a necessidade de organizar esse intensivo anualmente. No começo de 2020, convidamos Ailton Krenak, Roshi Joan Halifax, Reinaldo Nascimento e Elizabeth Mattis-Namgyel para nos orientar. Foi maravilhoso e acabou se desdobrando em muitos processos ao longo do ano.

Agora, de 1º de fevereiro a 9 de março de 2021, faremos uma nova edição do SIM, dessa vez com Lama Padma Samten, Ailton Krenak, Kazuaki Tanahashi Sensei, Camila Nunes Dias, Geni Núñez e Thiago Ávila para nos orientar por seis semanas de estudo e prática. Em seus trabalhos, todos manifestam a atitude visionária e propositiva que o Brasil e o mundo tanto precisam.

Será online, com mais de mil participantes de todos os estados do Brasil e de mais de 20 países. Veja abaixo como será e comece o ano praticando em comunidade.

Convidamos grandes seres para sonhar conosco e sugerir práticas



A mente da primavera – Lama Padma Samten

Físico, com mestrado em física quântica, foi professor de 1969 a 1994 na UFRGS. Em 1986 fundou o Centro de Estudos Budistas Bodisatva (CEBB), com sede em Viamão (RS) e centros de prática e retiros em todo o país. Em 1993, foi aceito como discípulo por Chagdud Tulku Rinpoche e em 1996 foi ordenado lama. Desde então, Lama Padma Samten viaja pelo Brasil para oferecer palestras, retiros, estudos e práticas que integram os ensinamentos budistas e o treinamento da mente à vida cotidiana e às diversas áreas do saber, como educação, psicologia, economia, administração, ecologia e saúde.




Crie canções de paz – Kazuaki Tanahashi Sensei

Nascido no Japão em 1933, é artista, tradutor, ativista e erudito Zen Budista. Mudou-se para os Estados Unidos em 1977 para atuar como tradutor e professor residente no San Francisco Zen Center (fundado por Shunryu Suzuki Roshi). Mestre calígrafo e artista treinado no Japão, tem ensinado e feito exposições ao redor do mundo há 50 anos, é criador do gênero de pintura em um único traço e dos círculos Zen multicoloridos. Escritor, editor e tradutor prolífico, produziu mais de quarenta livros em inglês e japonês, incluindo o conjunto amplo dos ensinamentos do Mestre Zen Dogen. Como ativista ambiental, foi o secretário fundador do Plutonium Free Future. Ativista da paz, trabalhou contra a corrida armamentista nuclear e nas duas Guerras do Golfo, é diretor fundador do Ten Millenium Project e da iniciativa A World Without Armies para a desmilitarização das nações. Também é membro da Academia Mundial de Arte e Ciência, fundada por Albert Einstein.




Reflorestar o pensamento: pistas decoloniais – Geni Núñez

Psicóloga, mestre em Psicologia Social e doutoranda no Programa Interdisciplinar em Ciências Humanas na UFSC, com foco em estudos raciais e de gênero. Guarani e ativista no movimento indígena. Mora em Florianópolis e faz parte da ABIPSI, articulação brasileira de indígenas psicólogos. Durante a pandemia, escreveu e publicou o livro infantil Djatchy Djatere: o saci guarani.




Além das prisões – Camila Nunes Dias

Socióloga com mestrado e doutorado pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professora adjunta da UFABC e também atua como pesquisadora colaboradora do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo. Seus três livros são A Guerra: a ascensão do PCC e o mundo do crime no Brasil (2018, Prêmio Jabuti de Biografia, Documentário e Reportagem), PCC: hegemonia nas prisões e monopólio da violência (2013) e A igreja como refúgio e a Bíblia como esconderijo: religião e violência na prisão (2008).



Uma sociedade do Bem Viver – Thiago Ávila

Socioambientalista que há mais de 15 anos dedica sua vida a projetos de transformação percorrendo o Brasil, a América Latina e o mundo semeando a importância de acabar com a destruição do planeta e promover mudanças sociais que também acabem com a exploração e com todas as opressões para construir uma sociedade do Bem Viver. Organiza comunidades agroecológicas para a regeneração dos biomas a partir de agroflorestas, mutirões do Bem Viver para ações de solidariedade, bioconstrução e combate à fome. Colabora com a resistência indígena nas florestas e constrói iniciativas inspiradoras de luta e resistência na cidade principalmente a partir das periferias e de movimentos populares.



Cuide de um lugar – Ailton Krenak

Ailton Krenak é escritor, líder indígena e um dos maiores pensadores brasileiros. Seu inesquecível discurso na Assembleia Constituinte, em 1987, quando pintou o rosto com a tinta preta do jenipapo para protestar contra o retrocesso na luta pelos direitos indígenas, foi decisivo para o reconhecimento dos direitos indígenas na Constituição Federal. É Professor Doutor Honoris Causa pela UFJF e autor dos livros O lugar onde a Terra descansa (2000), Ideias para adiar o fim do mundo (2019), O amanhã não está à venda e A vida não é útil (2020) pela Companhia das Letras.



A mediação das perguntas dos participantes será de Gustavo Gitti, de Fábio Rodrigues e de Polliana Zocche. No encontro com Kaz Sensei, haverá tradução consecutiva da querida Jeanne Pilli, não se preocupem.

Sobre a flor do SIM

“Eu queria que as pessoas olhassem para as plantas nascendo de novo.”
—Emicida

“Quando a lucidez se apresenta, ela não se apresenta pela força, ela se apresenta como flor.”
—Lama Padma Samten

“A hora de florescer é agora.”
—Patti Smith

A arte é de Fábio Rodrigues, artista e também um dos coordenadores do lugar, com base em ensinamentos de Lama Padma Samten e Kazuaki Tanahashi, que remontam ao mestre Dogen: a flor como símbolo da transformação da visão, inseparável da transformação do mundo.

Fábio criou a partir da contemplação do guarapuvu (Schizolobium parahyba), árvore brasileira da família das Fabáceas, notável pela sua velocidade de crescimento que pode atingir 3 metros por ano e por suas flores amarelas muito atrativas para as abelhas. São plantas pioneiras, boas para recuperação de áreas degradadas. Bem o que precisamos, não?

Quer receber uma pintura caligráfica do SIM feita apenas para você?

Fábio Rodrigues fará essa pintura para cada participante que pedir, uma a uma, ao longo do ano


Não basta dizer apenas um SIM. Precisamos de incontáveis afirmações, com muitas formas, criativas e diversas como nós já somos. Todas e todos temos responsabilidade pelo mundo do qual fazemos parte, e é por isso que o SIM de cada uma e cada um é necessário e bem-vindo. 

Para celebrar essa confiança, Fábio Rodrigues já começou a criar pinturas caligráficas que serão oferecidas de presente para cada pessoa que participar do Intensivo SIM. Enviaremos para a casa de cada uma e cada um, como um voto e um lembrete de que a vida e nossas aspirações elevadas podem sempre ser afirmadas.

Cada pessoa receberá uma pintura caligráfica original, única e assinada com o selo da flor de guarapuvú estampado em tinta vermelha de cinábrio. Serão criadas com pincéis chineses ou artesanais de cerdas naturais e recicladas, usando base acrílica e pigmento de carvão sobre papel reciclado, no tamanho de 33 x 32 cm. Suaves, abruptas, intensas, claras, sugestivas, serão centenas de pinturas gestuais com diferentes energias, aspectos, ritmos para afirmar a vida através de todas as formas.

Uma visão do futuro é desenhada com nossa imaginação, que pode ser vista como um pincel que pinta sonhos, esperanças e previsões para dias vindouros e distantes. Você tem um pincel e eu tenho outro. Cada um de nós tem um pincel informe de capacidade ilimitada. O que você desenha pode ser diferente do que eu desenho em cores e formas, ou em temas e tons. E ainda assim deve haver semelhanças. Me torno humilde ao compreender que o pincel que conduz meus pensamentos e ações para a transformação social é um dos milhões e bilhões de pincéis trabalhando no mundo.”
—Kazuaki Tanahashi

Quando e como será

Quando: de 1º de fevereiro a 8 de março de 2021. Os encontros acontecem às segundas, das 19h30 às 21h30 (horário de Brasília). Não há problema algum se você não conseguir acompanhar ao vivo. É tudo gravado e os vídeos ficam disponíveis em uma página especial com materiais de apoio, práticas sugeridas, meditações guiadas e espaço de relatos.

Como: a cada semana, teremos uma palestra online de cerca de duas horas (gravada e disponível na íntegra a qualquer momento), um texto de apoio e uma prática para experimentarmos coletivamente. Depois dessas cinco semanas, vamos seguir assim por todo o ano, com outras práticas coletivas, meditações guiadas e ciclos de estudos, toda semana.

Encontro com Ailton Krenak e 300 pessoas ao vivo no intensivo SIM antes da pandemia

Quer participar do intensivo SIM?

A participação no intensivo é inseparável da participação na comunidade do lugar. A cada semana, além do encontro principal, temos meditação ao vivo nas manhãs de silêncio (gravadas para você praticar a qualquer momento) e o “Sentar em roda”, no qual fortalecemos a inteligência da autoorganização em rede. Apostamos em continuidade e em comunidade, não em ações isoladas e pontuais.

Além de 3 edições do intensivo SIM, ao longo dos últimos anos também oferecemos diversos ciclos de aprofundamento (como os mais recentes “Radicalmente vivos” e “Mãos e olhos da compaixão”) e estudos anuais por pelo menos 12 semanas — já estudamos os livros Um coração sem medo, Quando tudo se desfaz, O poder de uma pergunta aberta e A lógica da fé. Todos os vídeos, áudios e materiais desses ciclos, intensivos e estudos seguem disponíveis para quem entrar agora.

Se você já participa do lugar, é só colocar na agenda e relaxar. Se participava e deu um tempo, é só voltar.

Se deseja entrar no lugar para participar do SIM, veja abaixo como funciona. O intensivo é mais um dos movimentos que fazemos de modo contínuo para apoiar o florescimento das pessoas.

Convide duas pessoas

Temos percebido que muitas pessoas que participam da comunidade estão convidando amigas e parentes, pois facilita ter alguém próximo imerso nas mesmas práticas e contemplações. Portanto, se quiser potencializar seu aprofundamento, sugerimos que você convide duas pessoas próximas para o intensivo. Nossa transformação só vai se tornar natural e contínua se a rede ao nosso redor mudar também.

É só ligar para a pessoa ou enviar o link para essa página: olugar.org/sim

Se preferir, você pode dar de presente: olugar.org/presente

O que é o lugar?

O lugar é um espaço online para pessoas dispostas a fazer o trabalho (diário, paciente e às vezes sujo) da transformação. Cada pessoa é desafiada a se familiarizar com seu mundo interno e investigar diretamente, colocando à prova da experiência: Como a gente se transforma, pra valer, sem oba-oba ou fogos de artifício, com o pé no chão do cotidiano? O que é felicidade genuína? Como aproveitar os problemas nos relacionamentos, no trabalho, nas finanças, na vida em geral, em um caminho de florescimento humano?

Uma prática por semana, todos juntos

Cada vez mais desconfiamos de ações isoladas e pontuais, de epifanias de fim de semana. Apostamos em continuidade, em praticar e tornar vivo o que já estamos cansados de entender. A cada semana, todos os participantes do lugar se juntam para experimentar uma prática e conversar sobre suas experiências, afinal estamos sofrendo do mesmo adoecimento coletivo: ansiedade, depressão e falta de sentido, ciúme e carência, raiva e competição…

Para você entrar e participar do lugar

Para entrar e participar, o valor é R$ 96* por mês, via cartão de crédito. Se quiser fazer por depósito bancário, clique aqui. Se você fala português, mas não é brasileiro (não tem CPF), escreva para nós: coordenacao@olugar.org

O lugar é uma empresa bem pequena (somos seis: Gustavo, Polliana, Eduardo, Isabella, Fábio e Geovana). Somos sustentados pela generosidade direta dos participantes, que se alegram em apoiar esse trabalho.

A liberação de acesso é imediata e você pode cancelar a qualquer momento. Para entrar via cartão de crédito, clique abaixo.

Quero Entrar

*Se você você sentir que esse valor não se adequa à sua realidade (especialmente se estiver em situação de vulnerabilidade social), não deixe que dinheiro seja um obstáculo. Isso só é possível pela generosidade de todos os participantes atuais. Preparamos uma página especial para você pedir o apoio da comunidade.

Nos vemos no lugar. Será um prazer seguir mais junto de você!

Radicalmente vivos (2020)

Radicalmente vivos – ciclo online de práticas

Arte: Júlia Bernardes e Fábio Rodrigues


“A vida não é para ser útil. Isso é uma besteira. A vida é tão maravilhosa que a nossa mente tenta dar uma utilidade para ela. A vida é fruição. A vida é uma dança. Só que ela é uma dança cósmica. E queremos reduzi-la a uma coreografia ridícula e utilitária. Queremos reduzi-la a uma biografia: alguém nasceu, fez isso, fez aquilo, fundou uma cidade, inventou o fordismo, fez a revolução, fez um foguete, foi para o espaço. Tudo isso, gente, é uma historinha tão ridícula… A vida é mais do que tudo isso. Nós temos de ter coragem de ser radicalmente vivos. E não negociar uma sobrevivência.”
Ailton Krenak

No dia 9 de fevereiro de 2020, como parte do intensivo SIM, a comunidade olugar.org convidou Ailton Krenak para uma conversa online com mais de 300 pessoas espalhadas por todo o Brasil e pelo mundo. Alguns participantes se reuniram para transcrever sua fala, que também foi ilustrada pela artista mineira Julia Bernardes.

O ebook será disponibilizado a todos os participantes da comunidade e também fizemos uma pequena tiragem impressa para os participantes que desejarem adquirir e fazer circular (o dinheiro será 100% destinado para o próprio Krenak). Não faremos distribuição maior e aberta por cuidado e por um pedido do próprio autor e de sua editora.

Há grandes chances também do próprio Krenak fechar o ciclo com mais um encontro ao vivo para nós. Ele generosamente já topou, estamos fechando a agenda.

Que a lucidez desse ser visionário ressoe em todas as direções! Que este ciclo nos ajude a despertar a alegria e a responsabilidade de estarmos vivos. E que você possa usar essa fala como base para conversar, sonhar e agir junto com as pessoas ao seu redor.

“Essa consciência de estar vivo deveria nos atravessar de uma maneira em que a vida não fosse alguma coisa fora de nós, em que a pessoa sentisse de verdade: a vida está em mim, não fora! Experimentar a vida em nós, a vida nos atravessando. Para além da ideia de “Eu sou a natureza”, é sentir que essa experiência nos atravessa de uma maneira tão maravilhosa que o rio, a floresta, o vento, as nuvens, tudo que podemos perceber como externalidade, tudo isso está em nós — é o nosso espelho na vida. Eu tenho uma alegria muito grande de experimentar essa sensação e fico às vezes tentando comunicá-la a outras pessoas.”
Ailton Krenak

Nossos agradecimentos

Ao professor Ailton Krenak, pela bondade em nos oferecer um pouco de sua sabedoria.

A Leonardo Barcellos, por abrir seu estúdio e fazer de tudo para que a conversa acontecesse.

A Clá Ishikawa, Fabíola Borges, Fernanda Falsete, Julia Bernardes, Milena Boniolo e Polliana Zocche, pela transcrição cuidadosa.

A Joice Costa, Polliana Zocche, Gustavo Gitti, Fábio Rodrigues e Isabella Ianelli, pela revisão.

A Julia Bernardes, pelas ilustrações e pelo projeto gráfico.

A Aline Paiva, pela diagramação e finalização.

A Eduardo Amuri e Vítor Barreto, por cuidar da produção do livreto como um todo.

Arte: Julia Bernardes

Convide duas pessoas

Se quiser potencializar seu aprofundamento, sugerimos que você convide duas pessoas próximas para o ciclo. Além de ser mais fácil ter alguém próximo imerso nas mesmas práticas e contemplações, nossa transformação só vai se tornar natural e contínua se a rede ao nosso redor mudar também.

É só ligar para a pessoa ou enviar o link para essa página: olugar.org/vivos

Quer participar?

Como o ciclo é online (em vídeo), pessoas de todos os lugares poderão participar! Serão apenas 3 encontros semanais, sempre às segundas, das 19h30 às 21h30 (horário de Brasília), de 23 de novembro até 7 de dezembro de 2020. Não há problema algum se você não puder participar ao vivo: os encontros são gravados e os vídeos ficam disponíveis em uma página especial junto com materiais de apoio, práticas sugeridas e espaço de relatos.

Esse ciclo será integrado às práticas e à comunidade do lugar. A cada semana, além do encontro principal, temos meditação ao vivo nas manhãs de silêncio, que também são gravadas para você praticar a qualquer momento. Apostamos em continuidade, não em ações isoladas e pontuais. No lugar, apenas nesse ano, já organizamos os ciclos “Intensivo SIM”, “Mãos e olhos” (sobre compaixão) e “A lógica da fé” (estudo de 15 semanas sobre interdependência) — e depois desse seguiremos com outros ciclos e estudos. Todas as gravações, meditações e materiais desses ciclos seguem disponíveis.

Se você já participa do lugar, é só colocar na agenda e relaxar. Se participava, é só voltar.

Se deseja entrar no lugar para participar do ciclo “Radicalmente vivos”, veja abaixo como funciona. O estudo é mais um dos movimentos que fazemos de modo contínuo para apoiar o florescimento das pessoas.

O que é o lugar?

O lugar é um espaço online para pessoas dispostas a fazer o trabalho (diário, paciente e às vezes sujo) da transformação. Cada pessoa é desafiada a se familiarizar com seu mundo interno e investigar diretamente, colocando à prova da experiência: Como a gente se transforma, pra valer, sem oba-oba ou fogos de artifício, com o pé no chão do cotidiano? O que é felicidade genuína? Como aproveitar os problemas nos relacionamentos, no trabalho, nas finanças, na vida em geral, em um caminho de florescimento humano?

Uma prática por semana, todos juntos

Cada vez mais desconfiamos de ações isoladas e pontuais, de epifanias de fim de semana. Apostamos em continuidade, em praticar e tornar vivo o que já estamos cansados de entender. A cada semana, todos os participantes do lugar se juntam para experimentar uma prática e conversar sobre suas experiências, afinal estamos sofrendo do mesmo adoecimento coletivo: ansiedade, depressão e falta de sentido, ciúme e carência, raiva e competição…

Para você entrar e participar do lugar

Para entrar e participar, o valor é R$ 110* por mês, via cartão de crédito. Se quiser fazer por depósito bancário, clique aqui. Se você fala português, mas não é brasileiro (não tem CPF), escreva para nós: coordenacao@olugar.org

O lugar é uma empresa bem pequena (somos seis: Gustavo, Daniel, Eduardo, Lia, Isabella, Murilo, Fábio e Geovana). Somos sustentados pela generosidade direta dos participantes, que se alegram em apoiar esse trabalho.

A liberação de acesso é imediata e você pode cancelar a qualquer momento. Para entrar via cartão de crédito, clique abaixo.

Quero Entrar

*Se você você sentir que esse valor não se adequa à sua realidade (especialmente se estiver em situação de vulnerabilidade social), não deixe que dinheiro seja um obstáculo. Isso só é possível pela generosidade de todos os participantes atuais. Preparamos uma página especial para você pedir o apoio da comunidade.

É realmente uma alegria poder mergulhar nas visões de Ailton Krenak. Todo mundo está convidado! Será um prazer seguir mais junto de você!

Arte: Julia Bernardes

A lógica da fé: estudo e prática

Generosidade

O lugar é uma comunidade na qual experimentamos, como em um pequeno laboratório, as transformações que desejamos ver no mundo, começando pelo próprio processo de entrada e contribuição.

Fizemos essa página para que as pessoas que mais precisam possam ser apoiadas (parcialmente ou integralmente) e para que as pessoas com alguma condição possam contribuir, em vez de caírem na atitude individualista de “negociar um desconto” — se muitos de nós jogamos dinheiro mensalmente para corporações sem face como a Netflix (com as quais não há nem como pedir bolsa), por que não sermos igualmente generosos com projetos mais próximos?

Todo mundo emocionado ao fim do encontro com Ailton Krenak no Intensivo SIM 2020, bem antes da pandemia começar no Brasil

A comunidade é sustentada pela generosidade dos participantes

Somos uma empresa bem pequena. Somos apoiados diretamente pela generosidade dos participantes, que se alegram em sustentar esse trabalho. Não há corporação por trás e nem envolvimento com conteúdo publicitário.

É essa generosidade dos participantes de todo o Brasil e de outros países que possibilita a participação de pessoas que tiveram suas vidas fortemente influenciadas pela desigualdade social historicamente construída ao longo dos séculos (como povos originários e pessoas negras), de pessoas que estão sem remuneração ou de pessoas em condição de vulnerabilidade social.

São raros os casos em que alguém se aproveitou dessa abertura para, mesmo tendo alguma condição, não contribuir. Somos gratos por esta honestidade de cada um de vocês. É essa atitude que permite que o lugar continue se sustentando. Desde 2013, quando começamos, nunca barramos a entrada de alguém por causa de dinheiro.

Quer pedir o apoio da comunidade?

Quando a pessoa não consegue oferecer o valor sugerido, não tem problema. Ela agradece todos os outros participantes que oferecem e apoiam a sustentação da comunidade.

Esta é uma lógica diferente da usual — da troca ou do consumo, que acabam perpetuando a desigualdade social. Nada do que é oferecido pode ser pago, de fato. Portanto, não pensamos dentro da lógica do desconto ou da negociação, mas sim do oferecimento. Nós oferecemos tudo o que está no lugar e assim as pessoas se alegram, veem benefícios e apoiam para que tudo continue.

Podemos dizer que ao longo dos anos notamos que quem contribui, mesmo com um valor simbólico, aproveita melhor o espaço. Ao oferecer, imediatamente nos sentimos felizes em apoiar e nos sentimos parte do processo.

Vemos o lugar como um laboratório de transformação pessoal e coletiva. Para trazer ao mundo as mudanças que queremos ver, para convidar outros futuros possíveis, precisamos agir com outra base. A mente da generosidade, do oferecimento, da solidariedade, tão presente em povos e culturas oprimidas, precisa permear o tecido social para que a desigualdade social se reduza mais e mais.

Aspiramos que com esta mensagem você que está em situação de vulnerabilidade social (principalmente pessoas historicamente marginalizadas), que tem interesse por práticas de florescimento humano, mas que no momento não pode contribuir com o valor sugerido, se sinta convidada a participar da comunidade. Mais raro que ter dinheiro é ter interesse em descobrir o potencial ilimitado de nossas mentes e corações e, a partir daí, agir no mundo para benefício de todos os seres.

Se você deseja contar com o apoio da comunidade, por favor preencha esse formulário e logo falaremos com você. Nos vemos em breve!

Quer presentear uma pessoa conhecida ou desconhecida?

Para que as pessoas que realmente não tem condições possam participar, as pessoas com alguma condição contribuem. A grande maioria dos participantes oferece o valor sugerido. Muitas vezes recebemos emails bem bonitos de pessoas se alegram em apoiar até com mais do que já contribuem! É bonito.

Se você deseja possibilitar o acesso de mais pessoas que tem menos condições do que você ou se deseja oferecer de presente a participação para uma pessoa querida, é fácil: olugar.org/presente

A lógica da fé: grupo de estudo online

Sofremos de uma desconexão com a realidade. Como nos ensina Ailton Krenak, a humanidade se descolou da vida e se perdeu em abstrações e narrativas. A intensificação das visões negacionistas e o fenômeno das fake news são o sintoma dessa visão que não mais se sustenta. A partir desse engano, estamos destruindo florestas e rios, explorando e aprisionando pessoas, nos isolando em “cada um por si” e lentamente morrendo entre os extremos emocionais da ansiedade e da depressão.

Esse é o nosso mundo. Para amá-lo, precisamos entender as causas de seu sofrimento e sonhar com as causas de seu florescimento. E para entender, precisamos olhar: mais perto, mais longe e mais através. Estamos no meio de um grande feedback da realidade, como se ela nos dissesse: “Sua visão civilizatória falhou, sua tentativa de ser feliz assim não deu certo.” É hora de sermos humildes e ouvirmos a realidade. É hora de questionarmos absolutamente tudo.

Nos últimos três anos, mais de 900 pessoas de todo canto do Brasil e do mundo estudaram juntas os livros Um coração sem medo (Thupten Jinpa), O poder de uma pergunta aberta (da própria Elizabeth Mattis-Namgyel) e Quando tudo se desfaz (Pema Chödrön). Dessa vez, vamos nos debruçar por 14 semanas em um livro que integra e aprofunda tudo o que exploramos nesses estudos anuais: A lógica da fé, de Elizabeth Mattis-Namgyel, sobre como navegar pela natureza interdependente da realidade.

É um livro perfeito para nosso momento atual no Brasil. Ele nos ajuda a lidar tanto com emoções difíceis quanto com situações incertas. Vamos também explorar meditações que afrouxam o autointeresse (“eu, meu, minha, mim”) e nos liberam do desespero niilista que às vezes surge diante de tanta coisa dando errado no mundo, destravando uma confiança que não vem de crenças ou discursos abstratos, mas da experiência direta.

A orientação será de Gustavo Gitti e Fábio Rodrigues, com participação das queridas Stela Santin e Lia Beltrão (que traduziu o livro).

Somos capazes de grande desespero, confusão e horror. Mas também somos capazes de nos mover pela vida com graça. Nós estamos tentando encontrar nosso lugar dentro da grande natureza da expressão interdependente, que poderíamos chamar de “a mente em seu melhor momento”. Em um certo sentido, poderíamos dizer que estamos aprendendo a respeitar a nós mesmos, aos outros e ao mundo no qual nos movemos. E o maior respeito que podemos ser capazes de ter por alguém (ou algo) é não supor que sabemos quem ele ou ela é.”

—Elizabeth Mattis-Namgyel

Um livro inteiro sobre interdependência

“Elizabeth Mattis Namgyel nos conduz em uma exploração pessoal do insight mais essencial do Buda: pratityasamutpada — surgimento dependente. Este é um livro corajoso, divertido e envolvente, cheio de visão e coração.”
—Pema Chödrön

Este livro não é o que parece. Na verdade, ele é exatamente sobre isso: as coisas são muito mais dinâmicas do que nossa visão sobre elas. Assim como O poder de uma pergunta aberta, seu primeiro livro, A lógica da fé é uma ode à experiência direta, à atitude curiosa que investiga e questiona.

Após uma aula-prefácio de Thupten Jinpa, Elizabeth Mattis Namgyel começa nos lembrando de que a fé é inseparável de nossa condição humana, pois reflete “o desejo de encontrar tranquilidade em um mundo que não oferece garantias”. E então começa a refinar esse impulso com ceticismo, sem ingenuidade, aplicando a ciência contemplativa à nossa própria experiência cotidiana. Na parte 1 (“O que é que eu sei?”), exploramos como tudo é feito de relações, questionamos certezas e crenças e descobrimos que há vida além das histórias e narrativas que contamos. A parte 2 (“Investigando as coisas”) é inteiramente dedicado a meditações analíticas, pelas quais afrouxamos nosso senso de eu separado — na prática ‘Não faça disso uma coisa”, descobrimos a espantosa diferença entre mapa e território, muito útil para trabalharmos com emoções, crises e situações difíceis. Na parte 3 (“Além da crença e da dúvida”), descobrimos nossas tendências niilistas mais sutis (que explica o sucesso de livros sobre “tocar o foda-se”) e fundamentalistas (a simples sensação do mundo ser como parece para nós). A parte 4 (“Cidadania”) é inteira sobre como podemos agir com compaixão em um mundo que parece não ser consertável. E na parte 5 (“Tradição viva”) somos convidados a olhar profundamente para o nosso caminho, na conexão com as linhagens de sabedoria de nossa família humana.

Elizabeth Mattis-Namgyel está há 35 anos imersa no caminho budista, sob orientação de Dzigar Kongtrul Rinpoche. Com formação em Antropologia, seu aprendizado está ancorado na prática, tendo completado sete anos de retiro solitário. Elizabeth tem especial conexão com o aspecto de sabedoria dos ensinamentos — originação dependente e vacuidade. Como professora budista, oferece palestras e retiros nos Estados Unidos, na Austrália, na Europa e recentemente no Brasil também.

Não tem o livro?

Não há problema algum em começar o estudo conosco sem antes ter feito uma primeira leitura. Ainda assim, sugerimos que você já encomende o seu — e talvez peça mais um para dar de presente.

Aqui está a página de venda no site da Lúcida Letra (com frete grátis!) →

Se preferir, aqui está o livro digital para Kindle →

Vamos enviar um presente pelo correio para cada participante

Assim como fizemos as flâmulas da primavera durante o intensivo SIM, estamos preparando um presente que será enviado para cada pessoa que participar desse estudo. Quatro artistas vão materializar um pouco da sabedoria do livro: Beatriz Reis, Valentina Fraiz, Daniel Gisé e Fábio Rodrigues. A produção cuidadosa será organizada pela Luciana Pinto e envolverá alguns jovens de Alto Paraíso. Contaremos mais em breve!

Convide duas pessoas

Se quiser potencializar seu aprofundamento, sugerimos que você convide duas pessoas próximas para o estudo. Além de ser mais fácil ter alguém próximo imerso nas mesmas práticas e contemplações, nossa transformação só vai se tornar natural e contínua se a rede ao nosso redor mudar também.

É só ligar para a pessoa ou enviar o link para essa página: olugar.org/fe

Quer participar?

Como o estudo é online (em vídeo), pessoas de todos os lugares poderão participar! Serão 14 encontros semanais, sempre às segundas, das 19h30 às 21h30 (horário de Brasília), de 3 de agosto até 26 de outubro de 2020. Não há problema algum se você não puder participar ao vivo: as palestras são gravadas e os vídeos ficam disponíveis em uma página especial junto com materiais de apoio, práticas sugeridas e espaço de relatos.

Esse estudo será integrado às práticas e à comunidade do lugar. A cada semana, além do encontro principal, temos dois horários de meditação ao vivo nas manhãs de silêncio, que são gravadas para você praticar a qualquer momento. Apostamos em continuidade, não em ações isoladas e pontuais. No lugar já estudamos os livros Um coração sem medo, Quando tudo se desfaz, O poder de uma pergunta aberta, Meditação em ação para crianças, Escassez, Felicidade genuína — e depois desse seguiremos com outros estudos. Todos os vídeos desses estudos seguem disponíveis.

Se você já participa do lugar, é só colocar na agenda e relaxar. Se participava, é só voltar.

Se deseja entrar no lugar para participar do grupo de estudo, veja abaixo como funciona. O estudo é mais um dos movimentos que fazemos de modo contínuo para apoiar o florescimento das pessoas.

O que é o lugar?

O lugar é um espaço online para pessoas dispostas a fazer o trabalho (diário, paciente e às vezes sujo) da transformação. Cada pessoa é desafiada a se familiarizar com seu mundo interno e investigar diretamente, colocando à prova da experiência: Como a gente se transforma, pra valer, sem oba-oba ou fogos de artifício, com o pé no chão do cotidiano? O que é felicidade genuína? Como aproveitar os problemas nos relacionamentos, no trabalho, nas finanças, na vida em geral, em um caminho de florescimento humano?

Uma prática por semana, todos juntos

Cada vez mais desconfiamos de ações isoladas e pontuais, de epifanias de fim de semana. Apostamos em continuidade, em praticar e tornar vivo o que já estamos cansados de entender. A cada semana, todos os participantes do lugar se juntam para experimentar uma prática e conversar sobre suas experiências, afinal estamos sofrendo do mesmo adoecimento coletivo: ansiedade, depressão e falta de sentido, ciúme e carência, raiva e competição…

Para você entrar e participar do lugar

Para entrar e participar, o valor é R$ 110* por mês, via cartão de crédito. Se quiser fazer por depósito bancário, clique aqui. Se você fala português, mas não é brasileiro (não tem CPF), escreva para nós: coordenacao@olugar.org

O lugar é uma empresa bem pequena (somos seis: Gustavo, Lia, Eduardo, Murilo, Daniel, Isabella, Fábio e Geovana). Somos sustentados pela generosidade direta dos participantes, que se alegram em apoiar esse trabalho.

A liberação de acesso é imediata e você pode cancelar a qualquer momento. Para entrar via cartão de crédito, clique abaixo.

Quero Entrar

*Se você você sentir que esse valor não se adequa à sua realidade (especialmente se estiver em situação de vulnerabilidade social), não deixe que dinheiro seja um obstáculo. Isso só é possível pela generosidade de todos os participantes atuais. Preparamos uma página especial para você pedir o apoio da comunidade.

É realmente uma alegria poder estudar esse livro em grupo por 3 meses. Todo mundo está convidado! Será um prazer seguir mais junto de você!

A gente vai passar por isso junto

Essa página é restrita aos participantes (entre por aqui se você participa).

Misturar eu e a terra

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Intensivo SIM (2020)

Sonhar o futuro que aspiramos

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É hora de dizer sim!

 “Dizer não às más ideias e aos maus atores simplesmente não basta. O mais firme dos nãos tem de ser acompanhado por um sim ousado e visionário — um plano para o futuro que seja crível e atraente o suficiente para que um grande número de pessoas se movimente para vê-lo realizado.”

—Naomi Klein (no livro “Não basta dizer não”)

Observe a quantidade de tempo que perdemos repercutindo falas absurdas de políticos, memes e hashtags, distraídos por uma enxurrada de desinformação. Sem querer, ficamos impotentes. Deixamos que a notícia do dia sequestre nossas conversas e defina nossos movimentos. Quando os problemas se intensificam, nossa reação habitual é negar, reclamar, nos juntar pela oposição, apontar culpados e inimigos. Isso quando não “ligamos o foda-se” e tentamos só buscar algum sucesso pessoal.

E se a gente começar a afirmar outra coisa? Em vez de apenas combater monstros e problemas, e se olharmos para a nossa própria bondade e criatividade? E se conectarmos ainda mais nossas qualidades positivas, sonhos, visões amplas e comunidades? E se trocarmos desespero por compaixão, medo por alegria?

É hora de retomarmos nossa dignidade. É hora de dizer sim: um outro mundo é possível. Se não deixamos nossa visão ser aprisionada, a vida ser rebaixada e as conversas serem pautadas externamente, somos muito mais poderosos do que parecemos. Como diz Alan Wallace, esse mundo precisa ser chacoalhado. E calhou de ser por nós. Quem mais poderia chacoalhar o mundo?

Tem algo na nossa cara pedindo para ser feito…

Artistas, intelectuais, ativistas, contemplativos, pessoas ao nosso redor com alguma lucidez… Todo mundo está tentando falar que é hora de desbloquear nossa imaginação, sonhar utopias, reforçar qualidades, redes compassivas de autoorganização e movimentos visionários.

Reunimos várias falas recentes que ressoam a visão do “Sim”. Olhe como isso surge por todo o lado, sempre apontando na mesma direção:

“A cada declaração, a cada ministro, a cada indício de corrupção amontoam-se mais gritos. É necessário reagir. Mas só reagir é exaustivo. Como o espaço público está saturado de gritos, a reação se esgota em si mesma. Numa época em que se vive de espasmo em espasmo, cada vez mais rápidos, o que parece movimento com frequência é paralisia. A paralisia do tempo da velocidade cria a ilusão de movimento exatamente porque é feita de espasmos. Como parar de apenas reagir e se mover com consistência, estratégia e propósito?”
—Eliane Brum

“Meu conselho para nós agora, nessa confusão do Brasil, é ficar muito atento para as ações positivas e focar, jogar muita luz, potencializar o que formos encontrando de falas e ações positivas.”
—Clarice Niskier (em uma fala para 400 mulheres no Paulistanas 2019)

Você não muda as coisas lutando contra a realidade atual. Para mudar algo é preciso construir um modelo novo que tornará obsoleto o modelo existente.”
—Buckminster Fuller

“Estamos com um déficit de imaginação do que é possível manifestarmos nessa vida.”
—Tim Olmsted

“Ao desejarmos algo que não temos, buscamos no oceano das possibilidades, no reino do possível, algo que ainda não é realidade mas que poderia ser – desejos, ideais, aspirações. Algo que ainda não está presente a não ser no reino das possibilidades. Mas a realidade não consiste apenas de fatos; a realidade consiste também de possibilidades. Se não fosse assim, nada nunca mudaria. Teríamos sempre apenas os fatos.”
—Alan Wallace

“Além do medo, do ódio e da melancolia paralisantes, há outros afetos que podemos fazer circular. E pra isso será necessária uma confiança enorme naquilo que a nossa imaginação pode criar. Nossa imaginação foi bloqueada.”
—Vladimir Safatle (em uma fala no vão da Faculdade de História da USP)

“Como o futuro é ilimitado e os seres sencientes são incontáveis, nossas aspirações podem também ser ilimitadas. Com essa atitude, podemos atravessar qualquer problema, porque podemos fazer tirar os limites de nossas aspirações e projetá-las até que o problema se resolva. Isso torna inabalável a nossa resolução de nos estendermos o quanto for necessário. Quando nossas aspirações são vastas como o céu e se estendem até o tempo em que todo o sofrimento cessa, nós não ficaremos desapontados ou frustrados se não enxergarmos resultados imediatamente ou mesmo num futuro próximo.”
—Sua Santidade o 17º Karmapa (no livro “Interconnected”)

“Poucas pessoas
fazendo coisas simples
em lugares pequenos
conseguem mudar a face da Terra.”
(Provérbio africano)

“A gente está desamparado. E não tem como resolver o desamparo só com uma narrativa correta, só com um discurso legal, só com uma figura pública que sonhamos poder resolver todos os nossos problemas. Superar o desamparo passa por ação coletiva, passa por identificar todos os problemas e pautar soluções. E tem de conversar e compreender de onde essas contradições estão vindo. Tudo isso em tem a ver com organização. […] Todo mundo fala a mesma coisa: a tem que se organizar. Eu entendo de onde vem a rejeição, mas a gente não vai conseguir consertar as coisas somente reclamando no Twitter, cobrando que o outro conserte para a gente. Essa carência que estamos sentindo é fruto de nossa própria desorganização.
—Sabrina Fernandes

“No Brasil do pós-2013, infelizmente, a gente sonhou muito, mas fomos sequestrados pelo ódio nos organizamos em torno do “não”. “A gente é contra”, “A gente odeia”, “Contra tudo e contra todos”… Não estou dizendo que essas coisas não tiveram valor, mas não conseguimos construir. Sacou? Acho que não conseguimos alcançar a maturidade que o pós-luta exigia.”

“Eu acho que o ódio, como estratégia, falhou. O ódio como estratégia foi que trouxe a gente até aqui. A gente só vai conseguir construir algo se a gente conseguir fazer uma coalizão. Em torno do “sim”, em torno de “OK, vamos construir isso”. E a gente não está falando sobre construção…”

“O que eu acho que a gente tem que fazer nesse momento é recuperar a calma, que é a primeira coisa que nos roubaram. A rotina é muito corrida e precisamos sempre estar nos virando para conseguir dinheiro. Sem calma, ninguém pensa direito. Nesse sentido, eu acho que a serenidade é revolucionária. Sabe aquele momento em que você tretou com alguém porque estava com a cabeça quente e depois de um tempo pensou de maneira diferente sobre a situação? Quero fazer com que as pessoas pensem direito. Várias pessoas, que no fundo concordam entre si, estão brigando.”

—Emicida

SIM – Intensivo online de práticas e sonhos para abrir 2020

Aproveitando o clima de começo de ano, convidamos Elizabeth Mattis-Namgyel, Ailton Krenak, Reinaldo Nascimento e Joan Halifax para nos orientar por quatro semanas de estudo e prática. Será online, com participantes de todo canto do Brasil e de outros países. E vamos materializar essa visão em um presente especial que em breve pode estar em sua casa.

Veja como será e comece o ano praticando junto conosco.

SIM – Intensivo online de práticas para abrir 2020

Arte de Fábio Rodrigues

 “Dizer não às más ideias e aos maus atores simplesmente não basta. O mais firme dos nãos tem de ser acompanhado por um sim ousado e visionário — um plano para o futuro que seja crível e atraente o suficiente para que um grande número de pessoas se movimente para vê-lo realizado.”
—Naomi Klein (no livro “Não basta dizer não”)

Observe a quantidade de tempo que perdemos repercutindo falas absurdas de políticos, memes e hashtags, distraídos por uma enxurrada de desinformação. Sem querer, ficamos impotentes. Deixamos que a notícia do dia sequestre nossas conversas e defina nossos movimentos. Quando os problemas se intensificam, nossa reação habitual é negar, reclamar, nos juntar pela oposição, apontar culpados e inimigos. Isso quando não “ligamos o foda-se” e tentamos só buscar algum sucesso pessoal.

E se a gente começar a afirmar outra coisa? Em vez de apenas combater monstros e problemas, e se olharmos para a nossa própria bondade e criatividade? E se conectarmos ainda mais nossas qualidades positivas, sonhos, visões amplas e comunidades? E se trocarmos desespero por compaixão, medo por alegria?

É hora de retomarmos nossa dignidade. É hora de dizer sim: um outro mundo é possível. Se não deixamos nossa visão ser aprisionada, a vida ser rebaixada e as conversas serem pautadas externamente, somos muito mais poderosos do que parecemos. Como diz Alan Wallace, esse mundo precisa ser chacoalhado. E calhou de ser por nós. Quem mais poderia chacoalhar o mundo?

Aproveitando o clima de começo de ano, convidamos Elizabeth Mattis-Namgyel, Ailton Krenak, Reinaldo Nascimento e Joan Halifax para nos orientar por quatro semanas de estudo e prática. Será online, com participantes de todo canto do Brasil e de outros países. E vamos materializar essa visão em um presente especial que em breve pode estar em sua casa.

Veja abaixo como será e comece o ano praticando junto conosco.

Convidamos grandes seres para sonhar conosco e sugerir práticas

Elizabeth Mattis-Namgyel está há 35 anos imersa em práticas contemplativas budistas, sete deles em retiro fechado, sob orientação de Dzigar Kongtrul Rinpoche. Ela tem formação em antropologia e mestrado em estudos budistas. Seus dois livros foram publicados no Brasil: O poder de uma pergunta aberta (que estudamos coletivamente no lugar por 17 semanas) e A lógica da fé (sobre interdependência, que pretendemos estudar em breve).

Ailton Krenak é escritor, uma das maiores lideranças do movimento indígena e um grande pensador brasileiro. Nasceu na região do Vale do Rio Doce, um lugar cuja ecologia se encontra profundamente afetada pela atividade de extração mineira. Seu inesquecível discurso na Assembleia Constituinte, em 1987, quando pintou o rosto com a tinta preta do jenipapo para protestar contra o retrocesso na luta pelos direitos indígenas, foi decisivo para o reconhecimento dos direitos indígenas na Constituição Federal. É professor doutor Honoris Causa pela UFJF. Além de O lugar onde a Terra descansa (2000), seu livro Ideias para adiar o fim do mundo foi publicado em 2019.

Reinaldo Nascimento é terapeuta social, educador físico e psicopedagogo. Ajuda crianças e jovens a superarem traumas provocados por situações extremas, como guerras e desastres naturais, através da arte e do brincar. É cofundador da Associação da Pedagogia de Emergência no Brasil, membro e coordenador pedagógico das intervenções do time internacional. Em 2012, esteve no Quênia, trabalhando num abrigo para 80.000 refugiados. Esteve também nas Filipinas e no Líbano (2013), na Faixa de Gaza (2014), no Nepal e na França (2015), no Equador (2016), no México e em Janauba – MG (2017), na queimada da Califórnia nos EUA (2018), em Moçambique e em Brumadinho (2019), e no Iraque (anualmente de 2014 a 2017). Reinaldo ajudou a criar e orienta a Escola de Resiliência Horizonte Azul, em SP. Além de oferecer cursos e palestras, trabalha na formação de professores e educadores no Brasil e por todo o mundo.

Roshi Joan Halifax é uma extraordinária professora zen budista, doutora em antropologia e uma das pioneiras no trabalho com a morte e o morrer. Ela é a fundadora e a abade do Upaya Institute and Zen Center, em Santa Fe (EUA), de onde falará conosco. Dirige o programa Being with Dying e fundou o Upaya Prison Project e o Nomads Clinic. Foi aluna de Seung Sahn e recebeu transmissões de linhagem de Thich Nhat Hanh e de Roshi Bernie Glassman. Com 77 anos, tem mais de quatro décadas de experiência em práticas contemplativas e um natural engajamento social. Seus livros mais recentes são Presente no morrer e Standing at the edge.

Focos de cada semana

Na primeira semana, com Elizabeth Mattis-Namgyel, vamos ampliar nossa visão de quem somos e do quanto podemos nos transformar. Como aumentar nossa curiosidade diante de situações complexas? Como fazer da sabedoria uma experiência viva e praticável a qualquer momento? “Meditação” é o que achamos que é? É mesmo possível liberar o sofrimento? O que seria “despertar” ou “se iluminar”? Como entender e se empoderar do caminho espiritual, sem ficar tão refém de técnicas isoladas?

Na segunda semana, com Reinaldo Nascimento, vamos ouvir histórias de crianças e jovens que atravessaram o sofrimento para evidenciar um processo que precisamos fazer dentro de nós e por todo o tecido social do Brasil: reconhecer o trauma, a ferida, a desconfiança generalizada diante de tanta violência e ativar nossos sonhos, nosso potencial de ação, de alegria, de brincadeira, de seguir livres. Como ele diz, “no fim das contas, é sobre retomar a confiança no outro”. Vamos também fazer a pergunta que mais surge entre os participantes do lugar: como é essa atitude que vê tanto sofrimento e consegue ficar ali sem surtar, sem fugir, sem se dopar… Como ficar em meio ao sofrimento e trazer benefícios?

Na terceira semana, com Ailton Krenak, queremos fazer ressoar vozes que precisam ser ouvidas por todos, além de gerarmos mais interesse pela atitude dos povos originários. O que não podemos ignorar se quisermos oferecer um futuro para as crianças e para as próximas gerações? Como podemos habitar a Terra de forma mais digna e realista? Quais processos podem curar nossa desconexão com a natureza e evitar ainda mais exploração, crescimento e destruição?

Na quarta semana (e esse é só o começo), com Roshi Joan Halifax, vamos aprender sobre a possibilidade de ficarmos abertos para transformar sofrimento em energia de ação. Precisamos de esperança para transformar o mundo? Qual a fonte do destemor para que possamos ser mais ousados e criativos? Como exercitar nossa imaginação e desbloquear nossa capacidade de sonhar? O que são bodisatvas e como gerar essa atitude de tomar a responsabilidade pelos outros?

A mediação das perguntas dos participantes será de Gustavo Gitti, de Fábio Rodrigues e de Polliana Zocche. Nos encontros com Elizabeth Mattis-Namgyel e Joan Halifax, haverá tradução consecutiva da querida Jeanne Pilli, não se preocupem.

Uma flor para você!

“Eu queria que as pessoas olhassem para as plantas nascendo de novo, porque é fascinante admirar o ciclo da vida.”
—Emicida

“Quando a lucidez se apresenta, ela não se apresenta pela força, ela se apresenta como flor.”
—Lama Padma Samten

“A hora de florescer é agora.”
—Patti Smith

Essa é uma visão muito poderosa para ser apenas “estudada”. Precisamos praticá-la, torná-la viva. Então por que não materializá-la? Para realmente proclamar um grande “Sim, um outro mundo é possível!”, podemos colocar algo em nossas casas e abri-las mais e mais à nossa comunidade. É um jeito de nascermos uns aos outros como agentes afirmadores da vida e da dignidade humana.

Para isso, está nascendo uma flâmula serigrafada em tecido com tingimento natural, produzida por jovens que participam de um projeto de capacitação e geração de renda, em Alto Paraíso de Goiás, em parceria com o Instituto Caminho do Meio, o Instituto Maanaim e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. As fotos abaixo são da querida Luciana Pinto, que está coordenando o trabalho.

A arte é de Fábio Rodrigues, artista e também um dos coordenadores do lugar, com base em ensinamentos de Lama Padma Samten e Kazuaki Tanahashi, que remontam ao mestre Dogen: a flor como símbolo da transformação da visão, inseparável da transformação do mundo. Fábio está criando a partir da contemplação do jacatirão, do manacá, da quaresmeira (Tibouchina), pois estão por quase todo o Brasil. São plantas pioneiras, ou seja, uma das primeiras espécies a surgir em uma área degradada que começa a se regenerar. Bem o que precisamos, não? Elas nascem entre dezembro e março, então o auge da floração será no tempo em que estivermos juntos durante o intensivo.

Ao participar do intensivo online e pendurar essa flâmula em sua casa, você apoiará um projeto de capacitação de jovens em Alto Paraíso. Essa é uma ação minúscula num mundo que precisa de tanto mais… Porém, é com experimentos pequenos assim que a gente aprende a reconhecer a força já existente em redes compassivas que muitas vezes passam despercebidas.

Vamos enviar pelo correio uma flâmula serigrafada para 700 pessoas: 300 para as primeiras pessoas que entrarem no lugar para participar do intensivo; e 400 para as pessoas que já participam e quiserem receber.

Não adianta pedir agora! Vamos abrir um formulário no ano que vem. Estamos contando mais para você acompanhar e se alegrar. E, claro, se quiser já começar a participar do lugar para se ambientar antes do intensivo, será um prazer.

Quando e como

Quando: de 26 de janeiro a 17 de fevereiro de 2020. O encontro de abertura acontecerá domingo, das 19h30 às 21h, para que a Jeanne Pilli possa traduzir. Os encontros seguintes acontecem às segundas, das 19h30 às 21h30 (horário de Brasília). Não há problema algum se você não conseguir acompanhar ao vivo. As palestras serão gravadas e os vídeos ficarão disponíveis em uma página especial junto com textos de apoio, práticas sugeridas e espaço de relatos.

Como: a cada semana, teremos uma palestra online de cerca de duas horas (gravada e disponível na íntegra a qualquer momento), um texto de apoio e uma prática para experimentarmos coletivamente. Depois dessas quatro semanas, vamos seguir assim por todo o ano, com outras práticas coletivas, meditações guiadas e ciclos de estudos, toda semana.

É por isso que a participação no intensivo é inseparável da participação no lugar. Para alguns, esse intensivo será algo pontual — com começo, meio e fim. Para outros, servirá de pontapé para processos que vamos aprofundar e colocar mais e mais em prática em nossas vidas, de modo contínuo e coletivo, durante meses ou anos.

Quer participar do intensivo?

Para participar do intensivo, basta entrar no lugar (veja abaixo como funciona).

Se você já está no lugar, está automaticamente dentro do intensivo, é só relaxar e esperar. O intensivo é mais um dos movimentos que fazemos de modo contínuo para apoiar o florescimento das pessoas (como manhãs de silêncio, práticas semanais e grupos de estudos).

E se lembrar agora de uma pessoa querida que poderia se interessar e se beneficiar, passe esse link para ela: olugar.org/sim

O que é o lugar?

O lugar é uma comunidade online para pessoas dispostas a fazer o trabalho (diário, paciente e às vezes sujo) da transformação. Cada pessoa é desafiada a se familiarizar com seu mundo interno e investigar diretamente, colocando à prova da experiência: Como a gente se transforma, pra valer, sem oba-oba ou fogos de artifício, com o pé no chão do cotidiano? O que é felicidade genuína? Como aproveitar os problemas nos relacionamentos, no trabalho, nas finanças, na vida em geral, em um caminho de florescimento humano?

Uma prática por semana, todos juntos

Cada vez mais desconfiamos de ações isoladas e pontuais, de epifanias de fim de semana. Apostamos em continuidade, em praticar e tornar vivo o que já estamos cansados de entender. A cada semana, todos os participantes do lugar se juntam para experimentar uma prática e conversar sobre suas experiências, afinal estamos sofrendo do mesmo adoecimento coletivo: egoísmo, ansiedade, depressão, falta de sentido, desconexão, ciúme, carência, raiva, competição…

Para você entrar e participar do lugar

O valor para entrada é R$ 88 por mês*, via cartão de crédito. Se quiser fazer por depósito bancário, clique aqui. Se você fala português, mas não é brasileiro (não tem CPF), escreva para nós: coordenacao@olugar.org

O lugar é uma empresa bem pequena (somos seis: Gustavo, Polliana, Eduardo, Isabella, Fábio e Geovana). Somos sustentados pela generosidade direta dos participantes, que se alegram em apoiar esse trabalho.

A liberação de acesso é imediata e você pode cancelar a qualquer momento. Para entrar via cartão de crédito, clique abaixo.

 

Quero Entrar

 

*Se você você sentir que esse valor não se adequa à sua realidade (especialmente se estiver em situação de vulnerabilidade social), não deixe que dinheiro seja um obstáculo. Isso só é possível pela generosidade de todos os participantes atuais. Escreva para nós: coordenacao@olugar.org

Nos vemos no lugar. Será um prazer seguir mais junto de você!

Estudos e ciclos

Agenda 2023

Pessoal, seguem as principais atividades (sempre online!) que vamos oferecer a todas as pessoas que participam do lugar, de vários estados do Brasil e também de outros países. Aproveite como puder!

Para além dos ciclos maiores, temos encontros ao vivo e práticas em todas as semanas do ano, então você pode começar a participar a qualquer momento. E caso tenha interesse em ciclos passados, saiba que ao entrar você terá acesso a todas as gravações – há pessoas explorando estudos de 2017, por exemplo, até hoje!

Fim de nosso segundo encontro com Ailton Krenak — estávamos em 300 pessoas ao vivo!

Fevereiro e março: Intensivo SIM

O SIM é nosso intensivo online para imaginar outro mundo. Será a quarta edição, dessa vez com a presença de Eliane Brum, Ailton Krenak, Sensei Kritee Kanko, Zenju Earthlyn Manuel, Geni Núñez e Emersom Karma Kontchog. Já tivemos o primeiro encontro, mas ainda dá tempo de participar: olugar.org/sim

Maio e junho: ciclo sobre o poder da comunidade

Nosso segundo ciclo temático normalmente dura de seis a oito semanas no fim do primeiro semestre, como fizemos com “Mãos e olhos da compaixão” (2020) e “Vida e morte” (2021). Em 2022, provavelmente vamos explorar o poder da comunidade, também com diversos convidados.

De agosto a novembro: nosso estudo anual!

Nos últimos quatro anos, mais de 1000 pessoas de todos os estados do Brasil e de 20 países estudaram juntas os livros Um coração sem medo (Thupten Jinpa), O poder de uma pergunta aberta e A lógica da fé (Elizabeth Mattis-Namgyel), Quando tudo se desfaz (Pema Chödrön) e À beira do abismo (Roshi Joan Halifax). Dessa vez, vamos nos debruçar por 15 semanas em um novo livro, ainda a ser definido.

Dezembro

No fim do ano, costumamos organizar um ciclo menor, de 3 ou 4 semanas. Em 2021, por exemplo, exploramos as práticas principais do livro Quando tudo se desfaz, de Pema Chödrön, e em 2020 mergulhamos na fala de Ailton Krenak no SIM, que virou o livreto Radicalmente vivos.

Manhãs de silêncio

Seguimos em comunidade todos os dias com as manhãs de silêncio: de domingo a domingo, das 8h às 9h, nos encontramos em cerca de 100 pessoas ao vivo. Fazemos meditações guiadas e sessões silenciosas, alternando entre práticas de repouso, clareza e compaixão. As principais práticas são gravadas e ficam disponíveis para quem deseja meditar em outros momentos.

Ilustração de Valentina Fraiz durante nosso ciclo sobre shamatha em 2019

Rodas do laboratório de auto-organização

Não há vida sem os outros. Eu acredito que uma das maiores perdas da vida moderna é essa nossa sensação de que não existe uma comunidade coerente. Nós pertencemos uns aos outros. Nós realmente precisamos compreender e vivenciar isso. Quando não nos sentimos em comunidade, nossa vida é solitária, quebrada, isolada, sem apoio e sem amor. A vida é a experiência de participar de tudo.”
Roshi Joan Halifax (no ensinamento sobre bodicita que nos ofereceu no ciclo “Mãos e olhos”)

Encontros para a comunidade sonhar e se mobilizar, como um desdobramento natural de tudo o que estamos estudando. O laboratório atual de transformação social se chama “Pensamento profundo, ação eficaz”.

Ciclos recentes para você explorar a qualquer momento

Todos os estudos, ciclos e intensivos que já fizemos seguem inteiramente disponíveis para quem entrar no lugar agora. Cada página especial inclui gravações dos encontros, as principais meditações guiadas que fizemos a cada semana nas manhãs de silêncio, práticas sugeridas, referências de aprofundamento e relatos dos participantes. Há participantes refazendo ou fazendo pela primeira vez estudos de 2017, 2018 e 2019, por exemplo.

O lugar existe desde 2013. Aqui estão apenas os ciclos que fizemos em 2021 e em 2020:

Continuidade ao longo de todo o ano

Durante todo o ano, seguimos toda semana com: conversa ao vivo sobre a prática da semana (como parte ou não de um ciclo maior), conversas no fórum, rodas de auto-organização da comunidade e manhãs de silêncio.

Quer participar?

Se quiser participar de tudo isso, basta entrar na comunidade do lugar.

Um grande abraço e seguimos!

Quem somos

O lugar é uma comunidade e um processo, não um grupo fixo. Ainda assim, nada disso existiria sem as mais de 6 mil pessoas que participam ou em algum momento se beneficiaram do que já oferecemos desde 2013. Como não dá para listar cada pessoa, deixamos aqui quem mais cuida do espaço.

Gustavo Gitti é coordenador do lugar e professor de TaKeTiNa. Seu site é www.gustavogitti.com

Fábio Rodrigues é coordenador do lugar, tutor no CEBB Joinville, professor do programa Cultivating Emotional Balance, artista visual, pai do Pedro. Seu site é artecontemplativa.com

Eduardo Amuri é coordenador do lugar. Investiga a relação das pessoas com o dinheiro e oferece inteligência financeira com uma abordagem humana e pé no chão. Seu site é amuri.com.br

Lia Beltrão é jornalista interessada na interseção entre mundo interno e ativismo, entre trauma e transformação coletiva. É produtora editorial da revista Bodisatva e facilitadora do Trabalho Que Reconecta.

Isabella Ianelli é pedagoga, especialista em arte-educação, com formação em cinema pelo método Fátima Toledo. É professora do programa Cultivando o Equilíbrio Emocional e criadora do curso das emoções. Seu site é isabellaianelli.com.br

Geovana Colzani estudou marketing, é professora de Yin Yoga e se interessa por arte e por práticas de corpo que apoiem a meditação e facilitem olhar para o mundo interno. Seu site é geovanacolzani.com

Daniel Cunha é jornalista, professor do programa Cultivando o Equilíbrio Emocional e um dos criadores do podcast Coemergência.

Murillo Antonini estudou administração e se interessa por práticas contemplativas.

Polliana Zocche é doutora em biologia. Tem interesse pela ecologia do mundo e ecologia da mente e vem explorando isso com o Trabalho Que Reconecta.

Agradecimentos

Nosso maior agradecimento é para os seres sublimes que mantém vivas as grandes tradições de sabedoria da humanidade, fonte de tudo o que tentamos estudar e praticar. A lista é inumerável, mas citamos alguns professores e professoras cruciais na interdependência indireta sem a qual nada disso seria possível: Sua Santidade o Dalai Lama, Lama Alan Wallace, Lama Padma Samten, Mingyur Rinpoche, Roshi Joan Halifax, Kazuaki Tanahashi Sensei, Ven. Tenzin Chokgyi, Ailton Krenak, Joanna Macy, Lama Elizabeth Mattis Namgyel, Thupten Jinpa, Matthieu Ricard, Tim Olmsted, Jetsunma Tenzin Palmo e Pema Chödrön.

O lugar não existiria sem as mais de 6 mil pessoas que participam ou em algum momento participaram de tudo o que já oferecemos desde 2013.

E também agradecemos pelo apoio que recebemos de Guilherme Valadares, Ana Claudia Quintana Arantes, Vítor Barreto, Jeanne Pilli, Stela Santin, Alessandra Granato, Cristiano Ramalho, Suely Mesquita, Marcos Bauch, Luciano Ribeiro, Luiza de Castro, Ana Higa, Denìlson Lacerda, Elder Martins, Rafael Peron, Fabio Valgas, Roberto Sampaio, Jeanne Pilli, Henrique Lemes, Felipe Giannella, Alberto Brandão, Felipe Junqueira, Thiago Toyama, Tiago Ohara, Cleyton Messias, Lucas Pedrucci, Frederico Mattos, Arildo Dias, Conrado De Biasi, Raquel Trofino, Eduardo Janin, Gracco Guimarães, Jonathan Batista, Gustavo Santana, Juliano Manetta, Rafael Monteiro, Tiago Xavier, Walmar Andrade, Adelia Maria Ribeiro, Gus Fune, Silvia Strass, Maria Eugenia Bouguson, Ana Thomaz, Fernando Leão, Manoel Morgado, Raquel Oliveira, Eduardo Pinheiro, Reinaldo Nascimento, Eve Ekman, Gustavo Mini, João Vale, Cemil Uylukçu, Gil Eanes Vivekananda, Arthur Ervas e mais uma galera que certamente esquecemos…

Para falar diretamente conosco: coordenacao@olugar.org